quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Republicando... outra vez!

Nenhum poema
hoje
Nenhuma inspiração
desde ontem
Nenhum plano concreto
para amanhã
O tempo
desafia
minha serenidade
minha sanidade
O tempo
ao mesmo tempo
instiga
minha curiosidade
minha intempestiva
vontade
Então divago
procuro as palavras
escrevo
exorcizo meus demônios

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Reality Show

Depois da minha novela “Páginas de Dívidas”, parece que entrei no reality show “O Aprendiz”. Ontem, ouvi a célebre frase de Roberto Justus: você está demitida!

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Na falta de palavras...

Sem muita inspiração para escrever, esses dois me enchem a mente e o coração com belas palavras...

Alegria, realização, saúde, amor, inocência, plenitude, confiança...


Intensidade, razão, motivação, ternura, esperança, milagre, futuro.

E aí, como sempre digo e repito... tudo fica completo e perfeito.

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Mães guerreiras

Todos sabem que chamo o Yuri de meu príncipe e o Caio de meu guerreiro. Alguns amigos generosos dizem que guerreira sou eu. E é verdade. Cuido da casa pela manhã e à noite; trabalho fora à tarde (uso três conduções para chegar no meu emprego); carrego o Caio para baixo e para cima penando em ônibus e metrôs para cumprir à risca seus tratamentos médicos; toda quarta-feira (sempre morta de cansaço), após servir o jantar, lavar a louça e pôr o bebê para dormir, ajudo o Yuri com as lições da escola; canto e conto estórias para meus filhos; acordo de madrugada para ver se eles estão cobertos.

Eu sou uma guerreira. Mas não sou a única.

Penso na Andressa e numa colega de trabalho que está tentando a fertilização in vitro – a primeira não deu certo. Mães guerreiras que lutam pelo sonho de ter um bebê nos braços. Lembro da Pati, guerreiríssima, reconstruindo a vida no Brasil, junto ao marido e às duas filhas, quando um pedaço do seu coração, a Caprice, está do outro lado do planeta. Revejo uma foto com o sorriso doce da Ísis, lutando desde agora para se informar, conversar, aprender a ser uma excelente mãe para seus futuros filhos.

É incrível a força que gerar um filho traz a uma mulher. Na maioria das vezes, basta o simples desejo de uma gravidez para que ela se sinta capaz de transpor as mais árduas barreiras.

No contraponto da mulher moderna (que afinal de contas, somos), ter e educar filhos ainda é função das mais apaixonantes e instigantes, repleta de desafios, dores, conquistas. Respondemos à multiplicidade de tarefas assumidas por nós, as verdadeiras chefes do lar. Mas na carona desse movimento, nossas aspirações e realizações com maternidade ainda ocupam um espaço fundamental em nossas vidas.

Eu acho a maternidade soberana. Hoje mesmo, deixei o Caio mais cedo na fisioterapia e vim para Porto Alegre resolver assuntos de meu exclusivo interesse pessoal, defendo meus sonhos de realização profissional. Mas ainda que eu tenha grandes projetos pessoais pra realizar, os maiores já coloquei no mundo, os meus filhos.

Matamos um leão por dia para conciliarmos vida profissional, familiar, sexual e nossa individualidade. Mas se encontramos energia para seguir firmes na batalha é porque repousa em nossos corações, as fontes inspiradoras para tanta luta. São nossos filhos que nos fazem levantar o estandarte das mães guerreiras que somos todos os dias.

P.S. Impossível citar todos os nomes, mas acredito piamente que toda a mulher que planeja pôr um filho no mundo é uma guerreira.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

A novela da minha vida (ou: mantendo o bom humor)

Algumas pessoas dizem que sua vida daria um livro. Ou um filme. A minha está mais para novela.
E se chamaria Páginas de Dívidas.

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Um texto para refletir...

Sem muito assunto nem inspiração para escrever (o exame do Caio só fica pronto na quinta, ele e o Yuri estão gripados, estou entediada no trabalho...), e pensando em coisas que eu e as gurias do Mothern conversamos às vezes - sobre o tempo que podemos dar a nossos filhos, sobre como eles crescem depressa, publico um texto que adoro, do Affonso Romano de Sant'anna. Se chama Crônica para os Pais.

