quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Pode vir, 2009! A gente encara...

Acho que já escrevi isso aqui.
Sempre curti Natal e Ano Novo.
Entro no clima mesmo.
Afinal, se os astros, as civilizações antigas e as diversas vertentes religiosas convencionaram sim, que ao final de 31 de janeiro termina um ano e se inicia outro ciclo, quem sou eu para contrariar?

Para muitos, é apenas um novo amanhecer.
E mesmo que seja, é uma nova chance.
Por isso acho que vale muito à pena, elevar o pensamento e canalizar coisas boas.
Se a gente colhe o que planta, que tal semear ótimos desejos para nós mesmos e para o próximo?
Sabendo que dedicação e trabalho árduo também fazer parte da arte de cultivar, seja o que for.
Nada vem de graça. Nem por acaso.

2008 foi um ano difícil pra mim.
Mas foram nos momentos mais difíceis que reforcei minha fé, aprendi lições e encontrei jóias valiosas, embaladas em algo que se chama amizade.

Dou tchau para 2008 com alívio! Já vai tarde.
Mas justamente por ter sido ruinzinho, conto que 2009 será realmente um novo ciclo. Que seja a hora de colher um pouco dessa fé e dessas lições aprendidas e exercidas nesse ano que tá indo embora...

Muitas vezes questiono minha mania de buscar sempre enxergar a metade cheia do copo. Mas não desisto não. Acho que, colocando tudo na balança, manter o otimismo ainda é a receita ideal. Como já disse, na luta, que Deus não dá nada à toa. Mas canalizando as melhores energias.
Pode ser que, às vezes, ainda assim não dê certo.
Mas acreditar que pode dar, ainda é o melhor modo de construir nossa caminhada.

Que em 2009 o caminho seja leve e florido. E se pedras houverem, que haja também a mão amiga e a perseverança.

Feliz Ano Novo!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Troféu Destaques 2008

Então tá terminando 2008. Eu estou dando graças! O ano, pra mim, foi punk.
Mas ainda bem que pude contar com vários anjos.
Pessoas e gestos que tornaram o ano que passou mais engraçado, bonito ou fácil...
A elas, o meu amor e minha gratidão.

● Jaque, nossa pediatra favorita, sempre presente, atenciosa, eficiente e amorosa nos momentos em que precisamos - e este ano não foram poucos.

● Gisele Piazza, a tia Gi, a mais doce técnica de enfermagem do Pronto Atendimento do H.U. de Canoas. A amizade que a gente não gostaria de fazer pelas circunstâncias, mas que faz toda a diferença na hora do sufoco.

● As tias paulistas do Caio, que fizeram uma "vaquinha" e proporcionaram a primeira avaliação nutricional com a Dra. Dani, que veio a se mostrar um sucesso.

● Amandita, um anjo verdadeiro de cabelos louros e encaracolados. Que colocou na minha mão um presente de Páscoa pro Caio num momento em que estávamos realmente necessitados. Pela torcida amorosa que sei que tem por meus meninos.

● Dani, minha musa de sabedoria, por me lembrar que a vida é feita de sinais, que devemos estar sempre alertas e que minha luta nunca foi nem será em vão.

● Neide e as meninas da Funcionalle por não tratarem o Caio como cliente, mas como um querido amigo.

● Nalu, por toda a luz que nos manda em oração e por aceitar minha ligação à cobrar depois da meia-noite só pra ouvir meu choro e me dar o consolo pedido.

● Bibi e todas que se envolveram na operação Upa Upa.

● Ane e nossas terapêuticas conversas no MSN. Minha irmã gêmea bivitelina - porque ela é mais bonita, claro!

● Dê, por ser a tia Dê, musa do Yuri.

● Ane Korpaliski, a outra musa inspiradora do judoca Yuri.

● Anízia e Nenê, amigas valiosas que sei que sempre posso contar.

● Jana e Edson, os melhores amigos, irmãos, dindos, compadres que podemos ter. Um amor forte, presente.

● Tati Franco, a "mãe do meu filhinho", por amar tão espontaneamente o Caíto. Eu te amo também!

● Márcia, por personificar, com sua doçura, sua visita, sua carona, seu colo, todo o carinho de um grupo muito especial.

● Alexandre, o taxista de bom coração que talvez, sem saber, participou da corrente do bem pelo Caíto.

● A todos, absolutamente todos, que dedicaram um minuto do seu tempo, gastaram seus telefones, enviaram um torpedo, fizeram uma prece. A cada "oi", "como estão?", "precisam de algo", "estamos com vocês". Essa presença é a maior de todas as bençãos.

Qualquer agradecimento sempre me manterá em débito com vocês.
Mas ainda assim preciso dizer, obrigada!
Eu e os meninos amamos vocês!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Já que sonhar é preciso...

Nem só de sentimentos e desejos nobres vive o homem (ou euzinha aqui).
Em 2009, se Deus quiser - e Ele há de querer, eu vou:

- Parar com a palhaçada e ir de vez pra Sampa. Mas tbém acrescentei o Rio e Minas ao meu roteiro;
- Ser visitada pelo G. ou pelo L. e pelo M.R.;
- Ter uma casa salmão de 3 quartos;
- Comprar um carro do milênio (o meu era zero em 1996);
- Fazer pé e mão semanalmente sem culpa;
- Ter um móvel na cozinha, com portas de vidro e toda a minha coleção de canecas expostas;
- Ganhar de vez um bolão da Mega Sena e promover um famoso e aguardado encontro.

