quinta-feira, 31 de maio de 2007

I will survive

O ditado popular diz que depois da tempestade sempre vem a bonança. Às vezes, acontece o contrário.
Depois da linda festa dos meus meninos, de tantos presentes maravilhosos, de tantas mensagens lindas... os dias têm sido pesados.
No trabalho, coisas demais a fazer, sempre! E o mês sempre bem mais longo que o salário... enfim! "Cositas".
Agora, ruim mesmo foi o frio que chegou de vez aqui no Sul (a previsão fala no pior inverno dos últimos 7 anos! e olha que ainda estamos no outono). Ruim porque, se eu já detesto acordar cedo, imagina com 2 graus na rua e um vento congelante. Pior porque fiquei gripada, todos lá em casa ficaram (até mesmo o Yuri, imune nos últimos 4 anos). E mais-que-pior porque o Cainho pegou uma otite básica, mas até descobrirmos foram 2 noites sem dormir. E depois de 150 dias sem antibiótico, lá vamos nós outra vez. Mas, já dizia um célebre filósofo do povo: "faz parte".
Preciso resolver um monte de coisa na minha vida, mas não vai ser agora. E, tempestades à parte, como consagrou Gloria Gaynor, sei que vou sobreviver.
Só passei por aqui pra tirar o pó, agradecer as visitas e dizer que, se Deus quiser (e Ele há de querer), tudo vai voltar aos seus devidos eixos.

terça-feira, 22 de maio de 2007

A celebração

Foi realmente a celebração. Da vida, do amor, da amizade. Uma festa "solidária", feita com a ajuda de grande parte da família. O que existe de mais importante.
Bem diz o Stitch - "Ohana quer dizer família. Família quer dizer nunca abandonar ou esquecer".
No final do desenho, prestes a partir da Terra, ele se volta para os amigos que fez aqui
(no caso, a pequena Lilo e sua irmã Nani) e diz: "Esta é a minha família.
É pequena e imperfeita. Mas é minha". Tenho a alegria de dizer que algumas das pessoas
que aparecem aqui são a minha Ohana. Não são perfeitos (e quem é?), mas são os melhores amigos
e familiares que Deus nos reservou. E são nossos. Com muito orgulho.


Nossa "Ohana" reunida, no momento tão esperado.

O momento do parabéns... Cainho não cabia em si, de feliz!

Lindo trio... o outro integrante não parava de correr com os amigos...

Crianças dançando com os animadores.

Adultos dançando com os animadores (no fundo, o altão é o marido da Márcia POA)
Mesa das guloseimas... Vai um docinho aí?
Motherns com seus filhotes e o novo livro - Lê POA, eu, Ísis, Márcia POA, Babi, Karina e Tio Quico, o garçom animador da festa.

Márcia POA, o marido Paulo e Gabriela

Amizade nascida na internet (ou reforçada nela) e fortalecida fora dela: Jairo e Karina (Carol não quis mostrar sua beleza), Dani, Babi e Theo, Eu, Caio e Sandro, Jéf e Páti ao fundo

Ísis e Gérson, os raros "heróis" que conseguiram capturar o Yuri pra uma foto...
Dindos Jana e Edson, com o filhote Hector: os outros pais do Caio, com amor e dedicação comoventeMinha prima e irmã-desde-sempre Aline, Alessandro e a gostosa da Rafaella: dindos do Caio também - um menino especial assim merece estar cercado de gente idemO Banner que fizemos para os manos

O Banner do Caio (o Yuri ganhou um grandão qdo fez dois anos). O textinho em homenagem (adivinhem?): "A fé tudo pode. O amor sempre vence. Parabéns, Guerreiro Amado!"