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos.
As crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados. Crescem sem pedir licença à vida.
Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas, não crescem todos os dias de igual maneira. Crescem de repente.
Um dia, sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
Aonde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu?
Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do maternal?
A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você quer que ela não apenas cresça, mas apareça!
Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes sobre patins e cabelos longos,soltos... E lá estão nossos filhos com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros.
Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos.
Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas.
Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô.
Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas.
Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores.
Não os levamos suficientemente ao parque, ao shopping, não lhes compramos todos os sorvetes que gostaríamos.
Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.
No princípio, subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscina e amiguinhos.
Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim.
Depois, chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os namorados.
Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes".
Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito (nessa hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a rezar) para que eles acertem nas escolhas em busca de felicidade.
E que a conquistem do modo mais completo possível.

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Republicando – mais uma poesia minha

Meus poemas
não se enquadram em formalidades
Minha métrica
não é nada ortodoxa
Meus poemas
são apenas idéias
medidas na minha (in)consciência
Meus versos
são meras versões
de mim mesma...

terça-feira, 15 de agosto de 2006

A vida como ela é

Assisto Páginas da Vida. Normalmente é o meu momento de descanso físico e mental, quando deito na cama para brincar e conversar com meus filhos, com a TV ligada. A novela está num ritmo um tanto lento, tem exageros, furos, etc. Mas é impossível não se chocar com o comportamento da Marta (vivida brilhantemente pela Lília Cabral), como a mãe e agora avó (dá para chamá-la assim?) fria, insensível, preconceituosa.

As palavras que ela usa desde que soube que a neta era portadora da síndrome de Down – bebê com defeito, retardada, estorvo... – são de uma estupidez e até mesmo de uma burrice que agridem. Mas o pior de tudo é que isso acontece fora dos estúdios da Globo. Isso acontece na vida da gente.

Mães rejeitam filhos doentes – física ou mentalmente. Mães abandonam até mesmo bebês saudáveis, porque os vêem como sinônimo de estorvo, como a personagem da novela das oito. Mães agridem física e moralmente seus filhos, exploram-nos no trabalho infantil, são coniventes em casos de abuso sexual que na maioria das vezes ocorre dentro de casa. E eu pergunto: que mães são essas? Pior ainda, que ser humano é esse?

Quando o primeiro pediatra (Dr. Diego, um dos melhores profissionais que nos atendeu durante todo o período de Neonatal) falou que o Caio estava com uma meningite forte e gravíssima, ele me disse que talvez ele não conseguisse sobreviver; que talvez ele sobrevivesse e ficasse completamente vegetativo; mas que ele também teria possibilidades de se desenvolver apropriadamente, e que minha postura frente a tudo isso poderia fazer toda a diferença. Eu respondi que aceitaria o que fosse, com uma única condição: queria meu filho vivo, de qualquer maneira. Pedi ao Dr. Diego que salvasse meu filho, porque do resto eu daria conta. Quem acompanha nossa história sabe que tenho meus momentos de fraqueza e cansaço. Meu guerreiro tem um desenvolvimento motor e intelectual mais lento que a maioria das crianças (exatamente como a médica Helena explicou à avó imbecil na novela), tem baixa imunidade que justifica uma série de acompanhamentos médicos (pediatra, neurologista, pneumologista, fisioterapeuta, neurocirurgião). Mas não existe um único dia em minha vida que eu não agradeça por ele estar vivo, por ele ser meu filho.

As novelas há muito deixaram de ser ficção para serem um espelho da nossa sociedade. Se existem personagens escrotos, de mau caráter, insensíveis, é porque infelizmente convivemos com pessoas assim todos os dias. Quando engravidei a primeira vez, ouvi uma crítica do tipo “que pessoa tem coragem de colocar uma criança nesse mundo tão louco?”. Acho que uma pessoa que ainda quer acreditar que o ser humano tem seu valor e que podemos sim, transformar o mundo em que vivemos num lugar melhor. Uma pessoa que sabe que a vida tem sua dureza, mas que existem páginas em branco para serem escritas. Nossa consciência e a forma de educar nossos filhos – com amor, responsabilidade e cidadania podem fazer toda a diferença nos próximos capítulos. Afinal, são eles os autores do amanhã.

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Salada de Frutas

Sem ter o que falar especificamente, e querendo compartilhar várias impressões sobre assuntos variados, criei essa nova "seção" no blog. Espero que gostem.

Agenda cheia: Levei o Caio no pneumo hoje, ele indicou um exame chamado PHmetria para ter certeza se ele tem refluxo ou não. Faremos quarta-feira que vem no Hospital São Lucas da PUC. Segunda, temos neuropediatra.