Metas para 2009

- Emagrecer (ainda!)
- Um novo emprego, bem remunerado
- Fazer uma escova-qualquer-coisa no meu cabelo
- Começar a pintá-lo (não é um desejo, tornou-se uma necessidade)
- Receber minha eterna e encruada herança
- Dar um passo à frente no processo contra o HCPA
- Ler mais
- A hepatite do Caio vai completar 6 meses - que volte sua estabilidade!
- Que o Yuri siga sendo um ótimo aluno
- Que eles esbanjem sorrisos e saúde quase que diariamente
- Amizade, amizade, amizade

Medida de aproveitamento

Ano passado, recebi um Meme que me pedia 5 decisões ou metas para 2008.
Ao fim de 12 meses, cumpri 40% delas.
Caio e Yuri tem uma poupança e eu não mexi nelas se não para acrescentar.
E Caio está na fono, fazendo ótimos progressos.
Se as metas para 2009 ficarem nesse ritmo, tá tudo beleza.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Pondo na lixeira

Eu acredito demais em energia.
E que elas são troca, precisam se reciclar.
Por isso, às vésperas de um novo ano que chega, é preciso abrir espaço para o novo.
Seguindo esta filosofia, doei roupas e brinquedos das crianças.
Esvaziei armários e me livrei de roupas, objetos pessoais, utensílios domésticos sem mais utilidades...
E nessa linha, quero também me livrar de alguns sentimentos, deixar eles no passado, aqui, fechadinhos em 2008:

* Cobrança de amor
Sim, eu ainda faço. No meu íntimo, cobro o amor que julgo que deveria ser natural e que não acontece. Mas 2008 me deu ótimos motivos e pessoas pra me mostrar que o amor verdadeiro pode vir de qualquer lugar mesmo. E, às vezes, quanto de mais longe ele vem, mais forte e sincero ele é.

* Arestas com minha mãe
2008 foi o ano de nossa grande parceira. Mas ainda somos mãe e filha com uma história singular e as diferenças volta e meia estão na mesa. Elas já diminuíram bastante. Realista, acredito que nunca serão simplesmente zeradas. Mas que a gente continue a caminhada para que elas tenham cada vez mais o devido tamanho e importância, ou seja, pequeníssimas diante de algo maior que seja nossa própria relação

* Excesso de auto-crítica
Eu sempre fui minha juíza mais severa. Em 2008 me permiti alguns momentos de menos perfeccionismo, finalmente aceitando que sou simplesmente humana. Torço mesmo que em 2009 eu possa aprender cada vez mais que tenho direito de enfraquecer mesmo quando sou forte.

* Viver com medo
Que vida de mãe é ter sempre o coração na mão, a gente sabe. Mas que os sustos sejam menores e/ou mais escassos em 2009 e eu possa aprender cada vez mais a lidar da maneira certa com aquilo que afinal faz parte da nossa realidade. E tendo sempre a confiança ao meu lado.

* Conhecimento técnico
Apesar da realidade citada acima, que eu não precise continuar me aprofundando em temas relacionados a refluxo, glaucoma, sintomas, epilepsia, asma, síndromes. Que meu grande estudo seja o estímulo, o amor, a inclusão.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Reta final

É aquela velha história, prestes a acabar o ano a gente sempre comenta o quanto ele passou voando... E não foi? Pra mim este foi um ano de muitas provações, o ano que chamo de montanha-russa. Mas chego ao fim dele de pé.

Tem um texto que li há muitos anos numa revista feminina e que amei logo de cara. Ele nunca perde sua atualidade. Só lamento que na época, não peguei o nome da jornalista, autora do mesmo. Sempre gosto de compartilhá-lo. E esta é uma época mais do que adequada.

12 DECISÕES PARA O RESTO DA VIDA

Se aprendi alguma coisa no ano que passou foi ser paciente e sonhar. O sonho, para mim, nada mais é do que o desejo firme e consciente de realizar algo, é onde tudo começa. Paciência é deixar o sonho se realizar. O ano que passou foi difícil, mas foi bom. Todo mundo já viu esse filme. Para mim, 97 foi complicado porque, depois de passar algum tempo vivendo no exterior, voltei ao Brasil e mudança sempre dá trabalho. Além disso, me separei do homem que amei durante dez anos e que é o pai da minha única filha. Quando o conheci tive a certeza de que ele era o homem com quem iria dividir o resto de meus dias. Estava enganada.


No entanto, apesar da sensação de fracasso e perda que toda separação traz, entendi que não se pode lastimar eternamente o que passou. O tempo não pára, já dizia Cazuza. Se nós não vamos envelhecer juntos, sob o mesmo teto, temos em nossos corações a certeza de que vivemos um grande amor e o fruto desse amor floresce diante de nossos olhos: ambos amamos e queremos o melhor para nossa filha. Temos uma história e uma vitória em comum. E isso o tempo não apaga.


O ano passou rápido demais, me disseram alguns amigos. Não tenho tanta certeza: às vezes, quando estamos tristes, o tempo não caminha tão devagar que quase não o vemos passar. E foi através desse exercício de paciência que aprendi 12 lições que gostaria de nunca mais esquecer.

1. Pedir ajuda: É importante pedir ajuda ao meu anjo da guarda, a um amigo, a um profissional. Ao pedir, abrimos um canal de comunicação e energia.

2. Meditar: Com certeza, a meditação é o caminho mais seguro para o crescimento.

3. Perdoar:
Todos temos alguém ou algo para perdoar, inclusive em nós mesmos. Quando perdoamos, eliminamos uma energia negativa que alguns chamam de carma e a vida flui com mais leveza.

4. Cuidar do corpo: Meu corpo é meu templo. Cuidar dele eleva minha vibração vital e me deixa sintonizada com o resto do universo.

5. Encontrar meus mestres: Existem sempre novos caminhos a trilhar e aceitar a orientação dos mestres nos ajuda a entender nossa missão na vida.

6. Canalizar conhecimentos e sabedoria: Saber como utilizar novos conhecimentos abre portas e nos conduz a ideais cada vez mais elevados.

7. Viver o agora: É impossível viver de lembranças do passado ou de previsões para o futuro. Cada momento merece ser vivido intensamente.

8. Criar espaços:
Fazer da realidade uma projeção do nosso desejo é libertar-se de velhos hábitos e criar espaços para que o novo se manifeste em nossa vida.

