quarta-feira, 29 de novembro de 2006

O verdadeiro amor incondicional

A Márcia Gomes (ou POA, no LV), que amo de paixão, me deu uma dica bem legal e eu virei fã absoluta de um blog de uma mãe de gêmeos, nascidos prematuros e considerados portadores de PC – paralisia cerebral. A Letícia vive na Inglaterra há mais de um ano e passa em seu blog tudo sobre Educação Condutiva, um método maravilhoso sobre estimulação e o desenvolvimento dessas crianças. Ali, além das fantásticas teorias e métodos de como lidar melhor com portadores de PC, a Letícia consegue expressar maravilhosamente o sentimento que pais e mães de crianças com dificuldade de desenvolvimento (exatamente como o meu guerreiro Caio) têm algumas vezes. Cair não significa demérito ou falta de amor, nestes casos. Antes, pelo contrário, é a mais pura manifestação de humanidade de quem luta bravamente ao lado dos seus filhos. Esta semana ela postou um texto que adorei, porque é assim que sinto em relação ao Caio. E concordo em gênero, número e grau, quando ela diz que se ele fosse diferente, não seria o filho que conheço (e amo loucamente).

Na condição que eles são

Hoje pela manhã o Andy, pai do Thomas, veio se abrir comigo, disse que estava estressado, chateado e triste com a vida. Não conseguia ver o filho dele na condição que é e estar sempre em paz consigo mesmo. Me perguntou qual era o segredo que eu e meu marido temos, de estar sempre muito felizes.

Andy estava muito chateado com o desenvolvimento de seu filho e me confidenciou que vê ele como duas crianças: uma que é ele, o adorável Thomas, e outra que é uma chamada paralisia cerebral que está de mãos dadas com ele, e que está sempre o arrastando para trás. Ele tenta ir adiante, mas a outra criança não deixa.

Tenho meus piores dias, mas nunca tento ver os meus filhos como eles deveriam ser. Eles são assim, nesta condição. Se eles sempre choram quando chega uma visita, é porque eles ainda são imaturos para entender o contexto social. Se ele ainda acorda muitas vezes durante a noite, é porquê ainda não atingiu a maturidade suficiente para relaxar e recuperar seu dia de trabalho. Se ele sempre olha para o lado esquerdo quando deveria olhar para frente, é porque esta é a condição dele. Se eles fizessem algo diferente do que espero, então não seriam os meus filhos que conheço.

Tudo isso disse ao Andy, pois não significa que eles serão sempre assim, mas hoje é assim e é desta forma que devemos enxergá-los.

Extraído com a devida autorização do blog Educação Condutiva - Com Amor: www.educacaocondutiva.blogspot.com

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Eu sou mais que um rostinho bonito!

Uma das célebres frases que os gordos (especialmente as gordas) costumam ouvir com freqüência é: “mas tu tens o rosto lindo”. Essa frase sintetiza tudo, como se o rosto fosse a única coisa que se salve no gordo. E eu estou cansada. Não quero mais ouvir esta frase.

Em primeiro lugar, porque muito antes de um rosto bonito, sou dona de um cérebro pensante e de um generoso coração, dotes que acho bem mais louváveis e, até mesmo, muito mais em falta no mercado. Depois, porque não quero mais ser gorda. Aliás, gorda não. Obesa. Meu IMC (índice de massa corpórea) há muito deixou o sobrepeso para trás.

Sempre tive problemas de peso. Na primeira infância, magricela, me entupiram de remédios e vitaminas para abrir o apetite. O resultado (desastroso) só surgiu com os hormônios da adolescência. E daí em diante eu sempre fui gordinha. Alguns momentos de amor próprio e vaidade, evidenciados em dietas, sempre fizeram o peso ir e vir. Mas como o bom efeito sanfona, cada vez que os quilos me retornam, eles vêm multiplicados.

Sou compulsiva, como por compensação e ansiedade. Minha terapeuta uma vez me disse que os gordos são pessoas inseguras, que se escondem debaixo da própria gordura, querendo se proteger de sofrimentos. Eu até concordo com o insegura, mas a gordura é que me causa muitos sofrimentos. E eu não os quero mais pra mim.

