terça-feira, 27 de outubro de 2009

Who's on?

Hoje, te faço um convite.
A você, que ajuda a formar as 37 visitas diárias, uma média de 259 visitas semanais que o Meus Frutos tem recebido.
Eu não sei o que vocês fizeram no verão passado, mas fico curiosa ao ver leitores de tantas partes do mapa mundi (exagerada eu?). Porque nosso alcance está indo muito além dos amigos e conhecidos.

Tenho um(a) fiel leitor(a) da cidade de La Vergne, no estado do Tennessee, por exemplo, que visita meu blog semanalmente e digita direto o endereço pra chegar aqui. Outro de Jena, na Alemanha.... que também digita o endereço direto...E um esporádico da Suécia...Váários de Portugal (lá, deve ser a linda influência do blog da minha doce e valente amiga Grilinha)...

Recentemente estiveram por aqui pessoas da Califórnia (não é aquela da propaganda da CEF, hehehehe), Texas, Washington (Barack, andas me lendo? Ou será a Mi?). Eu nem sei onde fica Weilburg, Hessen (só sei que fica na Alemanha, que o sitemeter me deu a cola), mas também estamos sendo lidos lá!

Falando nosso bom português, gostaria ao menos de saber um pouco mais dos meus fiéis leitores de Santo Antônio do Monte MG), Vitória da Conquista (tem Salvador tbém, mas lá é certo que Ivetinha me lê durante sua licença maternidade - kkkkkkkk!), Manaus... Semana passada o Paraná nos deu um super Ibope, com visitas de Apucarana, Rolandia, Maringá e CWB, of course!

Enfim... fico curiosa. Mas, acima de tudo, honrada e agradecida por tanto prestígio. Espero fazer por merecer a atenção de vocês.
Mas, vamos estreitar um pouco mais esses laços?
Deixe um comentário ou me mande um email. Ficaria muito feliz em saber um pouco mais de ti, já que de mim e dos meus frutos, vocês leem seguidamente (até mais do que eu mesma escrevo!).
Daqui reforço meu carinho, meu muito obrigada e fica minha expectativa de saber: Who's on? Quem é você?

sábado, 24 de outubro de 2009

O tempo não para

17 dias sem postar.
E fiquei completamente desatualizada de mim mesma!
Nesse período, tentei manter a fé na vida e tava rascunhando um post sobre nosso destino - com seus momentos de glória e desespero estarem escritos, límpidos e certos na trajetória de cada um. Mas aí caí num período de depressão braba - sem grana, cheia de dívidas, 10 meses desempregada, sem luz acenando no fim do túnel. Me senti a mais fracassada, infeliz e incapaz pessoa que habita esse universo. Percebi que tenho claro pra mim que o que sou hoje é alguém que se perdeu e muito de si mesma... na maioria das vezes, nem eu me reconheço.
Só que não tive muito tempo pra cultivar uma auto piedade...
Caio teve uma forte crise convulsiva, ficando 14 horas no oxigênio. Claro que eu sofri, surtei, morri de medo de tudo outra vez... O agravante dessa vez é que Caio começou a convulsionar durante a madrugada, enquanto dormíamos... E agora? Quem me diz que posso, devo dormir sem precisar ser denunciada ao Conselho Tutelar?
Bom, mas passou... por 3 dias e meio... e febre e uma nova crise de insuficiência respiratória nos levaram novamente à emergência na madrugada...
Ah, sim... e só pra ficar mais bonitinho... no meio dessa tempestade meu casamento estava tão sólido quando o Titanic... lá no fundo do oceano.
Mas Caio foi enfim diagnosticado, está em tratamento e tudo parece bem.
E depois de tanta turbulência eu decidi que chega!
Sei que sustos e medos ainda podem fazer parte do nosso cotidiano. Só que eu quero ser feliz! Apesar disso tudo. Ou com tudo junto, mas com a felicidade enfiada no meio!
Falei pra umas amigas: ou eu acredito que vai dar tudo certo, que todo mundo passa por perrengues (ok, alguns mais, outros menos) ou pego a pedrinha dos estúdios da Globo e me atiro no Ganges né?
E acho que a chave do que quero está comigo mesma... eu não sou da vertente que acredita que estamos aqui pra aprender? Então é o que quero fazer. Aprender com tudo. Sei que tem horas que vai doer, que vai ser barra... Mas eu não posso amarrar a minha felicidade, a dos meus filhos, com medo de que essas horas cheguem... É ruim, é phoda? É. Mas podia ser pior? Ah, mil vezes! Sei disso. Às vezes vejo isso, bem do nosso ladinho...
Sou muito atrelada a algumas marcas de infância... uma delas é uma música de uma estórinha infantil que eu ouvia na Coleção Disquinho (cêis lembram dela?)... "minha vida vai mudar, minha vida vai ser boa"... comecei a entoá-la seguidamente...
E não é que deu certo?
Essa semana, fez-se A luz naquele túnel que citei aí em cima. Quase um milagre acontecendo... justo quando eu decidi que podia ser feliz sem ele...
Então. Tudo tá mudando na minha vida e na dos meninos. Sei. Acredito. E agora tenho excelentes motivos para não duvidar que é pra valer!
Tomara mesmo que dê certo, porque, modestamente, a gente merece.
Mas de qualquer forma, acho que a lição está aprendida: é sempre mais generoso com a vida quando damos à ela mais o nosso sorriso e a nossa confiança, do que nossos lamentos...
Sempre gostei daquela passagem de Eclesiastes (3:1-8) que diz que há tempo para tudo na vida. Espero estar começando o tempo de colheita. Mas com a mão sempre no saco de sementes, afinal, já dizia o poeta Cazuza, o tempo não para. Ainda bem.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ontem