9. Acreditar: Acreditar é relaxar, ter fé e deixar que a vida aconteça sem pressa, naturalmente.

10. Abençoar: Agradecer cada situação da vida, por mais difícil que ela pareça é uma benção. Aceitar é aprender a viver.

11. Visualizar: Projete sempre uma luz branca iluminando o alto de sua cabeça, seu chacra mais elevado e deixe essa luz inundar sua essência com uma energia clara, forte e amorosa.

12. Amar: Amar incondicionalmente é uma forma de compartilhar a beleza que existe dentro de cada um de nós com todas as pessoas que nos tocam. Coloque amor numa situação difícil e veja como ela se transforma em algo positivo.

Finalmente, acho que tudo isso só vale a pena se a gente puder ajudar alguém com uma palavra, um sorriso, um gesto. Muita gente me pergunta como sobrevivi, com alegria, às dificuldades que passei. Foi assim: tentando aprender alguma coisa todo dia e sabendo que todos passamos por dificuldades. E, principalmente, acreditando que é muito mais generoso rir do que chorar.


Feliz Ano Novo!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

So this is Christmas

Eu sou daquelas pessoas que curte Natal.
Não que precisemos de data certa para cultivar o amor, a solidariedade, a esperança.
Mas sempre é bom quando algo, nem que seja um dia cultuado no calendário, nos lembra o que é valioso nesta vida.

Que a vida é o maior de todos os presentes.
Que crer é o primeiro passo para fazer acontecer.
Que sempre temos algo a compartilhar, nem que seja um afeto sincero.
Em cada ano acho que aprendo mais.
E esta oportunidade de aprender é o presente maior que tenho.
Que todos nós temos.

Desejo, de coração, que em 2009 a gente possa a cada dia, cultivar tudo o que é importante:
FÉ para querer
FORÇA para lutar
SAÚDE para sorrir
AMOR para sentir
GENEROSIDADE para distribuir
VERDADE para ser, em tudo, intenso
ALEGRIA para transformar tudo em mais e mais sorrisos.


Boas Festas a todos!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Meus tesouros


Dormindo abraçado às bolinhas da piscina (antes de cortar o cabelo)

Brincando com um presente que veio carregado de energia boa (depois de cortar o cabelo)

Yuri, sempre pronto a dar o amor e transmitir a alegria que Caio precisa e merece

O despenteado mais charmoso do mundo, na minha isenta opinião

E essa carinha linda, diz tudo por si só: luz pura!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Férias por tempo indeterminado

Nosso dia vai chegar,
Teremos nossa vez.
Não é pedir demais:
Quero justiça,
Quero trabalhar em paz.
Não é muito o que lhe peço
-Eu quero um trabalho honesto
Em vez de escravidão.

Deve haver algum lugar
Onde o mais forte
Não consegue escravizar
Quem não tem chance.

De onde vem a indiferença
Temperada a ferro e fogo?
Quem guarda os portões da fábrica?

O céu já foi azul, mas agora é cinza
O que era verde aqui já não existe mais.
Quem me dera acreditar
Que não acontece nada de tanto brincar com fogo,
Que venha o fogo então.

Esse ar deixou minha vista cansada,
Nada demais.

(Fábrica - Renato Russo)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

De trás pra frente

Terça-feira, dia 09, foi a festa de encerramento da escola do Yuri.
E mesmo que "perca um pouco da graça" por ele estar crescendo, eu sempre me emociono.
Porque cada ano que passa vejo que meu bebê está mais e mais distante. Tenho um meninão já, quase um rapazinho.
E ele já foi para a terceira série. Nossa... mas no que depender de mim, ele ainda será corujado por muito e muito tempo.



Uma linda árvore de Natal, com "galhos" especiais.

O término da apresentação.

Maria Carolina e Luís Felipe, os melhores amigos.

A família real - hehehe...

Dinda Bi, sempre presente...


Professora Rosilene, a mestra do segundo ano.

Professora Ane, a mestra do judô e musa do momento.


Comemorando a etapa vencida!

A imagem do guerreiro


Foto tirada ontem no final da tarde, quando cheguei em casa do trabalho.
Este é Caio, o guerreiro, feliz e sereno, após 5 dias de hospitalização.
Este é o meu menino, o meu exemplo, o meu orgulho.

Parece que foi ontem

Hoje faz 17 anos que minha mãe de criação, a Leslie, se foi.
Fazia um certo tempo que eu não lembrava desta data...
Eu tinha 19 anos e minha vida virou de pernas pro ar.
Foi a primeira grande perda da minha vida.
Mas hoje sei que ela apenas me preparou para crescer e tomar as rédeas da minha vida.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Mais uma batalha vencida

Caio recebeu alta hoje ao meio-dia.
Está em casa.
Foi recebido com lágrimas nos olhos pelo mano Yuri.
Pequenos detalhes que fazem a vida valer à pena, apesar dos percalços.
De tudo que pensei, falei ou escrevi nos últimos dias, só mantenho uma certeza, cada vez mais inabalável.

CAIO É UM GUERREIRO. É UM OBSTINADO PELA VIDA.

E por isso o amo e admiro tanto.

O sal, o copo e o lago

Recebi hoje um email com essa mensagem. Linda e oportuna.
É o que tenho tentado fazer da minha vida...


ONDE VOCÊ COLOCA O SAL?

O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo com água e bebesse.
Qual é o gosto? - perguntou o Mestre.
Ruim - disse o aprendiz.

O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago.
Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago.
Então o velho disse:

- Beba um pouco dessa água.
Enquanto a água escorria do queixo do jovem o Mestre perguntou:
- Qual é o gosto?
- Bom! disse o rapaz.
- Você sente o gosto do sal? perguntou o Mestre.
- Não... -disse o jovem.

O Mestre então, sentou ao lado do jovem, pegou em suas mãos e disse:

- A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta. É dar mais valor ao que você tem do que ao que você perdeu.