Às vezes acho que, no meu caso, só uma cirurgia de estômago, resolveria. Mas, embora conheça casos de sucesso, tenho muito medo. Moderadores de apetite, antidepressivos... tenho medo. Quem foi mesmo que já me chamou de guerreira?

É, pode parecer que eu esteja querendo um milagre, mas não. Quero mudar. Euzinha, aqui dentro. De verdade e pra sempre. Não tenho muitas ilusões, jamais serei capa da Boa Forma. Mas quero minha auto-estima de volta. Quero um corpo harmônico com o que penso e o que digo. Sei que o caminho não é nada fácil (ei, de caminhos tortuosos acho que tenho alguma experiência!). Mas, de algum modo, quero começar.

Sugestões, cardápios ou uma simples forcinha são bem-vindos.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Cenas que tornam a vida mais doce e bela


Yuri resolveu dar "mamá" pro Caio...

O olhar alegre e cúmplice dos irmãos...

Caio, agradecido, beija o mano...

Yuri, todo faceiro, retribui para o "assanhado".

P.S. O mais legal de tudo é que esta cena não foi armada. O Yuri resolveu, por conta própria, alimentar o irmão que choramingava ontem à noite, enquanto eu fazia um free no computador. Quando vi a cena, não me contive e fotografei tudo... o resultado, compartilho com vocês.




segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Futuro promissor

Yuri "Mercado" (lembram do "ligue djá"!?) fez previsões animadoras ontem:
"- Mãe, sabe o que eu vou ser quando crescer? Presidente do Brasil. E dos bons!"
Eu: "-...?!"
Ele: "- Ah, e o Caio vai ser um artista de cinema bem famoso, de Hollywood!"

Então tá, meu filho. Que Deus te ouça. E o Palácio da Alvorada e o Kodak Theather em Los Angeles que me aguardem!

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Salada de Frutas (sem sorvete porque preciso começar minha dieta!)

• Na nossa ex-casa, o Yuri tinha seu quarto e o Caio dormia conosco. Na nova, com alguns apertos, o Yuri e o Caio estão compartilhando o mesmo espaço. E o Yuri, superfeliz, apresenta a casa nova aos eventuais visitantes: “Aqui fica o quarto dos machos”.

• O Cainho abusado está cada vez se movimentando mais. Agora, ele só quer dormir de bruços, igualzinho sua mamãe. Em breve, fotos de suas poses sensuais no bercinho.

• Ciumeira: o Yuri se deu conta de que o Caio tinha dois frascos de colônia em sua cômoda e ele somente um. Ontem, após várias reclamações diretas e indiretas, comprei um novo perfume para o Yuri. Hoje, ele quase tomou banho com ele, antes de ir pra escola. E antes de sair, ofereceu o pescoço pra eu cheirar, me perguntando: “quem é o teu filho mais bonito, inteligente e cheiroso?”. Isso eu não sei responder filho, mas o mais modesto eu não tenho dúvidas de qual é.

• Agora, virou mania. Toda sexta-feira o Caio briga com a fisioterapeuta dele, chorando, se negando a fazer os exercícios. Nas terças ele volta todo sorridente e cheio de beijos, com o maior espírito de atleta. Pode?

• Estou passando por momentos de frustração pessoal. Queria mais tempo, e especialmente mais inspiração, para voltar a escrever meus poemas.

• Hoje meus príncipes estão completando “meio ano” a mais. E as constatações:
- Em breve, o Yuri fará 7 (!) anos e estará na primeira série!
- Mais um pouco e o Caio fará 2 (!!!!) anos!
- Mas foi ontem que eles (os dois) nasceram!

- Nesse ritmo, o Natal é praticamente amanhã!
- Estou cada vez mais velha (snif!).

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Atendendo a pedidos...

Meus primogênitos Amor em cada detalhe
"Dandando"
Dupla dinâmica
Um mais lindo que o outro (e a baba corre solta...)
Dúvida cruel...

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Conquistas e Alegrias!

Ontem o Caio me deu mais alegrias imensas e mais provas (como se isso fosse necessário) do quão vencedor ele é.

Primeiro, os problemas, ou suspeitas dele.

