sexta-feira, 30 de maio de 2008

Boas novas

Notícias para o Brasil comemorar e das quais deve se orgulhar. Que sejam as primeiras de muitas outras que virão, falando de inclusão, solidariedade, avanços médicos e liberdade.

Supremo libera pesquisas com células-tronco embrionárias

Jovem com paralisia cerebral recebe carteira da OAB

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Somos quem podemos ser

O título deste post é também título de uma música de uma banda gaúcha de quem fui sempre muito fã, os Engenheiros do Hawaii (cujos shows curti muito no fim dos anos 80).
Tantos anos, depois, me convenço do quanto eles estavam certos.

Hoje, trouxe o Caio pra uma avaliação no dentista, que fica em frente à minha sala, no meu endereço comercial. Yuri, enciumado, quis vir junto pra ficar jogando na internet enquanto o mano era atendido. No horário do meio-dia fui levá-los em casa, até porque o Yuri tem aula. Quase na minha esquina, reencontro a Gê. Uma grande amiga da minha mãe, também me foi uma querida amiga no final da minha adolescência. Ela mora no mesmo conjunto habitacional, mas eu nunca mais a tinha visto. Sei que ela tem uma bisneta deficiente, com 6 anos de idadde, com paralisia cerebral severa, não movimenta nenhuma parte do corpo, é cega. Volta e meia ela encontra minha mãe com o Caio e elas conversam.

Ela olha o Caio com aquele olhar que eu costumo lançar aos filhos de minhas amigas, da idade do Caio ou menores, quando os vejo realizando as normais (e no meu caso, sonhadíssimas) estripulias infantis. E pela segunda vez, ouço alguém me dizer: "ah, se ela pudesse ser como ele". Ela se referia à bisneta, claro. Disse que eles seriam muito felizes se ela pudesse interagir como o Caio, se movimentar, enxergar, brincar... Ela disse que fica triste porque no caso de Ingrid, sua bisnetinha, não há nem nunca houve nenhuma perspectiva de melhora. Me desejou boa sorte, disse que sabe que com o Caio a história será diferente...

Mais uma vez pensei naquilo que muitas vezes me parece pouco ou insuficiente, seria o tudo para alguém. A mãe da Brenda, ano passado, e hoje a bisavó da Ingrid, me fizeram novamente olhar pra minha vida com mais humildade e gratidão.

E movida mais pela razão do que pelo coração, preciso agradecer mais uma vez ao Pai, o filho lindo que Ele me destinou.

Um dia me disseram
Que as nuvens
Não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos
Às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração...
A vida imita o vídeo
Garotos inventam
Um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez...
Somos quem podemos ser...
Sonhos que podemos ter...
Um dia me disseram
Quem eram os donos
Da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem
Essa prisão
E tudo ficou tão claro
O que era raro, ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum...
A vida imita o vídeo
Garotos inventam
Um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez...
Somos quem podemos ser...
Sonhos que podemos ter...
Um dia me disseram
Que as nuvens
Não eram de algodão
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem
Essa prisão
Quem ocupa o trono
Tem culpa
Quem oculta o crime
Também
Quem duvida da vida
Tem culpa
Quem evita a dúvida
Também tem...
Somos quem podemos ser...
Sonhos que podemos ter...
(Somos quem podemos ser - Humberto Gessinger)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A esperança

Penso exatamente como ele...


A esperança

Eu tenho uma desconfiança de que uma das causas básicas da loucura é a ausência completa da esperança.Porque está comprovado que a causa básica do suicídio é a ausência mais completa da esperança.E quando o desesperado não consegue suicidar-se por qualquer razão, entre tantas a falta de coragem, ele acaba enlouquecendo.

Isso tudo porque quando a gente passa pela rua e vê aquela multidão indo e vindo, o que a move é, em última essência, a esperança.O que leva as pessoas à frente é a esperança.Até mesmo as pessoas felizes circunstancialmente têm a esperança de que continue sua felicidade - ou de que, se ela se for, retorne em outra oportunidade.