Em outras palavras: É deixar de ser Copo para tornar-se um Lago.

Somos o que fazemos, mas somos principalmente o que fazemos para mudar o que somos.

domingo, 14 de dezembro de 2008

A globalização do umbigo

Vivemos numa era moderna. A chamada era da globalização, o momento de compartilhar quase que instantaneamente informações, descobertas, conceitos.
Eu confesso que sou uma fã convicta das novas tecnologias. Mas, como em quase todo avanço que a humanidade deu ao longo de sua existência, continuo achando que nunca estamos preparados para fazer o melhor uso dela.
Porque entre tudo que é disseminado via email, celular, iPhone, redes de relacionamento, etc, eu só vejo crescer a globalização do umbigo.
Cada vez mais as pessoas vivem seus mundinhos exclusivistas, mal dando conta dos seus problemas materiais ou fúteis.
Quase chegando o Natal, multiplica-se o derrame de palavras como "solidariedade", "ajudar ao próximo". Mas, paradoxalmente, o homem que domina as tecnologias, parece desconhecer solenemente o resultado efetivo de tais palavras.
Ajudar, estender a mão... parece algo sempre tão cansativo ou dispendioso.
E estou longe de falar de dinheiro. Falo de 10 minutos de disponibilidade. De um brevíssimo telefonema: "Alô, como vocês estão?". De um torpedo dizendo "Estamos com vocês". E o paradoxal de tudo isso é que quanto menor a distância geográfica, maior o afastamento, a omissão, o desinteresse.
Tento trabalhar ao máximo minhas crenças. Caio já me mostrou várias vezes que existem coisas neste mundo que não é de minha competência vir a entender, ao menos por agora.
Mas é muito difícil ao menos não lamentar que três anos ainda não foram suficientes para transmitir algum aprendizado, alguma consciência.
O que continua valendo é alimentar, olhar e acarinhar exclusivamente o seu próprio umbigo.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

No sufoco

Caio convulsionou na quarta, dia 10, pela manhã e está hospitalizado.
Está estabilizado, não teve mais crises.
Mas está com uma insuficiência respiratória persistente.
Não é grave, mas sempre é um justificado motivo para deixar meu coração materno em desassossego.
A quem aparecer por aqui, fica o pedido de sempre: uma prece, um pensamento positivo, um elo a mais de fé.
Daqui, tenho certeza, ele recebe essa energia positiva e amorosa, muito importante para sua recuperação.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Tempos modernos

Eu sou do tempo em que todo menino pedia ao Papai Noel uma bola, e toda menina queria uma boneca. No máximo, uma bicicleta. Mas a cartinha do Yuri ao dito, me fez ver que, definitivamente, estou ultrapassada.

"Caro Papai Noel,
eu gosto muito do senhor, que é uma pessoa muito legal, que dá presente para as crianças e os adultos.
Eu acho que fui bem esse ano, me comportei bem, acho que passei para a terceira série. Às vezes eu incomodo, mas eu sempre tento ajudar minha mãe e meu irmão. Amo minha família.
Os presentes que eu quero ganhar este ano:

- 1 MP4 igual ao da minha mãe
- 1 Play Station 2 (3 eu sei que tá muito caro)
- 1 pista Hot Wheels
- Qualquer coisa Hot Wheels (menos carrinho, que eu já tenho mais de 80)
- 1 camisa nova do Grêmio

Se não der para me dar essas coisas, Papai Noel, eu aceito R$ 1.750,00.

Um abraço,
Yuri Lacerda Mariante Fagundes"

Então tá!

Te liga, Papai Noel!

Além de tudo, o guri é mega exigente.
Escreve também a cartinha pro irmão.
Mas foi "puxando as orelhas" do bom velhinho, como se ele tivesse algo a ver com o assunto...

"Papai Noel,
pedimos no Dia da Criança e o Caio não ganhou nenhum carrinho Fisher & Price e nem o Júlio* (do Cocoricó). Espero que agora, o senhor arrume isso. Meu irmão é um ótimo menino e merece ganhar ótimos presentes."

Fala sério, até brigando com Papai Noel, ele é um fofo!

* O Júlio já foi devidamente providenciado pelos dindos de POA.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Meu mestre

A cada dia que passa tenho mais certeza de que o Yuri veio a este mundo para ser meu parceiro, minha guarda, meu mestre. Alguém pequeno de tamanho, mas gigante de coração.
Ontem, ele me pediu pra reler o "Por que Heloísa?".
Lá pelas tantas, ele olha para o Caio, alisa seus cabelinhos, com os olhos marejados e solta seu tesouro...

"Às vezes eu fico triste e tenho pena do meu irmão ser deficiente.
Mas fico feliz que ele é nosso.
Porque nós sabemos amar ele como ele merece."

Preciso dizer mais?

Meu campeão

Quinta-feira, dia 04/11/2008 - Troca de faixa de judô na escola...
Quinta graduação: faixa laranja!

A profe. diz que ele tem futuro...

E a mãe aqui, baba até não poder mais, de orgulho...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

O que se passa nesta cacholinha?

Não são poucas as vezes em que me pego pensando... o que se passa nesta linda cabecinha?
Até onde vai seu nível de compreensão?

Consegue mesurar o valor que tua chegada trouxe pra minha vida?
Percebes alguma dor, alguma falha materna, algum sentimento menor, tudo isso sufocado por uma admiração gigante por ti, criaturinha?
Sentes a evolução do meu EU a partir do momento em que nos tornamos NÓS?
Será que conseguirias entender que, como toda mãe, até suponho uma versão da minha vida sem ti, mas não consigo ver nenhum sentido nela?
Podes sentir o calor, a paz, o alento que este sorriso me dá?

Torço para que percebas que eu só sou quem sou hoje, porque tu és meu.
Agradeço quem sou. E agradeço te ter.

Rezo para que consigas ver em cada lágrima minha, de apreensão ou de felicidade, a emoção de uma luta única, movida por um amor que não tem tamanho.