Com a meningite o Caio ficou com lesões cerebrais e descargas elétricas desordenadas, que os exames comprovaram serem crises pré-convulsivas. Ele nunca teve uma convulsão propriamente dita, mas tinha “tiques”, sustos, revirava os olhos de vez em quando. Isso tinha um potencial epilético, por isso ele toma dois anticonvulsivantes há 11 meses. Ajustar as doses desses medicamentos é bastante difícil, primeiro ele tomava só um, depois surgiu a necessidade do segundo, as doses tiveram que ser aumentadas, fracionadas, etc. A neurologista dele me explicou que tanto as lesões quanto as descargas eram barreiras ao seu desenvolvimento, tanto motor quanto mental, embora no caso dele a gente visse mais problemas motores. Bem, as lesões estão sendo repostas por novos neurônios sadios que estão nascendo, conforme aquela tomo que fizemos no meio do ano, lembram? Faltavam as descargas...
E ainda tinha uma “tese de problema” apontada pela equipe de neurocirurgia do HCPA (sempre eles!), a de que o perímetro cefálico do Caio é muito pequeno, o que foi diagnosticado por eles como microencefalia (o cérebro teria parado de crescer devido às lesões), o que causaria (adivinhem?) retardo mental irreversível.

Well, agora a verdade absoluta do meu guerreiro!

Novos exames e o acompanhamento da neuropediatra dele, Dra. Fabiana, comprovaram que o Caio deixou de ter as crises ocasionadas pelas descargas elétricas há cerca de 20 dias. E estamos notando mesmo, como de uma hora pra outra, ele tem se movimentado bem mais, interagido mais com a gente.
E a microencefalia está descartada. Ele tem um perímetro cefálico pequeno, assim como ele também está um pouco abaixo do peso “padrão” para sua idade (devido às constantes crises respiratórias e otites). Ou seja, seu PC é proporcional ao seu corpo. E ele ainda tem a moleira anterior, a que fica atrás da cabeça, aberta, o que significa que o cérebro dele está crescendo e tem espaço para isso.
Ou seja, o tratamento está dando supercerto e a expectativa é cada vez maior, assegurada por todos estes fatores, de que o meu lindo é normal e está se desenvolvendo maravilhosamente, dentro do tempo dele. A dra. Fabi não gosta de arriscar prognósticos, mas disse que temos, neste ritmo excepcional de recuperação (palavras dela) diante da gravidade de tudo o que o cérebro do Caio já passou (com doenças e cirurgia), a perspectiva de uma criança absolutamente normal, falando, caminhando, brincando, em torno dos 3 anos! E isso pra mim é a glória! Semana que vem ele já vai completar 1 ano e meio, estamos na metade do caminho!

Médicos (maus médicos) nos deram a certeza absoluta de que ele seria vegetativo, um peso em nossas vidas, um inútil. Eu ouvi isso, acreditem. Deus nos dá a prova diária da grande benção que é este anjo que nos foi enviado. Sei que sou pequena e que tenho muito a aprender. Mas o guerreiro Caio veio ao mundo para me dar lições e me ensinar a ser grande. A ele minha eterna gratidão, meu agradecido amor.

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

A Vontade do Pai

Eu adoro este texto, embora lamentavelmente desconheça a autoria. E tenho certeza absoluta de que Deus está bordando a minha vida!

Mesmo quando nossa vida não está boa, Deus está operando por nós.