Vaidoso e lindo: Eu estava há 10 dias tentando fazer o Yuri cortar o cabelo e ele não queria, estava planejando deixá-los crescer (!). Mas ontem, às vésperas da apresentação do Dia dos Pais na escola, resolveu cortar para ficar bonito. E ficou lindo! Segunda publico fotos do novo visual.

O guerreiro e o berreiro: O Caio não dorme mais que duas noites seguidas sem alternar com um choro intenso madrugada adentro. Nos últimos 30 dias não sei o que é dormir mais que 4-5 horas por noite. O refluxo e uma possível esofagite são explicações plausíveis para o choro, uma vez que os demais exames estão OK.

O sono dos justos: Meu colchão tinha 10 anos de uso. Estava virado numa “canoa”. Me programei para comprar um novo esta semana. Pensei em gastar 400, 500 reais. Me apaixonei por um que custava mais que o dobro. Levei. O Sandro me perguntou: “De que adianta comprar o colchão mais caro da loja se a gente não sabe mais o que é dormir?”. É de rir ou de chorar? Hoje, prefiro rir.

Dando a cara a tapa: Era um projeto antigo. Eu queria me inscrever num concurso de poesias no ano que engravidei do Caio. No ano que o Caio nasceu. Nunca dava. Esse ano deixei de adiar meu delírio pessoal. Me inscrevi oficialmente ontem.

O apaixonado: Dia desses eu comentava com uma amiga que o Yuri sempre “se apaixona” pelas colegas loiras. Ele prontamente rebateu: “Ah, isso é agora que eu ainda sou criança. Quando eu crescer, eu não sei quem meu coração vai escolher pra amar de verdade”.

Vocabulário: A última é o Caio tentando dizer “vó” e falando “bombom” cada vez que enxerga um chocolate.

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Amor crescente 2

“Na verdade sinto saudade dos meus filhos pequenininhos pela emoção que sentimos ao ver uma mãozinha minúscula, um sapatinho, as primeiras palavras, as evoluções, o milagre da natureza que é uma criança pequena. Mas nada supera os seres pensantes que vamos descobrindo ter em casa e a construção dessa relação. Quando vejo o bebê de um amigo, acabo sempre dizendo a mesma coisa: "Se você tá encantado agora, espera só até ele começar a dizer o que pensa". O mundo se abre! Meu Deus, é uma pessoa! E uma relação pra toda a vida.

Um belo dia toca o seu celular e você ouve do outro lado um sonoro mamãe te perguntando alguma coisa. Ele telefonou pra você sem a ajuda de ninguém. Você não fala mais com ele mastigando as palavras e, quando percebe, tem um amigo. Um menino de 6 anos que, às vezes, com muito humor, tira uma de você. No outro dia, ao entrar no carro, ouvi: "Mamãe, vê se não vai se perder, hein?" Me deu um alívio enorme perceber que meu pequeno Nino já bem conhecia a sua mãe. Sempre me perco no trânsito de São Paulo.

Se a gente se perder, a gente se acha, meu filho. Já nos conhecemos e agora é que começa a deliciosa aventura que é ser sua mãe. Com muitas emoções, alegrias, dúvidas, brigas, angústias, preocupações, risadas, conversas e tropeços em tênis esquecidos no meio da sala, vou tentando administrar as diferenças e me deleitando na riqueza que é conviver com vocês.”

A Greice publicou no seu blog, eu amei e copiei um trecho desse texto da Denise Fraga. É isso que quero dizer, quando falo no Yuri, quando imagino o Caio daqui há 5 anos. Eu pensava que os filhos cresciam e “perdiam a graça”. Mas aí é que a coisa começa a ficar ainda melhor. Como disse, 2 posts atrás, é um amor que só cresce junto com eles. Eu estava errada. Ainda bem!

terça-feira, 8 de agosto de 2006

Caindo a peteca

Eu tenho uma suspeita, desde que o Caio teve alta do HCPA, de que ele tem refluxo. Ele vomita seguidamente, o leite integral ele não aceita, tem dores de barriga constantes, é chato pra caramba pra comer... A pediatra do Clínicas disse que não era refluxo (embora nunca tenhamos feito um exame específico) e ponto final. Eu arquivei minha suspeita. Essa semana ele vomitou novamente, bastante, depois chorou muito. Aliás, ele tem chorado seguidamente à noite, com cólicas, desde que teve uma infecção intestinal no início de julho. Daí compartilhei minhas impressões com a fisioterapeuta do Caio e ela achou bem provável que ele tenha refluxo, que por isso ele tem vômitos e dores abdominais freqüentes, que dá azia, que pode, inclusive causar dificuldades respiratórias – como ele tem seguidamente. Daí que vamos no pneumopediatra na sexta para revisão e ela me disse para pedir um encaminhamento ao gastro.