E que essa cacholinha querida possa entender o quanto te amo...incondicionalmente, meu filho!

sábado, 22 de novembro de 2008

Meus maiores amores

Eu quero ficar só
Mas comigo só
Eu não consigo
Eu quero ficar junto
Mas sozinho só
Não é possível...

É preciso amar direito
Um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora
Ser amor de corpo inteiro
Amor de dentro prá fora
Amor que eu desconheço...


Quero um amor maior
Um amor maior que eu
Quero um amor maior,
Um amor maior que eu...
(...)

É preciso amar direito
Um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora
Ser amor de corpo inteiro
Um amor de dentro prá fora
Um amor que eu desconheço...


Quero um amor maior
Um amor maior que eu
Quero um amor maior
Um amor maior que eu

Então seguirei
Meu coração até o fim
Prá saber se é amor
Magoarei mesmo assim
Mesmo sem querer
Prá saber se é amor
Eu estarei mais feliz
Mesmo morrendo de dor
Prá saber se é amor
Se é amor
Quero um amor maior
Um amor maior que eu
Quero um amor maior
Um amor maior que eu
Um amor maior que eu
Maior que eu
Um amor maior que eu
Maior que eu
Um amor maior que eu!...

(Amor Maior - Rogério Flausino)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Várias variáveis

Então, simbora dar um jeito de tirar o pó desse cantinho...

Não vou voltar pra trás e contar todo o histórico médico do Caio nos últimos tempos. Vai dar pra entender (acho):

• Caíto anda assim, do jeitinho dele. Uns dias super bem, noutros lá voltam os vômitos. Parece - e quero acreditar - que as crises estão diminuindo de intensidade. Espero realmente que a medicação toda pra refluxo finalmente comece a fazer o efeito desejado.

• A agenda médica dele voltou a ficar cheia. Essa semana consultamos com o neurocirurgião. Tudo parece bem, a válvula segue bem e Caio, à medida que o tempo passa, entra para um seleto grupo de usuários de uma única válvula a vida inteira (Deus queira!).

• O glaucoma está sob controle, mas semana que vem vamos fazer uma tomo do cérebro, apenas para ter como registro já que a última tem quase 2 anos, e aproveitaremos para conferir a quantas anda a pressão intra-ocular.

• Dia 24 vamos no gastro e tenho que levar um diário dos vômitos, especificando datas, intensidade, consistência, horários e se noto alguma relação com medicação ou alimento. Que disse mesmo que era padecer no paraíso?

• O Yuri: dia 27/11 ele conquista sua nova graduação no judô. Já foi aprovado nos testes e passa a ser faixa laranja. A Federação Gaúcha de Judô (acho que a Confederação Brasileira, na verdade) agora impôs idade mínima às graduações, argumentando que crianças dificilmente alcançariam certas classificações muito jovens. A professora do Yuri, devidamente graduada, entrou com um recurso em defesa dele, pela qualidade que ele apresenta e garantiu que ele possa seguir adiante no nível que está, independente de sua idade. Quem vai me alcançar o babador?

• E as preocupações. Sou sogra pela segunda vez na vida! Lembram ano passado? Pois é, agora a coisa parece mais séria. A menina tem a idade dele, é colega de sala e também se mostra muito apaixonada por ele. Eles andam trocando selinhos, ele me conta. Dia desses, flagrei ele chegando em casa. Ela fica na janela da van, eles trocam carinhos com as mãos e mandam beijos de despedida um para o outro. É até lindinho de ver o carinho entre eles, mas tô achando precoce demais. Ou não?

• E finalmente entrei pra civilização! A internet chegou lá em casa. Bem, chegar não chegou... mas nós buscamos ela! Estamos com um modem 3G Zap que tá funcionando legal. O problema é a briga pra ver quem fica mais tempo conectado... Mas tudo bem, já é um grande avanço.


quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Inconciliáveis

Como conciliar maternidade e imparcialidade?
Se alguém souber, me conte o segredo.
Porque, pra mim, é impossível não achar esse menino aí o mais lindo do mundo!







sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Yuri e os 2 Caios

Às vezes eu sofro pelo Yuri. Por achar que ele criou uma expectativa com a chegada de um irmão que não se cumpriu. Que ele sonhou em ensinar a jogar bola e a dançar, um irmão que ainda não sabe sequer andar. O Yuri é um menino muito doce, de fácil relacionamento com outras crianças, especialmente as mais novas. Por isso, me dói pensar que, de algum modo, ele se sinta decepcionado com a condição do Caio. Sei que ele ama muito o irmão. E não é somente porque ele reforça repetidamente este sentimento com atitudes e palavras. Mas vejo em cada olhar que o Yuri dirige ao Caio. Na vibração por cada nova sílaba, por cada novo gesto que o Caio demonstra que aprendeu.

Quando eu convidei um dos casais de padrinhos do Caio para virem a batizá-lo, meus queridos Aline e Alessandro, eles prontamente aceitaram. E me contaram que Caio é nome de meninos fortes. Que eles tinham um casal de amigos com um filho, também chamado Caio. Um menino que superava, dia-a-dia, os obstáculos impostos pela paralisia cerebral. Com pais que lutavam incansavelmente junto àquele corajoso menino.

Há cerca de duas semanas, tive finalmente a oportunidade de conhecer este “outro” Caio. Na festa de aniversário da filhinha dos meus compadres. O Yuri se apaixonou imediatamente pelo menino! Veio me contar animadamente, que estava ajudando e ao mesmo tempo brincando, “com um menino com dificuldades”. Senti orgulho e fiquei feliz pelo Yuri. Orgulho porque ele não cansa de demonstrar, do alto dos seus 8 anos, que aprendeu a lidar com as diferenças aparentes. Com naturalidade e espontaneidade. Com solidariedade e igualdade. E fiquei feliz, porque ele e Caio brincaram muito durante toda a festa. No final, se abraçavam como velhos amigos. E o Yuri me reforçava – “Quero ver ele de novo, quero brincar mais vezes com ele. Somos amigos agora!”.