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Dois e Um

Um ia chegar até o dia 20 de maio.
Escolheu o dia 17.
O outro era esperado para depois de 5 de julho.
Escolheu o dia 17 (de maio).
Um, tem cabelos lisos, é gordinho, dorminhoco, guloso, chora fácil.
O outro, tem cabelos rebeldes e volumosos, é esbelto, baladeiro, come pouco, tem o riso solto.
Os dois são doces, falantes, charmosos.
E com suas semelhanças e diferenças, fazem a soma mágica: os dois se transformam em um – um único e grandioso amor.
YURI e CAIO, mais uma vez agradeço a este dia abençoado, que trouxe vocês dois pra mim. Feliz Aniversário, meus filhos!


quarta-feira, 16 de maio de 2007

Ontem

Ontem, eu chorei.
E junto com as lágrimas, derramei medos e dores, arranquei fantasmas de dentro de mim.
E com o choro marejando meu olhar, me vi franca, inteira, com a força e a fragilidade que fazem parte do meu eu.
E com o rosto banhado, lavei também a alma, limpei as idéias.
Ontem, eu chorei.
E me tornei melhor para viver o hoje.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Fazer pensar

Foi com muito orgulho que recebi a indicação da Letícia com a distinção 5 Blogs Que Fazem Pensar. Primeiramente, porque a Letícia é minha musa inspiradora de muito do que tenho aprendido ultimamente sobre tudo – maternidade, preconceito, expectativas, amor acima de tudo. Em segundo lugar porque, por mais que o Meus Frutos tenha um misto de assuntos em sua pauta, sei que muito deste reconhecimento vem das reflexões que faço sobre ser mãe de uma criança com paralisia cerebral, deixando claro que muito dos meus medos e incertezas são iguais aos de toda mãe. E que o Caio é tão especial quanto os filhos de todas vocês. Então, mais uma vez, compartilho esta alegria com ele. E por último, mas não menos importante, foi a categoria do selo recebido. Thinking Blogger Award, os blogs que fazem pensar.


Fazer pensar é missão das mais gloriosas, especialmente nos dias de hoje. A velocidade e multiplicidade de informações trouxeram uma superficialidade que é absorvida como verdade absoluta para muitos. A internet é acusada de ser um forte elemento de contribuição neste processo. Mas o Thinking Blogger Award é uma das ferramentas que comprova o contrário. Existe vida inteligente na web. E o fazer pensar não necessita estar relacionado obrigatoriamente a grandes causas humanitárias ou tratados técnicos. Um humor feito com inteligência nos faz pensar melhor a realidade ao redor. Poesia com conteúdo nos faz refletir uma série de conceitos. Tudo o que nos conduz a um novo olhar sobre as coisas de sempre já é um honroso “fazer pensar”.

Penso que esta distinção muito me orgulha. Penso que sou leiga na língua portuguesa, em digitação, em estilo literário, na bloguesfera e na própria vida. Penso que estou envaidecida, motivada, feliz. E como um dos princípios dos agraciados pelo Thinking Blogger Award é fomentar esta corrente de blogs pensantes, lanço 5 que gosto muito e que, com suas particularidades e delícias, me fazem pensar.

Quero ser mãe – Sim, eu já sou. Mas além de me fazer pensar que o que para mim foi tão simples, para outras mulheres é o sonho e a luta de uma vida inteira, me faz valorizar ainda mais cada momento com meus filhos.

Tia Cris – Política, economia, violência, atualidades. O Brasil e o mundo como você nunca viu (ou nunca parou para pensar a respeito). Tudo com o humor maravilhosamente sarcástico de uma ex-colega de faculdade (e eu nem me aproveitei pra ser amiga dela naquela época). Sim, existe vida e, principalmente, mulheres inteligentes na web.

Carpinejar – Ele não é uma unanimidade (e já dizia Nelson Rodrigues sábiamente “toda unanimidade é burra”). Mas na maioria das vezes sua imensa sensibilidade chega a doer, de tão intensa e verdadeira.

Pai de Menina – Sim, na maioria das vezes, as crianças também têm pai. E neste caso, um pai participativo, engajado, repleto de boa bagagem pra deixar de herança para suas filhas.

Amigos de Lucas e Léo – Por favor, não o vejam como um simples blog para pedir ajuda na internet. Primeiro, eles me ensinaram que a dor do outro pode ser maior do que a minha. Depois, seus pais me ensinaram o que é o verdadeiro amor incondicional. E ainda me ensinam dois valores fundamentais: solidariedade e vontade de viver.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

O meu desenvolvimento

Costuma-se dizer que sempre que nasce um bebê, nasce também um pai, uma mãe e uma família. E este processo, eu vivenciei serenamente com a chegada do Yuri. A chegada do Caio foi uma revolução em minha vida. No começo, com a prematuridade inesperada e tudo o que decorreu dela, as coisas pareciam fora de controle, fora dos seus devidos eixos. Depois da internação, chegando em casa, eu precisei “aprender” a ser mãe de novo, numa situação diversa da primeira vez, com mais detalhes, maiores cuidados, enfim.