Ah, não! Não agüento mais! Mal nos livramos temporariamente do neurocirurgião e entra um novo especialista na lista do Caio? É pediatra a cada dois meses (o normal seriam consultas trimestrais), é neurologista pediátrica mensalmente (fazendo ajustes na medicação), é pneumo mensal também (preventivo de novas crises respiratórias), é fisioterapia 3 vezes na semana. E dê-lhe exames, marcações, autorizações com o convênio... Todos sabem o quanto amo meu filho... mas cansa muito! Essa maratona parece não ter fim!

Entro em conflito, porque sei o quanto esse pequeno já lutou, vibro com suas vitórias, admiro sua força... Mas é desgastante, exaustivo. Sofro, deixo a peteca cair. Me envergonho de mim, do meu cansaço, condeno minhas fraquezas. É um ano e dois meses de muitas provações... inevitável querer saber: até quando?


P.S. Me envergonho desse post também, mas escrever é minha válvula de escape. Provavelmente o excluirei em breve.

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Amor crescente

Eu escrevo muito sobre o Caio, falo muito sobre o Caio, publico mil fotos do Caio. E este final de semana senti uma falta tremenda do Yuri. Ele foi passar dois dias em Gramado, com a madrinha. E saiu todo lampeiro, vaidoso, empolgado. Deu tchau para o Caio bem exibido: “o mano vai pra Gramado, tu não vai!”.

Eu sempre quis ter dois filhos (na verdade, queria três ou quatro, mas a realidade - $$$$ - me fez limitar essa escolha). Mas ao mesmo tempo tinha medo de ter um segundo filho: conseguiria eu amar tanto uma pessoa, como amo meu Yuri? Teria espaço no meu coração tão preenchido por esse amor crescente, intenso, perfeito?

E aí veio o Caio. E o amo imensamente, desde antes dele nascer. O amo loucamente desde o primeiro minuto que nossos olhares se cruzaram. O amo desesperadamente quando nossa única ligação se dava por mãos através de um acrílico.

E o Yuri? O Yuri continua a ser tudo. Mas o meu tudo hoje são dois. E não amo mais um do que outro. E não sei dizer qual o mais lindo, o mais esperto, o mais amoroso.

Ah, mas o Yuri... ele é um gato maravilhoso, inteligente, ligado em 220 volts 24 horas por dia. Quando engravidei do Caio, eu estava numa fase em que achava que estava perdendo o Yuri, porque ele não era mais um bebê. Mas seu crescimento é lindo e me enche de orgulho. Suas tiradas, sua conversa muitas vezes de igual para igual com a gente... Ele é cheio de planos, fala do futuro, de quando se formar, de quando casar e tiver filhos... E eu viajo nos seus sonhos, com a alegria de quem faz parte de tudo isso – da sua vida, das suas aspirações.

Demos, eu e o Sandro, vinte reais para ele gastar na sua viagem à Serra. Ele voltou com o dinheiro intacto e me justificou “é que estou planejando ir no cinema contigo”. Ah, o amor pelos filhos! Que sentimento crescente, que acompanha (e muitas vezes extravasa) o tamanho dos (ex) pitocos que pusemos no mundo! Que calor reconfortante, que emoção incomparável... Meu Yuri segue assim, crescendo lindo, sadio e muito amado. Luz da minha vida, a pessoinha que fez tudo adquirir um novo sentido, tornando tudo mais significativo, intenso e feliz!

