terça-feira, 27 de maio de 2014

Até mais, Tonhão!

Hoje, Caio encerrou um importante ciclo. Após 1 ano e 9 meses, deixamos a equoterapia.

Imagino o quanto essa notícia possa provocar espanto em todos os nossos amigos, em todos que acompanham nossa luta, torcem por nós. Durante meses, eu tentei um padrinho para este tratamento, tão necessário mas inacessível ao nosso orçamento familiar. Conseguimos. Caio fez equoterapia apadrinhado por 5 meses. Depois, o padrinho precisou se retirar. E por outros 6 meses, lutei, pedi ajuda, fiz rifa, vakinhas, ganhamos nossa Feijoada Amiga, fomos matéria de jornal e TV. E o novo padrinho veio, cheio de amor no coração para nos apoiar.

E é por amor e gratidão ao IMENSO apoio que recebemos para realizar este sonho, que venho compartilhar este novo momento.


Não foi uma decisão fácil. Acredito que nunca é, quando se trata de escolher o melhor para nossos filhos. Ainda mais quando ele vem como Caio, tão cheio de necessidades. E saber que MINHAS escolhas poderão ser determinantes mais do que à felicidade DELE, à sua qualidade de vida. Mas ao longo destes 21 meses em que Caio praticou equoterapia, ele mudou. Evoluiu, claro. Cresceu – física e cognitivamente. E suas necessidades, como as de qualquer criança, também mudaram.


Ele tem apresentado respostas positivas na escola que superam (mais uma vez) todos os prognósticos médicos recebidos. Que contrariam a probabilidade para uma criança com a neuropatia dele. Caio reconhece letras, formas, se esforça apontando-as para fazer entender suas vontades de realização. Então, conversando com a orientadora, concluímos que ele precisa de um bom estímulo psicopedagógico porque suas janelas neurológicas nesta área estão a mil! Não podemos desperdiçar esta oportunidade dele crescer ainda mais! Todos sabem o quanto desejo, o quanto sonho, o quanto me esforço para vê-lo caminhar. Mas acredito que ele se fazer entender, ele poder se comunicar melhor, ele se realizar na escola como uma criança comum, podem lhe trazer grande felicidade – e, também, facilidades vida afora.

Então tive que optar. Porque não é segredo pra ninguém que, acima de tratamentos e reabilitações, eu respeito a infância do meu filho. E ele já tem uma agenda bem cheia. Não quero mesmo ele ocupado 7 dias na semana. Ele precisa brincar. Ver TV. Fazer nada.

Fisicamente, ele está bem amparado, atualmente pelo Cuevas Medek Exercise (CME), 2X na semana mais a hidroterapia na ACADEF, uma vez na semana. Então, optei por nos desligarmos da equoterapia, que é o lugar mais distante, de difícil acesso para nós. Ainda que não paguemos – por conta do apadrinhamento – e seja um excelente tratamento, é também o mais custoso de manter.

Eu seguirei lutando pela equoterapia mais acessível. Para mais centros qualificados espalhados em cada cidade do país. Para mais empresas apadrinharem. Caio conseguiu por um tempo. Mas eu não consigo esquecer do número: 300 crianças na fila de espera pela chance de reabilitação. Quero mesmo é o SUS dando conta dessas crianças!


Reitero: Escolhas nem sempre são fáceis. Pelo contrário, algumas vezes são doloridas. Deixar o Cavalo Amigo é uma destas. Mas é preciso. Saímos com o coração repleto de gratidão. Saímos com vontade de um dia, em melhores condições, voltar. Saímos com a certeza de que CADA um desta equipe foi, em algum momento, nosso amigo de verdade. Cada um - Sandro, Silvia, Marcelo, Ítalo, Paula, Cris, Edna, Alex, Chaiane, Ester  - entrou em nossos corações para sempre. E esperamos ter deixado um pouquinho da gente, impresso no de vocês.


Eu não sou uma pessoa de dizer Adeus. Ensino meus filhos pelo mesmo caminho. A vida é cíclica. Muito fácil voltar a reencontrar pessoas. Ainda mais quando o bem é objetivo e conduta em comum. Então, fica o nosso até logo!

Até logo, amigo e terapeuta Tonhão!


P.S Impossível não deixar um agradecimento especial a TODOS que nos apoiaram ao longo deste tempo. Cada um. Cada ajuda. Cada palavra de força. Cada vídeo ou post compartilhado. Mas peço licença para agradecer com um carinho diferenciado a Cris Camargo, Túlio e T2 Horses, Dimi & Lu, Sid D’Jesus e equipe do Diário de Canoas, familia Kern, família Pinzon, Elisângela Veiga e equipe da TV Record, Letícia Dias, Solange Assis e Cursinho Biosfera. Muito obrigada. Com nosso mais profundo amor!



quinta-feira, 1 de maio de 2014

Andorinha??? Por que não?

Eu sempre gostei de estudar.
Quando engravidei do Caio, planejava uma pós-graduação.
E por mais que minha vida tenha tomado rumos loucos e corridos, ainda aspiro voltar a estudar. Uma nova faculdade, talvez.
Penso muito no Direito. Gosto. Acho que meu idealismo me qualifica para, ao mesmo tempo que, já imagino, me faça confrontar muitas coisas erradas do sistema. Penso que poderia ser bem útil na futura ONG que pretendo ter... penso...

Aí, com essa função toda de ter que me enfronhar mesmo no processo para o Caio receber o suplemento nutricional, vou me inteirando da linguagem, dos trâmites... e lanço, de bobeira, no Facebook, a pérola: "Se eu fosse um par de anos mais jovem, eu juro que cursava Direito".
Foi um post campeão de comentários. A maioria, me apoiando (ah, os amigos...). E aí uma linda, competente e querida advogada que conheço e amo, me diz que não vale à pena. Que é muito mais frustrante trabalhar num sistema engessado do que depender dele. E, normal das redes sociais, houve uma breve discussão sobre "alguém tem que tentar mudar" e "uma andorinha só não faz verão". 

Na verdade, esse post veio muito ao encontro de um dos inúmeros questionamentos que tenho, que é sobre o idealismo - especialmente o meu, claro.

Como tenho trabalhado diretamente há 3 anos com um vereador de minha cidade, tem a ver também com política. Este ano, é eleitoral. E há muito começaram as especulações sobre prováveis candidatos. Li na página de um jornalista que muito respeito: "E aí, Fulano, deverias te candidatar e ajudar as causas que tanto divulgas". E seguiram-se centenas de comentários. Os contrários à ideia, dizendo que o tal jornalista é muito íntegro e correto para estar entre os políticos, que são "uma corja". Os que apoiam a candidatura teórica, que é justamente de pessoas íntegras e corretas que a política precisa.

E é sobre isso minha reflexão: ser uma andorinha, que não faz verão.
Mas se não lutarmos pelo que acreditamos, quem lutará por nós? E lutar não é só reclamar e divulgar o que está errado. É pôr a mão na massa e tentar fazer diferente. Alguém precisa começar. No Direito. Na Política. Na Vida.

Certo que o caminho de todos os precursores, quando eram andorinhas, era mais difícil. Mas alguém tem que ser. SEJA A MUDANÇA QUE VOCÊ QUER VER. Até que mais andorinhas foram se chegando... e o verão se fez! É aquela história, ninguém disse que é fácil. Mas eu, adolescente idealista, ainda acredito que é extremamente recompensador.