Quando eu era pequeno, minha mãe costurava muito. Eu me sentava no chão, brincando perto dela, e sempre lhe perguntava o que ela estava fazendo.
Ela respondia que estava bordando.
Todo dia era a mesma pergunta e a mesma resposta. Observava seu trabalho de uma posição abaixo de onde ela se encontrava sentada, e repetia:
- Mãe, o que a senhora está fazendo?
Dizia-lhe que, de onde eu olhava, o que ela fazia me parecia muito estranho e confuso. Era um amontoado de nós e fios de cores diferentes, compridos, curtos, uns grossos e outros finos. Eu não entendia nada.
Ela sorria, olhava para baixo e gentilmente me explicava:
- Filho, saia um pouco para brincar e, quando terminar meu trabalho, eu chamo você, coloco-o sentado em meu colo e deixarei que veja o trabalho da minha posição, está bem?
Mas, com toda aquela curiosidade infantil, eu continuava a me perguntar lá de baixo: "Por que ela usa alguns fios de cores escuras e outros claros? Por que eles me parecem tão desordenados e embaraçados? Por que estavam cheios de pontas e nós? Por que não tinham ainda uma forma definida? Por que demorava tanto para fazer aquilo?"
Bem mais tarde, quando eu estava brincando no quintal, ela me chamou:
- Filho, venha aqui e sente-se em meu colo; quero lhe mostrar uma coisa.
É claro que fui correndo, louco pra ver a sua "obra" acabada. Eu sentei no colo dela e me surpreendi ao ver o bordado. Não podia acreditar! Lá de baixo parecia tão confuso e, agora, vendo de cima, vi uma paisagem maravilhosa! Como podia ser?
Então, minha mãe me disse:
- Filho, vendo de baixo, tudo parecia confuso e desordenado porque você não via que na parte de cima havia um belo desenho. Mas, agora, olhando o bordado da minha posição, você sabe o que eu estava fazendo...

Muitas vezes, ao longo dos anos, tenho olhado para o céu e dito:
- Pai, o que estás fazendo?
Ele parece responder:
- Estou bordando a sua vida, filho.
E eu continuo perguntando:
- Mas está tudo tão confuso, Pai, tudo em desordem... Há muitos nós, fatos ruins que não terminam e coisas boas que passam rápido. Os fios são tão escuros... Por que não são mais brilhantes?
O Pai parece me dizer:
- Meu filho, ocupe-se com seu trabalho, descontraia-se, confie em Mim, e Eu farei bem o meu trabalho. Um dia, colocarei você em meu colo e, então, você vai ver o plano da sua vida da minha posição!
Muitas vezes não entendemos o que está acontecendo em nossas vidas. As coisas são confusas, não se encaixam e parece que nada dá certo. É que estamos vendo o avesso da vida. Do outro lado, Deus está bordando...

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Orkut, ame-o ou deixe-o

Como tudo o mais ligado à tecnologia, eu fui resistente ao Orkut. Demorei a aceitar um convite, custei a fazer meu perfil. Mas, logo em seguida, eu me apaixonei por ele.

Através dele, refiz o contato com amigos que me foram muito queridos em outras épocas da minha vida. E os reencontros foram além do virtual, promovendo divertidos churrascos, visitas, etc. Rapidamente eu estava trocando fotos e emails com ex-colegas de primeiro e segundo grau (parênteses: sou velha mesmo, hoje em dia essas mesmas etapas da escola são chamadas de ensino fundamental e médio!) que estão morando em extremos do Brasil e do mundo! Eu achei tudo bárbaro, me rendi à ele.

Depois, quando o Caio nasceu, o Orkut foi mais um meio a me trazer alento, carinho e informação. Comecei a participar de comunidades sobre as doenças que ele teve e “conheci” pessoas maravilhosas, que tinham passado por problemas semelhantes e me compartilhavam suas experiências. Quanta generosidade na rede.

No entanto, ultimamente, não foram poucos os casos que soube de perfis clonados, falsas mensagens enviadas aos amigos de determinado membro. Duas amigas virtuais retiraram o perfil de seus filhos depois que receberam emails com montagens grotescas das fotos das crianças em sugestivas situações sexuais. Uma ex-colega de faculdade terminou um casamento de 3 anos devido à intrigas provocadas pela rede de relacionamento – tudo bem, podemos argumentar que talvez o casamento não estivesse tão sólido, mas eu pergunto: para que correr estes riscos?

Quero ter a fé de que meus amigos e amigas do Orkut sabem que eu jamais seria capaz de enviar mensagens grotescas, obscenas, agressivas. Tenho meu modo particular de expressar minhas opiniões, mas mantenho o nível. As pessoas que realmente me são importantes sabem que eu seria incapaz de publicar qualquer foto com situação pornográfica ou (muito pior) pedófila. Mas, aí novamente, eu pergunto: vale a pena correr o risco? É preciso dar a cara a tapa desse jeito?

