quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Um olhar sobre o presente e o futuro

Em tese eu não ia postar mais antes de 2011... mas hoje pela manhã aconteceu um fato que não posso deixar passar... se tornou o símbolo do que aprendi em 2010 e o que desejo a todos os que amo, a meus amigos, leitores, ao mundo inteiro.




Yuri ganhou uma sonhada bicicleta aro 26 de Natal. Se emocionou imensamente e está curtindo horrores o presente (quem me acompanha no Orkut e Facebook, já deve ter visto as fotos).


Caio, semana passada, coincidentemente, foi posto na bicicleta adaptada pela sua fisioterapeuta, na ACADEF. E adorou! Tanto que hoje, ela me contava, ele não se concentrava em sua sessão de fisioterapia, ficava o tempo todo esticando os olhos para o canto da sala onde a bicicleta estava repousada. Até que sinalizou claramente que queria ir até ela. A fisio o colocou e ele se realizou! Andou, buzinou, a maior alegria... alterna momentos de coordenação e outros sem... mas, o essencial, é que apostou no seu desejo, o realizou e ficou feliz.


Fotografei ele e, baixando as fotos, foi impossível não fazer a analogia...





Olha para meu Caio e sua alegria, sua determinação em fazer tudo do seu jeito, sem pensar se está certo ou errado... e com a capacidade inspiradora de ser feliz simplesmente porque sim... e vejo um futuro repleto de esperança.
Assisto Yuri pedalando, realizado no seu objeto de desejo... Olho para ambos os meninos, cada qual do seu jeito, dentro de suas possibilidades, andando de bici e sendo feliz!

Que a vida seja simples assim, que tenhamos sempre novos sonhos mais a vontade de lutar por eles. Que não tenhamos medo daquilo que é tão somente aparente. Que nos apeguemos ao desejo firme de sermos felizes pela felicidade em si.... como meus andadores de bike me relembraram hoje...

Um lindo 2011 para todos!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010

Se me perguntarem se 2010 foi um ano bom, saio pela tangente: foi um ano difícil. O que não quer dizer que foi, necessariamente, ruim. Mas, como diz aquela personagem da tv, "bom, bom, booom não foi...". Eu, que tenho a mania de tentar sempre enxergar a metade cheia do copo, suspiro aliviada: está acabando! E, independente, de classificá-lo estáticamente em bom ou mal, 2010 será um ano que não esquecerei.

Foi um ano, especialmente, de rupturas.
Rompi com medos, com relações, com o passado, com pré-conceitos e até mesmo com velhos conceitos enraizados desde a minha infância. E no saldo geral, considero isso bom.

Rompi a barreira do meu preoconceito interior da forma mais plena. 2010 foi o ano em que encarei a deficiência do meu Caio de frente. Como costumo dizer, escrever e pensar, ainda sonho gigante para seu futuro. Mas decidi não atrelar mais nosso presente a essas expectativas. Enquanto isso, a vida acontece. E pode ser prazerosa. Um exemplo disso, foi a recente indicação para que ele troque sua órtese, já pequena, e a cadeira de rodas por outro modelo, mais adaptado à futura condição de estudante. Lembro de dois anos atrás, o quanto sofri, chorei e neguei, quando lhe foram indicados esses equipamentos pela primeira vez. Hoje sei claramente o quanto ele precisa deles para ter mais qualidade de vida. E sua deficiência é simplesmente a nossa condição. Ao invés de me lamentar, agradeço que tenhamos acesso a tais benefícios. E isso se aplica à toda nossa vida: quando encaramos nossos medos de frente, eles diminuem e tudo fica mais fácil. Dá até pra ser feliz.

Foi o ano também em que rompi meu casamento. Em que rompi com tudo o que sempre me foi ensinado e me entreguei à uma nova, breve, porém intensa, paixão. Quase meio ano depois, percebo que não foi um rompante. Resolvi dar outra chance ao meu relacionamento de quase 19 anos, mas, devo confessar, ainda não sei se estou no caminho certo. Às vezes penso que a gente nunca sabe se está. Sei que mudei, que nunca mais fui a mesma. Aprendi a me respeitar muito mais e exigir que meu parceiro faça o mesmo. Descobri que posso e devo me priorizar em alguns momentos. E, vendo desse ângulo, foi algo que só me fez bem, de um jeito ou de outro.