Ontem foi mais um dia de saudades pra mim.
Se viva estivesse, ontem minha mãe Leslie estaria completando 76 anos.
Mas não foi possível, um câncer a levou há 18 anos. E especialmente ontem, senti muita saudade. Mas foi uma saudade daquelas boas, sabem?
Ela foi minha mãe de criação. Ou de coração, como ela preferia dizer. Me dizia que tinha gerado em seu coração o amor de mãe por mim. E assim, eu me transformei na sua filha. E ela, que nunca pôde dar à luz, se transformou na minha mãe mais amada.
Foi com apenas 5 anos que ela me levou para debaixo do seu braço. Quando eu tinha apenas 19 anos, ela se foi...
Mas foi tudo tão intenso, tão verdadeiro.
Com ela, aprendi os valores mais importantes dessa vida.
Honestidade. Responsabilidade. Solidariedade. Dedicação. Verdade, acima de tudo!
Foi ela que me ensinou que eu sou muito mais do que minha aparência.
Que me mostrou que a maior riqueza de uma pessoa não cabe em balanços ou saldos bancários.
Me ensinou que tudo na vida é transitório. Menos nossa essência.
Ela era uma pessoa tão diferente, tão cheia de excentricidades, de opiniões fortes. E acho que fui uma das raras pessoas que teve acesso ao imenso coração, tão puro, tão generoso, tão cheio de coisas boas e doces para deixar.
Sempre digo, é ela o espelho da mãe que eu desejo ser para os meus filhos.
Todas as eventuais qualidades que eu possa ter, vieram dos ensinamentos dessa mulher.
E principalmente, nunca, nunquinha ao longo dos meus 37 anos, me senti tão verdadeiramente amada e protegida, como no colo da minha mãe Leslie.
A mãe que me gerou no coração.
Muita saudade. Ainda bem que o maior é ainda maior. Sempre.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A onda da China e as células-tronco

Vou começar me defendendo, porque entendo que minha posição pode gerar muitas controvérsias.

Sou uma grande entusiasta das pesquisas com células-tronco. Vejo nelas uma imensa esperança para milhares de doentes até então incuráveis. Torço profundamente para que o tempo comprove seus inquestionáveis benefícios. Exultante, sei que aqui em Porto Alegre, ao lado da minha cidade, está se formando o primeiro Hospital do Cérebro do país, onde estudos com células-tronco no tratamento da epilepsia estão a todo vapor. Que grande avanço, que benção maravilhosa!