O primeiro ano do Caio foi extremamente doloroso pra mim. Porque foi um período de incertezas, medos, prognósticos muito negativos. Eu não passava mais do que 15 dias sem ter crises de choro compulsivas com medo do futuro que nos pintavam, questionando o mundo inteiro por nossa “falta de sorte” ou com a “injustiça” do destino.

Hoje, o cenário é outro. O primeiro aniversário foi a vitória da vida dele, que esteve ameaçada um par de vezes logo no seu turbulento início. O segundo, quase chegando, é uma vitória coletiva. É a vitória do amor, da persistência, da pesquisa, da dedicação. É a soma de várias vitórias individuais – minhas, do Sandro, do Yuri e de quem aprendeu a amar o Caio como ele é – com déficits* ou sem eles.

E neste momento, de serenidade conquistada, eu vejo o meu crescimento. Um processo que não vivenciei com o nascimento do Yuri. Mas que o Caio me presenteou. Tenho a certeza absoluta que meus filhos são, os dois, inquestionáveis bênçãos em minha vida. E dentro da minha fé pessoal, acredito piamente que eu e o Caio (e o Sandro, o Yuri e tu que estás lendo este post) escolhemos nossas trajetórias nesta encarnação. E acho que estamos cumprindo honrosamente nossos papéis.

Sempre me achei uma menina frágil, carente. Nunca tive coragem de me valorizar, enumerar minhas qualidades pessoais (até mesmo porque eu não as via). Hoje, não sou (ou não quero ser) mais esta menina. Sou uma mulher batalhadora, obstinada, corajosa. Tenho noção dos meus defeitos e limitações e estou me aprontando para aceitar os que não posso mudar, ao mesmo tempo em que estou dedicando um tempo para mudar aqueles passíveis de mudança. Estou tomando as rédeas da minha vida, pela primeira vez em 34 anos.

E tudo isso, devo muito a uma pessoinha que chegou na minha vida a pouco menos de dois anos. Alguém que tem se desenvolvido devagarinho, mas lindamente, todos os dias. Que me ensinou que eu posso fazer o mesmo. Um dia de cada vez.

Quando olho pra trás, vejo que hoje sou mais forte pra brigar pelo que acredito, deixei de baixar a cabeça para aquilo que não concordo. Ao mesmo tempo, sou mais sensível, mais diplomática, pra não meter os pés pelas mãos e sair esbravejando por justiça (a não ser que eu esteja munida de bons argumentos). Sou menos preconceituosa, faço muito menos pré-julgamentos do que costumava fazer. Concedo ao outro o benefício da dúvida. Desenvolvi minha fé. Deus é meu amigo, não é meu juiz. Não me castiga, me dá situações de aprendizado.

O Caio se desenvolveu imensamente desde o nascimento, considerando tudo o que ele passou, do ponto de vista neurológico. Reverteu um quadro considerado irreversível para um futuro repleto de perspectivas. E fez muito mais: revolucionou a minha vida, o meu coração. Me deu um novo olhar sobre tudo. Ele vai fazer 2 anos. Eu, 35. E estamos assim, de mãos dadas, prontos pra crescer muito mais, vida afora.


*Algumas pessoas já me apontaram que uso a palavra déficit e não deficiência, como um eufemismo pra mascarar a realidade do meu filho. Discordo. Acho que deficiência é um termo estático, definitivo. Déficit é uma carência que pode ser suprida, um quadro que pode ser alterado. O Caio não é deficiente físico. Ele é portador de paralisia cerebral, tem déficit motor, visual e fonoaudiológico (especificamente fono, não auditivo). Mas tem mostrado progressos constantes e significativos e todos os prognósticos apontam para a superação deles. Como costumo dizer, perde quem olha meu filho com esses olhares rotuladores e preconceituosos. Perdem a chance maravilhosa de conhecer um menino amável, alegre e muito sociável. O meu post de hoje só ratifica a grandiosidade desta pessoa maravilhosa que recebi como filho.