Uma das maiores dores que tive foi o rompimento de uma grande amizade, que eu acreditava demais ser um sentimento de verdadeiras irmãs. Neste, eu ainda evito pensar muito. Coloco na sacolinha das coisas que tinham que acontecer. Aprendi a ficar mais sozinha, mais introspectiva, mais reflexiva. Aproveitei a solidão para focar minha energia em outras atividades e aí me joguei de cabeça no Censo e consegui ganhar um dinheiro razoável por um tempo, surgiu o trabalho voluntário do Pestalozzi e Dinha Doces cresceu a todo vapor. Vou ensaiando ainda este caminhar sozinha, eu e meus filhos... Yuri sente falta também e não entende bem. Mas sou grata a tudo que vivi ao longo de tanto tempo com pessoas que nos foram tão queridas. Se um dia a gente se redescobrir, meu coração está aberto. Caso contrário, apenas agradeço, com amor.

2010 também foi um ano para aprofundar a amizade com meu Yuri que, eu vejo com tanta emoção e orgulho, cresce um menino tão correto, tão coração e, ao mesmo tempo, inteligente, generoso e solidário. Só posso agradecer à Deus por essa benção tão gigante. Que Ele siga protegendo os caminhos do meu quase adolescente.

Foi também um ano de reencontros, alguns virtuais, outros com direito a visitas pessoais, memórias, risos... Cass, Géssica, Gérsinho, Laura, Deca... obrigada por retornarem à minha vida e trazerem lembranças tão bacanas do Becker e da Fabico. E o ano do fortalecimento de novas amizades virtuais muito preciosas, como a Biih, a Lu e a Karla, a Marlene, a Núbia, a Naná. Bem-vindas, voltem sempre!

Então, agora mesmo, enquanto escrevo o texto, não consigo achar 2010 um ano ruim.
Foi, repito, um ano difícil.
Foi, como diz um dos textos que publiquei, campeão de acessos, o ano do fogo.
Mas, acho que passei pelo fogo. E sobrevivi.
Que venha, então, outro ano pela frente!

Desejo de coração a todo mundo que entra aqui, que espia, que lê e reflete, que deixa comentário ou não, que me manda email, ou que apenas nos prestigia com seu precioso tempo...
um feliz ano novo!

Nos vemos em 2011!

Com amor,
Dinha, Caio & Yuri

sábado, 25 de dezembro de 2010

Minha prece de Natal

O aniversário não é meu, mas gostaria de pedir alguns presentes.
Saúde aos meus filhos, em primeiro lugar.Amigos, poucos, verdadeiros e bons.
Tranquilidade para lidar com aquilo que me está destinado.
Generosidade e sabedoria para viver um dia de cada vez.
Mas aí me dei conta que, como já disse, a aniversariante não sou eu.
Então desejo a todos, o presente que Ele nos deixou:
Paz na terra aos homens de boa vontade.
Amém.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O melhor de cada um

Acredito que uma das mais valiosas que o Caio me traz é, a cada dia, lembrar o quanto somos felizes. A comiseração da própria história não nos leva a nenhum lugar que não seja o amargor. E, depois, como sempre digo, eu realmente acredito que escolhemos viver o que vivemos. Podemos transformar o modo como vivemos e aí reside a grande diferença entre viver e passar a vida apenas. E eu quero muito fazer por merecer a primeira opção.
Então, com alegria, recebi o convite da diretora da escola do Yuri, agora também presidente do Instituto Pestalozzi de Canoas, a realizar um trabalho voluntário de assessoria em comunicação para a instituição.