Os crentes de todas as religiões nutrem a esperança de serem acolhidos no reino dos céus, de encontrarem-se em outra vida com seus profetas e com Deus.Apenas, no caso dos crentes, a esperança tem outro nome: fé. Mas a fé é a base de todas as religiões. Por ela, os fiéis têm a certeza de que serão salvos, que estão no único caminho certo. E isso os anima na vida e os faz diferentes das outras pessoas desnorteadas ou repletas de dúvidas.

As mulheres jovens se incendeiam na esperança de virem a ser mães. E as mulheres que já foram mães têm como única razão de vida a esperança de que seus filhos se realizem e sejam felizes.O cadete tem esperança de vir a ser coronel, o soldado de vir a ser sargento, o taxista de vir um dia a deixar de ser empregado e vir a ser proprietário de um táxi.

É imprescindível a esperança na vida das pessoas. Nem que seja a esperança de vir a ter esperança.A capacidade de pensar de um cérebro, de pulsar de um coração e de manter-se ereto e movimentar-se de um corpo dependem da esperança.Quando não houver mais esperança, a pessoa desiste e morre. Ou enlouquece, é o meu palpite, porque a ciência ainda não identificou bem a causa da loucura.Eu aposto que é a ausência mais completa da esperança.Por isso é que Chesterton, um dos maiores pensadores modernos, disse "que louco é aquele de quem tiraram tudo menos a razão".

E o que quis dizer Chesterton com isso? Que foram tiradas tantas coisas de uma pessoa, todos os seus encantos, sonhos, haveres, afetos, crenças, a esperança, todos os seus valores, destroçaram-na e decepcionaram-na tanto, que acabou sobrando-lhe só a razão. Sozinha, ela também soçobrou e deu lugar à loucura.A pessoa virou nada porque a razão não sobrevive sem os fatos.Os fatos é que muitas vezes se desenrolam desastradamente sem a razão.

Toda a energia do homem deriva da esperança, isto é, da convicção, da certeza ou até dúvida de que poderá vir a ser feliz.Como já expliquei outra vez, em face de que a felicidade, por ser efêmera, não existe, o dever do homem, em última análise, é procurar vir a ser menos infeliz.Mas mesmo não podendo vir a ser feliz, porque a felicidade não existe, o homem obviamente sobrevive sem a felicidade.Mas não tem nenhuma chance de sobreviver sem a esperança de ser feliz.

(Paulo Sant'Ana - Jornal Zero Hora, 25/05/2008)

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Foi assim...

A decoração... muito linda!
A família Buscapé

Eu e meu primogênito - descobri que sou mãe do Homem Aranha e que ele tem 8 anos!

O outro aniversariante amou a mesa do bolo... mas tava todo dengoso e queria colo!


Meus 3 rapazes...

A avó paterna - Carmelita - que fez vários salgados deliciosos!

A avó materna - Ideli - que patrocinou os docinhos!

Minhas amadas amigas! Eu, Babi, Ísis, Val com Ana Clara e Márcia POA

Agora, com a filharada: Rafael no colo da Márcia (a Gabi devia estar "ocupada" com a recreacionista), eu, Yuri, Ísis com Theo, Babi com Caio e Adri com Marina

Yuri e seus melhores amigos da escola: Victor, Fernando e Leonardo

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Check list

Faltam 2 dias:

- Salão: OK
- Decoração Cocoricó: OK
- 1 Recreacionista + Cama elástica: OK
- Bolo: Ok, encomendado
- Cachorro-quente: pães encomendados, demais material idem
- Salgadinhos: devidamente distribuídos entre quem vai fazer/colaborar
- Docinhos: 250 enrolados + 250 a serem enrolados hoje à noite
- Bebidas: OK, compradas
- Lembrancinhas: OK, feitas
- Descartáveis: OK
- Som: ainda criando um CD pro Yuri (gosto musical de "pré-adolescente")
- Guloseimas: comprar hoje à tarde

Amanhã:
- Manicure ao meio-dia
- Compra de roupas pra mãe e tênis pro Yuri
- Cortar o cabelo do Yuri*
- Controlar a ansiedade anual

Sábado:
- Curtir, curtir e curtir!