Estou com medo, confesso. Não quero ver meus filhos expostos em situações constrangedoras. Sei que isso também é possível através do blog, mas o alcance do Orkut (ou sua notoriedade) é infinitamente maior. E não posso deixar de lamentar a “pequenez” da alma humana, capaz de distorcer invenções que poderiam somente ser utilizadas para o bem de todos.

Construí uma linda rede de relacionamento fora do Orkut, através do LV do Mothern, e acho que daí tenho tirado proveito de excelentes frutos. A amizade que a geografia não impede, os conselhos, as dicas, o aprendizado. Como já reafirmei algumas vezes, isso sim é real.
De resto, continuarei a fazer minhas pesquisas e leituras pela internet.
Agora, quanto ao Orkut, eu já o amei muito, mas estou pensando seriamente em deixá-lo.

Zorra Total

Sou adepta de que vale muito mais à pena rir do que chorar. E aí, estamos a passo de tartaruga, arrumando nossas coisas e nossa rotina na nova casa. Mas, ainda continuo dizendo que a pergunta proibida permanece: “onde está” e “onde tem” são verdadeiros afrontas à dona do novo lar.
E estamos, literalmente em clima de zorra total, tentando nos convencer de que certos luxos e confortos... “não nos pertencem mais”.

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

De barriga cheia

Primeiro, as notícias. Caio e Yuri estão cada dia mais lindos. O Caio finalmente parece recuperado da crise da semana passada. Termina o antibiótico depois de amanhã e aí, normalmente, o apetite volta à mil. A minha gripe virou sinusite, mas estou bem. Vivendo um período sempre oscilante, finalmente me mudei. E aí que começa o post...

Eu já morei em casa de madeira cheia de frestas, quando era pequena. Nossas portas internas eram lençóis coloridos sustentados com pregos nos marcos de onde deveriam estar as portas. Depois, um outro mundo, me mudei para uma casa de alvenaria, dois pisos, mais de 400m2. Eu me perdia lá dentro, não acreditava que alguém morasse num lugar tão grande.

Quando me mudei para Canoas, há quase 3 anos, minha nova casa tinha pouco mais de 90m2. Mas eu fui pra lá muito feliz, com esperança em novos tempos. Tinha meu marido, meu filho, estava trabalhando. E o espaço nos foi suficiente e acolhedor por este período.

Agora, problemas familiares, me levaram a morar no mesmo terreno da minha mãe. Numa casa que não tem 60m2. Nossas coisas estão empilhadas. Corredores de pouco mais de 20 centímetros são cavados entre meus móveis gigantescos. Ainda não conseguimos encontrar lugar para 40% dos nossos pertences, estamos sempre a tropeçar uns nos outros. Chego a me deprimir...

E aí eu lembro da Pati, uma das minhas companheiras de LV. Ela veio da Austrália, com duas das três filhas e o atual marido. A primeira filha foi detida pelo pai, o primeiro marido da Pati. E com muito sacrifício, eles vivem num apartamento bem pequeno, sem móveis ainda. Dia desses, ela comemorou que tinha comprado a cama! E o prédio, com problemas, exigiu que ela lavasse os pratos na banheira, porque a cozinha estava com infiltração e a pia não funcionava! E a Pati segue na luta, criando suas filhas, amando seu marido, compartilhando tudo com as amigas. E ela já está no terceiro emprego, porque se não está bom ou a dispensam, ela segue atrás de outro. E ela voltou pra faculdade! Pra quem freqüenta o LV, é chover no molhado, mas que mulher é a Pati! Que guerreira, que exemplo!

E eu estou reclamando do quê, de barriga cheia? Estou junto aos meus dois filhos amados, com meu marido, todos sadios, e com ótimas perspectivas pessoais e profissionais me acenando na última semana, justamente desde que me mudei.

Existe uma lição que recebi, quando o Caio estava internado e eu vivia a angústia de não ter uma previsão de alta. “Tudo a seu tempo, Deus faz tudo a seu tempo”. Preciso prestar mais atenção nisso. E, ao invés de me lamentar com miudezas, agradecer as bênçãos grandiosas e ter fé de que o meu tempo está chegando!