Olhava os dois e foi difícil conter a emoção ao vê-los juntos na cama elástica, atravessando o túnel, lutando com espadas de balões. Entendi que o Yuri via no amigo Caio uma possibilidade maior para o irmão Caio. De que ele pode ir além sim. E interagir mais, brincar mais, ser ainda mais feliz. Caio, hoje com 9 anos, é um criança “normal”. Com diferenças aparentes, mas inserido na escola, em festas, entre amigos. Como afinal é a própria sociedade: formada por indivíduos diferentes entre si. Obviamente não foi um caminho fácil, me confirmou a mãe do Caio. Mas é um caminho possível e recompensador.

Olhando Yuri e Caio brincando, eu tive certeza que sim. E que não preciso sofrer pelo Yuri, mas ficar feliz pelo irmão que ele e Caio são um para o outro. E ainda, como bem me avisaram a Aline e o Alessandro, todo Caio é guerreiro!



Yuri e seu novo amigão, Caio!

Olha aí a alegria dele com seus dois Caios!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Tirando o pó

Pra quem não sabe o motivo do "sumiço": estive 10 dias de férias inesperadas, dadas por meu chefe, para resolver os problemas de saúde do Caio.

Vejam bem, 10 dias de férias para quem tem marido, dois filhos e não tem empregada nem grana sobrando, são 10 dias de trabalho diferenciado. Mas eu curti.

Claro que teve o fator motivador das férias - o Caio.

Ele tem tido vômitos freqüentes. Então, nesses 10 dias, fomos em 4 médicos e fizemos dois exames. Ele tem/está com glaucoma, refluxo e esofagite.

Mas tudo bem, alguns momentos de semi-surto e a gente segue em frente. TUDO VAI DAR CERTO!

Deu pra cochilar grudada ao Caio no meio da tarde, preparar o lanche do Yuri para a escola, criar uma balsa de sucata, cantar "a roda do ônibus roda roda" até enjoar (e enjoei mesmo), fazer negrinho e comer na panela (o do Caio era de leite de condensado de soja)...

Até deu uma certa saudade de poder fazer isso todos os dias. Mas sei bem que lá pelo 60º dia eu já estaria clamando outras atividades. Mas é justamente essa quebra daquilo que é rotineiro que fazem as férias se tornarem tão gostosas...

Agora delícia maior são essas carinhas aí de baixo... Não concordam?

Cara sapeca, mas pra mim, sempre linda


O sorriso e a alegria que tanto amo e admiro!

Alguém já provou pirulito mais gostoso?

Rosto pintado de criança, pose irreverente de "pré-adolescente" (ai, meus sais!)


O militar mais lindo da Base Aérea de Canoas!

Fazendo pose... Ele se acha, né? (E eu tenho certeza - hehehe....)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O maior tesouro

Eu quero apenas olhar os campos,
Eu quero apenas cantar meu canto,
Eu só não quero cantar sozinho,
Eu quero um coro de passarinho,
Quero levar o meu canto amigo,
A qualquer amigo que precisar.

Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar
Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar

Eu quero apenas um vento forte,
Levar meu barco no rumo norte
E no caminho o que eu pescar
Quero dividir quando lá chegar
Quero levar o meu canto amigo
A qualquer amigo que precisar

Eu quero crer na paz do futuro,
Eu quero ter um quintal sem muro
Quero meu filho pisando firme,
Cantando alto, sorrindo livre
Quero levar o meu canto amigo
A qualquer amigo que precisar

Eu quero amor decidindo a vida,
Sentir a força da mão amiga
O meu irmão com sorriso aberto,
Se ele chorar quero estar por perto
Quero levar o meu canto amigo
A qualquer amigo que precisar

Venha comigo olhar os campos,
Cante comigo também meu canto
Eu só não quero cantar sozinho,
Eu quero um coro de passarinhos
Quero levar o meu canto amigo
A qualquer amigo que precisar

(Roberto Carlos - Eu quero apenas)

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Nenê, Anísia, Edson, Jana, Ana, Nalu, Dê, Dani S, Márcia, Bibi, Isa, Lê, Alê, Angélica, Babi, Tati, Marcinha, Greice, Dê RJ... quem tem amigos como vocês tem muito mais que um milhão deles!
Não me canso de repetir: por mais que eu me esforce, numa poderei retribuir à altura todo o bem que vocês nos fazem. Deus os abençoe!

Saldo do Dia da Criança

Ito fazendo folia na sua piscina de bolinhas!

Yuri em pose de galã com os presentes mais desejados!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Dia das Crianças - Expectativas

Algumas datas me deixam mais sensível.
O Dia das Crianças acaba sendo uma delas.
Primeiro, porque o Caio não recebe brinquedos na mesma proporção que o Yuri, por ainda existem pessoas de nosso convívio que acham que "não adianta".
Depois, porque até na busca de presentes para meu caçula, encontro barreiras.
Me dói olhar as vitrines repletas de bicicletas, de carrinhos e outros tantos que ele não consegue usar. E nem saberemos se um dia ele poderá usar.
Me chateia que ele ainda não faça sua lista de pedidos, como o Yuri fazia (e ainda faz).
Eu decido por ele, escolho o que acho mais adequado.
Neste ano, em especial, me apaixonei por um robôzinho.
Além de não estar dentro das minhas po$$es, meu Caio não consegue conduzi-lo. E este "não conseguir" ainda me dói.
Mas compramos, por indicação de suas terapeutas, uma piscina de bolinhas.
Será útil e divertido ao mesmo tempo.
E quem sabe ainda dê tempo dele vir a conduzir o robôzinho sonhado?

P.S. Yuri, sempre generoso, fez sua lista de presentes...

"Para o Yuri:
- camisa do Manchester United
- luva de goleiro
- pista do Pântano
- bola de futebol oficial

Para o Caio:
- boneco do Júlio
- brinquedo Fisher & Price pra ele aprender algo
- um carrinho
- bastante leite de soja"

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Existe um culpado?