* Caio é mais organizado: a roupa e acessórios já estão definidos e o corte de cabelo também já foi realizado.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

A ótica da maternidade

Ontem foi a homenagem da escola do Yuri ao dia das mães. Claro que me debulhei em lágrimas. Vejo meu menino crescendo e eu sempre às voltas com questionamento se estou sabendo deixar meu amor impresso em nossa relação. Seu sorriso quando me viu ontem e o beijo quentinho recebido atestam que sim, está tudo nos conformes.

Recebi como presente uma pequena bandeija de café, pintada por ele mesmo, decorada com um coração. Dentro, alfajores feitos por eles, além do valioso cartão: "Mãe, você é a mais bela entre todas. Eu amo você. Você é meu coração".

Como sempre me emocionei muito com a música que eles cantaram em nossa homenagem.
Este ano foi "Esperando na Janela", que eu, com gosto musical assumidamente brega, já gostava.
Agora, é impressionante como, vista com ótica materna, toda e qualquer música que fale de amor se pode ser tornar "a nossa música". Como o olhar de mãe é complacente e torna tudo mais belo, mais alegre, mais simples. Às vezes penso que o mundo deveria girar movido ao amor materno.

Yuri & Caio: vocês são a verdade que tornam meus dias repletos de sentido e motivação. Ser a mãe de vocês é minha maior realização. Amo-os muito, meus queridos, que são os meus melhores presentes, todos os dias!


"Você é a escada
Da minha subida
Você é o amor
Da minha vida
É o meu abrir de olhos
Do amanhecer
Verdade que me leva a viver

Você é a espera
Na janela
A ave que vem de longe
Tão bela
A esperança
Que arde em calor
Você é a tradução
Do que é o amor"

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Estar preparada

Dia desses, conversando com uma conhecida, ela me disse que só eu mesma para ter o Caio, que só eu sabia lidar com esta situação de ter um filho deficiente, que ela não estava preparada para vivenciar tantas dificuldades.

Fiquei surpresa com o que me foi dito. Eu jamais fui "preparada" para ter um filho com deficiência. Durante toda a gravidez, e ainda quando a bolsa d'água rompeu na 33a. semana de gestação, eu jamais poderia imaginar tudo o que viria pela frente. Na verdade, naquele momento eu fiquei feliz porque iria conhecê-lo antes do previsto. Quando vi meu filho nascendo, não imaginei outra coisa senão que ele estava pronto pra ser capa da Pais & Filhos.

Cada intercorrência que surgiu, cada susto que levamos. Nunca fui preparada pra ter tanto medo e sentir tanta dor. Ainda hoje, não estou preparada pra febre insistente que desperta velhos fantasmas e me tira o sono. Mas o Caio e meu amor por ele me prepararam pra ser a melhor mãe que posso ser. Atenção: não estou me auto-denominando a melhor mãe do mundo! Mas procuro exercer a maternidade dando o meu melhor, de acordo com minhas imperfeições e meus limites.

Quando penso ou mesmo assumo que tenho medos, na maioria das vezes pode soar como medo de que o Caio não tenha a reabilitação que meu coração de mãe tanto anseia. Mas posso seguramente afirmar que o maior dos meus medos é o de não ser forte, de não estar "preparada" para continuar esta caminhada por tempo e caminhos indefinidos.

O sorriso do Caio, sua doçura, o amor que ele demonstra claramente por mim. A ligação linda e forte entre ele e o Yuri. A superação constante medida em pequenos detalhes. O dia-a-dia com meu guerreirinho me prepara pra seguir em frente.

Não, eu não fui preparada para receber o Caio, nas condições em que ele chegou.
Não fui preparada para lutar diariamente pela inclusão.
Não fui preparada para crescer e aceitar humildemente meus pontos mais fracos.
Não fui preparada para criar um círculo de amizades em clínicas médicas e associações de pais de crianças com deficiência.
Não fui preparada para assumir que em alguns momentos sinto inveja, raiva, tristeza. Ou que, por mais contraditório que possa ser, que sinto um orgulho desmedido do filho que recebi.
Não fui preparada para amar e admirar tanto alguém que, aparentemente, é frágil e pequeno.

Mas jamais deixo de agradecer essa oportunidade maravilhosa de amor e aprendizado que o Caio me prepara, diariamente.