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Mais um passo vitorioso


Ontem levamos o Caio para consultar com a equipe de neurocirurgia do Hospital de Clínicas. Todos sabem que é o acompanhamento do Caio que mais me estressa, porque o neurocirurgião que nos atende é um cavalo (peço desculpas aos eqüinos pela má referência) mal educado e sempre pessimista (credito à ele as maiores neuras que tenho em relação ao Caio, porque ele sempre deu os piores prognósticos – todos devidamente contrariados pelo meu guerreiro). Aliás, ir ao Clínicas sempre me deprime. Já consegui cortar os laços com a neuropediatria, encontrei a Dra. Fabiana Mugnol, excelente e humana profissional do nosso convênio médico; e com a pediatria, agora o Caio e o Yuri são pacientes da Dra. Jaqueline, uma mãe (também de dois meninos, e na mesma faixa etária dos meus) e pediatra muito querida. Só permaneço com a neurocirugia porque essa é uma especialidade que o convênio ainda não cobre (carência de 24 meses). Particular não tenho como cobrir, pelo SUS, sendo paciente do HCPA tudo fica bem mais fácil e rápido. Mas enfim... fomos apenas levar aquela abençoada tomografia que revela um cérebro completamente normal no meu nenê. Eles tinham me dito na consulta anterior que existia o risco do Caio ainda precisar de uma cirurgia craniana até os dois anos, por isso seria necessário um acompanhamento tomográfico a cada 4 meses. Só que o exame foi tão positivo que eles disseram que, clinicamente, ele está considerado curado: não tem mais hidrocefalia (controlada eficazmente pela válvula) e não tem mais lesões cerebrais. Com isso, não existe justificativa para tantos exames e recebemos alta por um ano! As revisões agora serão anuais, o que descarta totalmente a possibilidade da cirurgia craniana! Precisaremos apenas seguir com um controle da DVP pelo crescimento do Caio. Talvez um dia ele possa tirar a válvula, talvez precise trocar, talvez viva com ela para sempre. Minha oração é pela primeira ou última opção, mas entrego com amor e gratidão nas mãos do Pai Maior. Existem momentos em que a peteca cai, claro que seria melhor se não precisássemos passar por tudo isso, mas certamente sei que estamos escrevendo nossa história com muita fé, perseverança e amor. E sou grata todos os dias pelas vitórias e lições do meu grande orgulho, o meu filho guerreiro.

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

Semana da Amamentação - Tô dentro!

Quando engravidei do Yuri, eu tinha duas metas: o parto normal e a amamentação. Me parecia o óbvio, o mínimo a esperar do meu papel de mãe. Minha bolsa rompeu, fui hospitalizada, e mesmo com ocitocina e 6 horas de espera, a dilatação e as contrações não aconteceram. Ele nasceu de cesárea e eu me senti um pouco frustrada, como se tivesse sido “incapaz” de dar à luz naturalmente ao meu filho. Em compensação, ele saiu do útero para o seio e ali permaneceu durante 1 ano. Nascia ali uma linda relação de amor, proteção e provimento. Mas não foi fácil: o seio doía, sangrou, o leite empredrou. Mas eu ia atrás de ajuda e persisti. Com o tempo, amamentar se tornou um prazer imenso – físico e emocional. Nos primeiros seis meses ele não conheceu o significado de águas, chás, etc. E cresceu muito sadio, gordinho, até que decidiu por conta própria que queria outros sabores, com 1 ano de idade.

Quando engravidei do Caio, o caminho já me parecia definido: cesárea e amamentação por, pelo menos, 1 ano. O destino nos pregou uma peça, ele nasceu prematuro, de parto normal, os médicos não conseguiram detê-lo mais tempo. A sensação do meu filho saindo de dentro do meu corpo é maravilhosa e indescritível, uma emoção única. Mas ele precisou de UTI Neonatal, nos primeiros 7 dias de vida não pôde tomar leite nenhum. Dos 7 aos 14 recebeu o meu leite, que era ordenhado mecanicamente, por sonda. Dos 14 aos 21, uma mamadeira bastante flexível, pois ele tinha uma insuficiência respiratória grave que causava taquicardia quando ele se esforçava para mamar. Somente aos 21 dias pude pegá-lo em meus braços e oferecer o seio. Era tarde, ele já não sabia fazer força, meu leite estava escasso por todo o stress. Quando ele teve alta, com quase dois meses, o leite em pó era seu alimento oficial. Houve quem me cobrasse o fato de não amamentá-lo. Mas não consegui, nossa história era outra.

O que quero compartilhar, com meus relatos, é exatamente isso: cada trajetória de mãe com seu filho é única. Continuo defendendo o parto normal e a amamentação. Aprendi que na vida, na maioria das vezes, as coisas não são questão de vontade, mas de possibilidade. Eu não pude ganhar o Yuri de parto normal, mas o amamentei o quanto ele quis. Eu não pude amamentar o Caio, mas ele veio ao mundo de parto normal. Só que o mais importante de tudo isso é que os amei (e os amo) da forma que posso, com minhas limitações e imperfeições. Mas dentro da minha capacidade faço o meu melhor por eles e é isso que fica de nossa relação. Sempre que posso (até mesmo com a autoridade de quem viveu experiências diversas), aconselho: Tente o parto normal, vale muito à pena. Esforce-se na amamentação, é muito gratificante. Mas se não der, não se escabele. O mundo não acaba por isso. O que conta mesmo é alimentar nossa relação com os filhos com doses diárias de amor e verdade.