quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Uma década de Caio!

2015 é um ano marcante. Comemoramos uma década de Caio.
10 anos. 520 semanas. 3652 dias (considerando os anos bissextos). 
Para um menino que, diziam os médicos, não viveria 5 dias.
Um menino cujos prognósticos foram os piores.
Cada vez menos olho para o que foi, para o que poderia (ou eu achava que deveria) ter sido e olho para o que tenho. 
Um filho lindo. Um menino doce, alegre, amoroso, valente. Um filho perfeito.

10 anos e às vezes parece que foi ontem. 
10 anos e parece uma eternidade.
Confesso que volta e meia bate um medinho. Como darei conta de um filho deficiente adolescente? Adulto? Como carregarei ele por aí? 
Mas aí lembro de medos muito maiores que já tive. O dele não sobreviver. O de ser vegetativo. O de viver em sofrimento. Mas como conviver com Caio e não entender que todos estes medos foram vencidos?!


Se durante muito tempo me questionei, me revoltei, neguei sua deficiência; hoje sei que - mais do que um destino talhado para o meu crescimento pessoal e espiritual - esta é apenas uma das características do ser maravilhoso que é este menino. Uma pequeníssima dentre suas várias, imensas e lindas características.

Nada comparável ao valor de seu sorriso sempre escancarado ao mundo. Nem tão profundo quanto seus encantadores olhos de jabuticaba, redondos e curiosos. Ou mais apaixonante do que sua doçura em acarinhar rostos, cabelos e viver mandando beijos. O valor e a beleza do meu filho não está em ele ser deficiente e por isso, para alguns, digno de comiseração. O fascínio de conviver com Caio é que ele ensina - como sempre reforço, a quem tiver o coração aberto para aprender - a viver intensamente. Aparentemente tão frágil, ele é um gigante em desbravar a vida. 

As dores existem. As dificuldades. O preconceito. O cansaço. Às vezes, a incompreensão. E isso - aprendi - não tem relação com sua deficiência. É do ser humano. Todos sofremos - física e emocionalmente. Todos vivemos os piores dias, aqueles em que nos parece que somente respirar já é uma imensa dificuldade.  Todos, algum dia, em algum grau, fomos pré-julgados por uma aparência ou um pré-conceito, alheios à nossa essência. E levanta a mão aí, quem nunca se sentiu cansado... de nada e de tudo ao mesmo tempo...

Mas quero ver quem aí, conserva o sorriso acima de tudo! A amorosidade. A curiosidade em desbravar o que tem além. A alegria em viver!

Caio o faz. 
Há 10 anos.
E o seguirá fazendo. 
Por quantos mais Deus nos honrar.

Para 2015, sigo aquele mantra de sonhar tudo para ele.
Sonho especificamente que ele siga vencendo suas batalhas diárias. Não somente porque me faria feliz, como sua mãe e parceira de luta. Mas porque, acima de tudo, ele é merecedor.
Sonho em fazer - quem sabe - uma grande festa em maio para celebrar essa vida tão preciosa. 
Sonho...

Caio me ensinou... como diz a música... ele é daquelas pessoinhas raras para as quais é preciso ter sonho sempre... com sua estranha mania de ter fé na vida.
Gratidão, filho, por tua vida em minha vida!
Feliz 2015, feliz 10 anos!
Felicidade... sempre!