Apesar de ser realmente voluntário é uma oportunidade para aumentar minha rede de relacionamentos profissionais (quem sabe daí não surge um novo emprego?), de exercer aquilo que acho que sei fazer e, principalmente, de poder ajudar algumas pessoas. Embora possa parecer pretensioso, acredito que já tenho alguma experiência neste universo da pessoa portadora de deficiência e que gosto de compartilhar. Gosto de mostrar o lado positivo, o lado do crescimento, o lado da alegria de viver, da superação, da emoção diária. Não dá pra passar a vida inteira enxergando só as barreiras. Se esta é nossa condição (a de deficiente), vamos vivê-la da melhor forma possível.

É com muito orgulho que esta semana saíram do forno nossas primeiras criações, com meus textos e diagramação: um cartão de Natal e o número 1 de nossa newsletter eletrônica.

Agradeço mais uma vez ao meu Caio por me ensinar tantas coisas importantes, mas, principalmente por me mostrar que o pouco que a gente acredita que tem sempre pode ser útil para ajudar ao próximo. Ou mais ainda, que se tratando de carinho, boa vontade e solidariedade, o pouco não existe. Como consagrou o poeta, tudo vale à pena, se a alma não é pequena.



O cartão de Natal, com árvore feita de mosaico de fotos de alunos do Instituto.


A Newsletter eletrônica, inicialmente bimestral.


O selo criado para a campanha Pestalozzi - Ano 85 - De Portas Abertas, que será trabalhado ao longo de 2011.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Um dia de Domingo

"Eu preciso te falar
Te encontrar
De qualquer jeito
Pra sentar e conversar
Depois andar
De encontro ao vento
Eu preciso respirar
O mesmo ar que te rodeia
E na pele quero ter
O mesmo sol
Que te bronzeia
Eu preciso te tocar
E outra vez
Te ver sorrindo
Te encontrar num sonho lindo
Já não dá mais pra viver
Um sentimento sem sentido
Eu preciso descobrir
A emoção de estar contigo
Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como um dia de domingo
Faz de conta que
Ainda é cedo
Tudo vai ficar
Por conta da emoção
Faz de conta que
Ainda é cedo
E deixar falar a voz
do coração"

Um Dia de Domingo - Michael Sullivan e Paulo Massadas


Quase cinco meses se passaram.
A única coisa que sei é que não sou mais a mesma, nunca mais fui.
E que não há um único dia que eu não lembre disso.
Do resto, nunca mais tive certeza de nada...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Siglas

Eu, como toda mãe, considero meus filhos meninos especiais. Acho que são os mais lindos, os mais espertos, os mais amorosos... Mas me sinto desconfortável quando chamam o Caio, por sua deficiência, de "especial". Sinto nesta palavra um preconceito velado, como li certa vez num blog. Entendo que as pessoas tenham medo, talvez, de me ferir. Eu mesma custei muito a usar a palavra correta: deficiente. É o que meu filho é. Não é um adjetivo que o desqualifique, é a sua condição.

Houve um tempo em que se chamavam os deficientes de PNEs -Portadores de Necessidades Especiais. Não sei de onde surgem essas siglas. Hoje, é mais usado o PPD - Pessoa Portadora de Deficiência. Acho mais correto. Mais abrangente, mais igualitário.

Especialmente neste momento em que visitei escolas à procura daquela que me pareça ideal para o Caio este é um pequeno detalhe que me chamou atenção. Pode parecer - e talvez até seja - besteira minha, preciosismo... mas meu filho não é portador de nenhuma necessidade especial. As necessidades dele são as mesmas de qualquer outra criança, de qualquer outro ser humano. Ele precisa ser respeitado em sua individualidade. Ter o direito de ir e vir livremente. Precisa ser escutado, ainda que não fale. Precisa ser bem alimentado - ainda que seja em sua dieta restrita. Precisa ser bem higienizado, sem preconceito. Não pode nem deve ser subestimado. Deve ser estimulado.

Obviamente que, enquanto cadeirante e portador de paralisia cerebral, há que se fazer adaptações que sim, são necessárias. Mas para garantir seus direitos básicos - saúde, educação, sociabilização - e não "necessidades" especiais.