Recentemente lhes apresentei aqui a fonoaudióloga Rosana, um novo anjo para o Caio e todos nós. Temos aprendido muito com ela, com sua experiência profissional e como mãe também. A filha dela, de 1 ano e meio, tem um quadro neurológico muito parecido com o do Caio, com uso das mesmas medicações, indicação das mesmas terapias. E ela também tem desabafado conosco, sobre a difícil, e minha conhecida, tarefa de conciliar carreira (nos nossos casos necessária) e a maternidade de uma criança com necessidades especiais. Ela trabalha três vezes na semana e tenta conciliar os cuidados com a filha. A mãe dela cuida na menina nos demais dias, mas, segundo a Rosana, não a estimula o necessário, deixa ela dormir demais e tal.

Para quem ainda não sabe (?), a paralisia cerebral do Caio é decorrente de falta de oxigenação no parto, adiado por uma errôena decisão médica de adiar uma cesárea por 5 dias. Caio acabou nascendo de parto normal, mas as infecções subseqüentes lhe deixaram o cérebro bastante lesionado. Levei quase dois anos para decidir ir atrás do que acredito serem nossos direitos. E um dos fortes motivos na demora da minha decisão é a minha crença pessoal de que cada um escolhe sua missão. Caio não tem paralisia cerebral e não é meu filho por mero acaso ou acidente. Já estava escrito e tanto eu quanto ele, assinamos embaixo.

Mas um dia desses me sensibilizei muito com um desabafo da Rosana, de que nós temos a quem culpar. "Vocês colocam a culpa do Caio ter deficiência no hospital e no atendimento que receberam. Mas e eu? Minha filha nasceu com má formação. Culpo quem?".

Foi esse questionamento, de busca por culpados que me fizeram emperrar muitas vezes. Reitero tantas vezes que o Deus no qual acredito não impõe nada. Não castiga. Não culpa. Mas então, todos os envolvidos comigo e com o Caio escolheram fazer parte dessa história. E eu me perguntei se, ao buscar a justiça dos homens, eu estivesse renegando aquilo que nos foi destinado. Mas, conversando com um iluminado amigo, ele pôde me esclarecer. O mesmo Deus que não impõe, nos dá o livre arbítrio. E se afinal estamos aqui para aprender, e não para uma passagem estática, escolhemos nossas lutas e como travá-las. O essencial é que o imperativo seja o amor. O resto vem como conseqüência dessa escolha maior. Inclusive e, principalmente, mudanças que possamos criar, por nossa livre vontade.

Gostaria de poder dar este alento à Rosana. Nem eu, nem o Caio, nem ela, nem sua filha, estamos sendo castigados ou temos qualquer culpa. Não fomos necessariamente pessoas más em outra encarnação, nem nada disso. Escolhemos estar perto dessas crianças, dessas vidas tão especiais, tão iluminadas. E só posso assegurar que por mais que às vezes seja dolorido, é também uma benção incomensurável.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Fazer o quê?

A gente cria os filhos com amor, dedicação.
Tenta mostrar o caminho do bem.
Lhes apresenta música clássica porque, dizem, faz bem aos neurônios.
Mostra Hélio Ziskind, Palavra Cantada e Toquinho para Crianças.
Mas um dia, eles começam a fazer suas próprias escolhas...
E a pergunta é: essas risadas não são o melhor argumento do mundo?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Meu menino de ouro!

Ano passado, no primeiro torneio, ele já foi prata.
Então, ele foi convidado para um segundo torneio.
E me dizia super confiante: "Não tem pra ninguém, mãe, dessa vez o Ouro é meu!".
Eu tentava lhe explicar que o mais importante é competir, participar. Que nem sempre se vence... Feliz com sua auto-estima elevada, mas apreensiva, com medo de uma decepção muito grande.
Sábado agora, então, aconteceu o tal torneio...
E... não teve pra ninguém!
Meu judoca faixa amarela levou o Ouro!
E a mamãe aqui a derramar lágrimas de orgulho, claro!
Ele ainda me afirmou: "Viu mãe, eu disse que ia lutar pelo ouro e foi o que fiz".
E pra quem não lembra, quando ninguém falava em Olimpíadas, ele já me prometia sua participação na
competição de 2020.
Eu, agora, não duvido mais. E vocês?




Antes da luta, já confiante na vitória, ao lado dos colegas

Uma torcedora especial que foi assisti-lo (o menino já tem fã-clube!)

No pódio! A mãe fotógrafa segurava as lágrimas!

Família babando de orgulho!

O mano Caio também não cabia em si de contente!

Com a profe. Ane, sua mestra desde 2004!

Eu sempre disse - e soube- que ele vale mesmo é OURO!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Heróis do mundo real

É mais uma vez, tomada pela emoção e pela esperança, que vejo o triunfo de nossos paraatletas numa competição. A exemplo do Parapan, os brasileiros portadores de algum tipo de deficiência, deram show! São exemplos lindos de determinação e coragem!
E tal como escrevi naquela época, continuo achando admirável que um país que oferece tão poucos incentivos esportivos e políticas inclusivas consiga a nona colocação no quadro geral de medalhas, com 47 premiações.
Houve um destaque na mídia e li numa famosa revista semanal que os programas de incentivo à prática desportiva aumentaram consideravelmente. Bacana.
Mas gosto de reforçar a vitória maior, as histórias de superação individuais... De cada um da comissão paraolímpica brasileira.
Meu Caio tem 3 anos. E as calçadas de nossas ruas não estão prontas para recebê-lo, em seus carrinhos. Os olhares das pessoas não estão prontas para enxergar um menino que não anda. E ele tem apenas 3 anos.
Imagino a luta desses atletas, de suas famílias, de seus verdadeiros amigos. A torcida fiel! De não desistirem ao primeiro não, ao preconceito velado ou assumido. Um verdadeiro teste de resistência - de vida! Até chegarem aos mais altos lugares do pódio mundial.
Dia desses, assistindo um boletim com resultados dos Jogos Paraolímpicos, o Yuri me diz que tem vontade de chorar. Eu ensaio um discurso sobre como são admiráveis estes atletas, e que não devemos chorar por eles... Ao que ele me responde: "Mas é isso, mãe, tenho vontade de chorar porque acho muito lindo eles serem deficientes e serem campeões".
É, meu filho, lindos campeões. Provando mais uma vez, para todo o mundo, que não existem limites para a determinação. E que realmente deficiência não é incapacidade. Uma lição que vale ouro.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Uma saudade transformada

