terça-feira, 8 de julho de 2014

Acabou a Copa. Que venham as Eleições.

Eu ia escrever este texto o Brasil ganhando ou perdendo a Copa.

Perdeu feio. Acho que, para o que eu quero dizer, é até melhor.
Eu fui contra a realização da Copa. Acho sim que foi um desperdício de dinheiro público, uma roubalheira descarada, mais uma oportunidade para o favorecimento ilícito de um seleto grupo de políticos e empresários. Mas a partir do momento em que a Copa ficou sacramentada em nosso país, acho sim que nosso dever, como anfitriões, era fazer o melhor. Era receber civilizadamente, era torcer para fazermos bonito porque não é a derrota da Seleção que vai expor ao mundo as graves mazelas do Brasil. Delas sabemos muito bem. E delas, somos NÓS que temos que dar conta.

Eu amo meu país. Fico realmente emocionada com estes comerciais que conclamam o povo a ser unir em torno deste amor. Mas eu também me envergonho do país que NÓS estamos construindo. Conheço de pertinho seus defeitos, sua ineficiência, sua desigualdade. Eu, particularmente, como mãe de uma criança com deficiência, sei muito bem quão desumano, burocrático, inócuo e injusto ele pode ser. Só que no fundo, a culpa é toda nossa. Sempre é.

Somos os autores de nossa própria história. E fortalecemos tudo de ruim que há em nossa cidade, em nosso estado, quando envolvemos nossas atitudes com o jeitinho brasileiro e nos orgulhamos de levar vantagem. Quando furamos a fila. Quando conseguimos um benefício à frente de outrem pelo famoso Q.I. (quem indica). E, principalmente, quando seguimos delegando o poder a quem não está sabendo nos representar. A grande manifestação por toda a nossa insatisfação, replicam nas redes sociais, deve vir nas eleições de outubro. Concordo. E te convido a esta reflexão.

O governo está ruim? Muda teu voto, escolhe outro candidato, outro partido. É teu direito. Mais do que isso: é teu dever! Mas de nada adianta ser um alienado fora do período eleitoral. Ser politizado não é questão de formação, de status social ou acadêmico. É conscientização e participação. Devemos ficar de olho sempre. Em quem elegemos. No que estão fazendo com nosso dinheiro, em nosso nome. Devemos denunciar sempre que formos vítima de alguma injustiça – seja ela em que esfera for. Devemos lutar por nossos direitos – por mais básicos que eles sejam ou por mais árdua que pareça essa luta. Não podemos ficar dois ou quatro anos acomodados e aí, seis meses antes de retornar às urnas, começar a bradar que está tudo errado – como se fôssemos técnicos palpiteiros apenas em época de Copa do Mundo. A vigilância deve ser constante. Nossa atuação cidadã também.


Queimar bandeira (o jogo nem terminou enquanto escrevo e já tá rolando foto disso no Facebook), vaiar jogadores, fazer quebra-quebra não vai acrescentar nada! O circo não se resume à Copa, nossa responsabilidade não se resume a anos eleitorais. Que possamos usar nossa energia – seja ela de amor ao País, de tristeza pela Copa perdida ou de indignação ao que alguns chamam de circo armado – para escrever essa história como tem que ser. Com orgulho de ser brasileiro porque estamos sabendo fazer nossa parte com consciência e responsabilidade – nas urnas e todos os dias, como pessoas de bem.