A sociedade precisa entender que acessibilidade não é apenas um problema de portadores de deficiência. É um problema para pobres, homessexuais assumidos, minorias étnicas, obesos. Para todos aqueles que, de algum modo, são diferenciados. Mas, como sempre digo, a inclusão começa em cada um. Em não se automaquiar, buscando disfarçar sua imperfeição. Claro que existem momentos em que sonho com meu Caio mais igual às demais crianças, andando, brincando, interagindo. Mas afirmo com toda a verdade do meu coração que não é vergonha nem algum sentimento de inferioridade que impulsiona meu desejo. É um simples e natural anseio materno. Porque hoje entendo que a vida se tornou, se não mais fácil, mais leve, ao assumir meu filho como ele é: o mais lindo, o mais esperto, o mais amoroso E uma pessoa portadora de deficiência. Meu amado PPD!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Coisicas

A semana tá passando a jato e minha cabeça está numa velocidade absurda... é idas e vindas em escolas pro Caio, mil atividades de fim de ano do Yuri, um trabalho voluntário que estou realizando, mais encomendas de docinhos e as tradicionais caraminholas de fim de ano... então tenho cinco mil idéias pra postar e zero tempo pra desenvolver melhor.
A saída são as sempre fáceis rapi-Dinhas:

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Conversa vai, conversa vem e me convenceram (ou fui convencida, porque acho que, no fundo, é o que eu sempre quis): Caio está inscrito numa escola regular para 2011. Ainda falta uma entrevista com a Equipe de Inclusão, que vai abordar todas as necessidades dele que a escola vai suprir, mas parece definitivo. Em breve, se Deus quiser, a matrícula efetiva. Assim que sair, compartilho aqui.

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A lista de Natal do Yuri ano passado ainda era cartinha pro Papai Noel, pedindo Hot Wheels, alguns games e outros brinquedos. A desse ano é uma lista diretamente endereçada for me, com os seguintes itens: gel para o cabelo, perfume de homem (significa que não pode ser linha Infantil), roupas fashion, óculos new wave, dinheiro para fazer mechas na franja, chuteira F50.
Sim, definitivamente ele cresceu.

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O Natal, como sempre, tá mexendo muito comigo.
Esse ano quero tentar reproduzir ao máximo a ceia de Natal que minha avó Piti nos fazia todo ano.
Vou me empenhar para fazer suas tradicionais bolachinhas coloridas.
Freud explica?

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Essa semana, na ACADEF, conversando com a recepcionista, ela me pergunta se não sonho ainda em ter uma menina. Respondo que não, por três fatores: falta de dinheiro, falta de paciência pra começar tudo outra vez, idade avançada. Ela pergunta minha idade, respondo e ela fica - visivelmente - de queixo caído. Diz que me imaginava com, no máximo, 30 anos. Sério, quase beijei ela na boca! Hahahaha!

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Essa semana tive a oportunidade de conversar longamente com minha amiga, irmã e comadre Janinha... E lembrar porque a amo tanto. Só com ela consigo ser 200% transparente, assumindo sentimentos que me parecem inconfessáveis até pra mim mesma. Como é bom a gente ter alguém assim!

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Minha cunhada está bastante deprimida em seu tratamento contra o câncer.
Está na fase de perder todo o cabelo, etc.
Eu queria muito ajudar, mas tivemos um distanciamento relativamente recente e agora me parece tão fake querer reaproximar, por mais que eu queira, sinceramente. Não sei o que fazer.

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Eu sei que minha cabecinha é confusa.
Mas o coração tem me sacaneado um monte também, por esses dias...

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O IBGE nos mandou um 13º ridículo, que não fecha com nenhum cálculo cabível, e não tem ninguém para nos explicar. Transparência zero. Nesse quesito, trabalhar no Censo foi uma m*.

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Cheia de resoluções para 2011 que, vocês já perceberam?, já está batendo à porta.
Como sempre, com esperanças renovadas.