Mas é com receio e até uma certa tristeza que vejo uma avalanche de viagens à China, em busca do tratamento com células-tronco, pipocando por aí. Primeiro na internet. Depois, em jornais locais. Aqui mesmo, entre conhecidos, sei de dois casos de pessoas determinadas a levarem seus filhos ao país asiático, ansiando a cura total.

Acho que o caso da menina Clara, uma linda pernambucaninha de 2 anos, foi o estopim nacional.

Desejo muito que Clara e sua família alcancem o êxito que desejam. De coração. Porque o êxito deles também pode ser uma chance pro meu Caio. E duvido muito que exista um pai ou uma mãe que não sonhe, diariamente, com a cura total e milagrosa para as deficiências do seu filho com paralisia cerebral. Temos bicho carpinteiro, estamos sempre querendo saber as novas técnicas, as terapias mais avançadas, as novidades da neurociência.

Eu não sou diferente. Vejo meu Caio andando, falando. Sonho muito alto. Vejo ele de toga, se formando! Tento ser pé no chão mas, na grande maioria das vezes, meu coração não permite. Então também deposito esperanças gigantes nas possibilidades abertas pelas células-tronco.

Mas se alguém me desse hoje o dinheiro necessário para levar o Caio à China, eu não o levaria.

As experiências com células-tronco são somente isso: experiências. Nada concreto, nada a longo prazo ainda, para que tenhamos a segurança necessária para entregar nossos filhos a elas. Especialistas são cautelosos. Melhoras existem. Acontecem. Mas, em algumas experiências com não-humanos, por exemplo, há relatos de um grande declínio após o período de melhora. Então, é preciso que as experiências com humanos se deem a longo prazo, a fim de verificar todos os seus efeitos - bons ou maus. E ainda não tivemos tempo para isso! Uma outra leva de cientistas defende de que, assim como as células-tronco podem se transformar em qualquer tecido, elas podem também gerar tumores, alguns deles inclusive malignos...

Eu não arriscaria os ganhos que vejo meu Caio tendo nas terapias convencionais. Sim, admito. Na maioria das vezes, essas melhorias são muito mais lentas do que eu desejo, sonho pra ele. Mas, considerando seu quadro neurológico, cada pequena melhora tem um valor incalculável.

Vejo as melhoras da Clarinha e entendo o justificado entusiasmo de seus pais.
Mas ela tem apenas 2 anos. Ainda tem uma longa estrada pela frente. As melhoras que ela apresenta podem ser, sim, resultado do amadurecimento cerebral, da fisioterapia, do tampão do olho... e não necessariamente das células-tronco.

Depois, muito se fala da falta de ética médica na China. Juro que não quero passar por invejosa ou ressentida. Mas eu, que luto para que o erro médico que causou a paralisia do Caio seja indenizado, não aceitaria fazer um tratamento pra ele sem ter ciência da origem exata dessas células. Eu só levaria o Caio à China se o caso dele fosse aboslutamente irremediável, com grande sofrimento e nenhuma expectativa de melhora. Só por desespero mesmo. Mas não é o que acontece.

Entendam que não estou criticando quem foi à China. Mas acho que é preciso cautela. É preciso pesquisar muito, ouvir muitas opiniões, pesar bem os possíveis fatores envolvidos... Sei bem o quanto nossa ansiedade para ver bem aqueles que tanto amamos pode ser tornar perigosa. Então a palavra é somente essa: cautela. Mais prudência e se atirar menos na onda da moda.

Recentemente crianças começaram a ser convocadas para participar de testes pro tratamento da epilepsia com células-tronco em Porto Alegre. Titubiei. Mas não inscrevi o Caio. Posso estar sendo covarde, mas hoje eu não troco o certo pelo duvidoso. Ainda. Espero que Deus, o tempo, a evolução científica, me provem o contrário daqui uns anos. Ainda assim, tem futuro pra gente. E enquanto ele não chega, eu fico aqui, assistindo e torcendo pra que eu esteja errada e dê tudo muito certo pra quem consegue ir pra China. E pra que um dia, a gente não precise ir tão longe em busca de melhoras significativas...
;)

Quatro anos de terapia três vezes por semana... Muito esforço por parte do Caíto... Mas ele tá indo. E a nossa esperança ali, do ladinho, sempre....