Pela primeira vez, em 7 anos, está doendo menos.
Começo a ver que meu mundo desmoronado pode ser reconstruído. Os porquês, o vazio, estão sendo, pouco a pouco, substituídos. Não busco mais respostas para aquilo que, aprendi, era o que nos estava destinado.
Agradeço a oportunidade de ter tido uma pessoa como o Jon em minha vida e poder ter feito parte da dele. O vazio se modificou. Jon não partiu, mudou-se. Deixou de estar neste plano, mas não próximo a mim. Nos momentos mais difíceis dos últimos tempos soube que ele esteve ali ao meu lado.
E o que era tristeza, vira conforto.
Sei que permanecemos juntos, porque unidos por um amor maior que tudo. E para um sentimento verdadeiro assim, a morte não é nada.
Custei a entender isso. Mas também sei que comparado à eternidade, ainda tenho muito tempo a desfrutar desta lição.
Existem momentos em que gostaria de ter meu irmão fisicamente presente. Mas o amo tanto, tanto, que sei que ele está bem, que sua missão foi lindamente cumprida. Que estamos unidos. E que vamos nos reencontrar. A tristeza deixa de existir, e o que fica é apenas uma doce e amorosa saudade.



Jon, obrigada por ter me escolhido para trilhar parte do caminho contigo. Obrigada pelo amor, pela amizade, pelo sorriso, pelas lições.
Eu te amo. Eternamente. Deus te abençoe.
Um beijo da mana.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Uma força que sei de onde vem

Eu vi um menino correndo
eu vi o tempo brincando ao redor
do caminho daquele menino,
eu pus os meus pés no riacho.
E acho que nunca os tirei.
O sol ainda brilha na estrada que eu nunca passei.
Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga.
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou.
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou.

Por isso uma força me leva a cantar,
por isso essa força estranha no ar.
Por isso é que eu canto, não posso parar.
Por isso essa voz tamanha.


Eu vi muitos cabelos brancos
na fronte do artista
o tempo não pára
no entanto ele nunca envelhece.
Aquele que conhece o jogo,
o jogo das coisas que são.
É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão.

Eu vi muitos homens brigando.
Ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta,
é a coisa mais certa de todas as coisas.
Não vale um caminho sob o sol.
É o sol sobre a estrada, é o sol sobre a estrada, é o sol.

Por isso uma força me leva a cantar,
por isso essa força estranha no ar.
Por isso é que eu canto, não posso parar.
Por isso essa voz tamanha.

(Força Estranha - Caetano Veloso)

Um novo anjo para Caio

Existem os momentos de revolta e indignação, em que questiono os maus profissionais que cruzaram meu caminho e do Caio, transmutando nossos destinos. Mas, buscando ver a metade cheia do copo, agradeço os anjos enviados por Deus para cuidar dele. Já falei da Jaque, a pediatra; da Fabi, a neuro e a mais recente, a anja Daniela, a nutricionista que colocou nosso menino na curva do peso adequado à idade, após 2 anos com ele sempre abaixo da linha vermelha. Anjos porque vão muito além da relação médico-paciente, ou resgatam nela a sua essência. De um ser humano ajudando outro. De olhar além de um exame ou laudo para definir um diagnóstico. De auxiliar, mesmo que fora de sua especialidade médica.

E assim, o Pai, em sua generosidade, nos enviou a fonoaudióloga Dra. Rosana. Foi uma longa espera até conseguirmos uma bolsa para este tratamento. Mas, dentro da minha crença, veio na hora e especialmente com a pessoa certa.

A dra. Rosana tem uma filha de um ano e meio em condições neurológicas muito semelhantes às do Caio. E como profissional da área da saúde, nos abre um mundo de possibilidades para ampliar as chances de reabilitação de meu filho. Através dela, conseguimos a goteira via SUS, algo que por meios particulares seria inviável pra nosso orçamento. Também partiu dela a possibilidade do Caio começar a utilizar o parapódium. Ela tem nos ensinado muitas coisas. Brincadeiras sensoriais, uso criativo de objetos relativamente baratos mas que se tornam instrumento de estímulo. Dela, partiu a sugestão de uma nova brincadeira que o Caio tem amado - a piscina de bolinhas! Não temos como comprar? A dra. Rosana nos indica como adaptar uma piscina plástica e onde comprar a um ótimo preço, um cento de bolinhas.

Era pra ela ser responsável pelo estímulo da fala e da deglutição. Mas em pouco menos de dois meses, já aprendemos muito sobre estimulação visual, sensorial, cognitiva, motora. O desenvolvimento do raciocínio do Caio, por exemplo, é visível.

Quando penso nos desígnios que tanto acredito, só posso mesmo crer que nenhuma folha cai sem o conssentimento de Deus. E não é a toa que esses anjos são destinados ao meu guerreiro. Um menino abençoado desde sempre.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Essa é pra quem tava com saudades das carinhas...

Caíto atracado numa bolacha, tentando recuperar os 800 gr perdidos...
Yuri, baita moço, que fui eu que fiz...

Sempre lindo vê-los juntos - amor que emociona!

Yuri e Fluke, o novo membro da família.

O sorriso vencedor que transparece aos olhos e dificilmente se apaga...

P.S. Fotitas tiradas ontem.