quinta-feira, 28 de junho de 2007

Coração Nota 10

Não é só nas notas escolares que meu primogênito é exemplar.
O Yuri vive fazendo planos das coisas que vai ensinar e das brincadeiras que vai fazer com o Caio quando ele conseguir caminhar e souber falar melhor. Conversa horas com o irmão dizendo: "Quando tu andar, o mano vai te ensinar a jogar futebol", "Quando tu aprender a falar tudinho, o mano vai te ensinar um monte de música legal"... e por aí vai.
Mas tenho medo do Yuri criar expectativas quanto aos prazos dessas coisas acontecerem, embora já houve um tempo em que ele perguntava "quando" ia acontecer e hoje ele não faça mais esse tipo de questionamento. E para que ele não se fruste com o irmão, tento alertar:
- Filho, a gente não sabe quando o Caio vai conseguir andar e falar. Talvez demore um pouco mais, um ou dois anos. Não dá pra saber.
Ao que ele, alma pura, grande e generosa responde:
- Não me importa, mãe. Amo meu irmão de qualquer jeito!

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Um dia a menos

Ontem uma amiga que me é muito especial veio me contar que sonhou com "nosso filhinho" (como ela se refere carinhosamente ao Caio) dando seus primeiros passos.
Impossível não me emocionar ao perceber que os meus sonhos não são só meus. Que a minha luta e a minha fé não são só minhas, mas partilhadas por outras pessoas que nos querem bem.
Essa corrente me fortalece. E me dá a certeza ainda maior que cada dia que passa é um dia a menos para que esses sonhos se tornem a nossa realidade.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Introspecção

Ando olhando bastante pro meu próprio umbigo. Relendo minha história de vida, desde as mais remotas lembranças da minha infância. Revivendo memórias afetivas alegres e outras nem tanto. Tentando limpar as mágoas, trabalhá-las melhor dentro de mim.
Não é um processo fácil. Às vezes, esbarro no confronto entre os sonhos que tive e a realidade em que se transformaram.
Rever a própria história de vida pode acarretar num misto de orgulho e frustração. As dores são revividas, assim como os momentos felizes.
Bateu uma saudade imensa do meu irmão, de nossa infância, da cumplicidade que cresceu com a gente.
Meus últimos dias foram sofridos, angustiantes.
E somou ainda uma forte decisão que tomei recentemente. Eu penso estar forte. Alguns trâmites necessários para colocar esta minha decisão em prática me provaram que não é bem assim. O que é dor, sempre dói.
Mas quem me conhece, sabe (e eu estou aprendendo a saber também). Eu desço sim, mas sempre consigo voltar pra cima, onde a luz me alcança e fortalece.

Esta semana também me fez sofrer a dor de uma amiga querida. Mas como tudo na vida nos traz lições, o acontecimento me fez resgatar um livreto que gosto muito - Meditando com os anjos. À ela, dediquei um anjo. Hoje, dedico um pra mim também e pra quem mais estiver precisando.

O ANJO DA CORAGEM

Agir com o coração. Toda ação que é inspirada por um centro de verdadeiro amor traz consigo firmeza e segurança inabaláveis. Ser corajoso é saber que o medo não oferece resistência ao amor.

Meu coração está aberto e pleno de coragem. Minha força é ser capaz de ser eu mesmo todo o tempo. A vitória pode não ser, mas a luta, esta com certeza, é minha.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Literal

Vocês conhecem a expressão "sono dos justos"? Pois é...

terça-feira, 12 de junho de 2007

Seu primeiro boletim

Ainda ontem, ele estava dentro do meu barrigão. Hoje, explora cada dia mais o que o mundo tem a lhe oferecer. Seu primeiro boletim me dá ainda mais motivos pra encher a boca e dizer: este menino lindo e estudioso, fui eu que fiz!

terça-feira, 5 de junho de 2007

Olhar pra trás para poder andar pra frente

Eu sempre penso que deveria esquecer de vez tudo o que aconteceu com o Caio e comigo, deixar de lado os questionamentos e tocar a vida “daqui pra frente”. Só que eu não consigo. Nos piores momentos, as lembranças, a revolta, os medos, voltam com toda a intensidade.

O grande diferencial disto tudo é que ultimamente continuo vivendo esses sentimentos ruins de um modo completamente diferente. Às vezes percebo que preciso deles, justamente pra me fortalecer. Preciso olhar pra trás e ver, na riqueza dos detalhes mais tristes, o quanto já vencemos. Do quanto já fomos capazes até agora. E me calçar da certeza do quanto ainda vamos superar.


Ontem à noite o Caio estava especialmente lindo. Ele conversava tão animadamente a sua "enrolação", comigo, com o pai dele e com o mano Yuri. Aquele vocabulário que os que o amam entendem perfeitamente. Onde cada nova sílaba adquire a maior de todas as significações. E enquanto ele falava, instalado em seu bebê conforto (que usamos bem "em pé", como cadeirinha), ele impulsionava o corpo pra frente, colocando os pés no chão, como se quisesse sair correndo! Era lindo de ver!

E são em momentos assim que minha "bipolaridade" se manifesta. Eu me entristeço por ele. Ele é tão lindo, tão alegre, merecia estar correndo pela casa com o irmão e os cachorros, nos deixando de cabelo em pé com suas bagunças! Mas me emociono e me alegro imensamente com este menino. O mesmo menino que, disseram, não resistiria uma semana. O bebê que me entregaram nos braços, com a recomendação de "não esperar nada" dele. Ele é tão forte, corajoso, guerreiro mesmo. Merece cada manifestação de felicidade que consegue ter, contagiando quase todos à sua volta, nos enchendo o coração de orgulho por suas vitórias.

Sim, eu tenho meus piores dias, em que choro, não aceito, me desespero. Mas na grande parte deles, eu tenho aprendido com este anjo tão sábio, o famoso lema: um dia de cada vez. Porque quando olho lá pra trás e vejo os dias sombrios que vivemos, posso mais uma vez saber que soubemos trazer luz para o nosso presente. E é alimentada por essa mesma luz, pela coragem do pequeno grande guerreiro e pela teimosa fé que trago no meu peito, que tenho certeza de que dias (ainda) melhores virão, que nosso caminho está apenas começando, que tem muito chão pela frente. E que vamos (literalmente) caminhar de mãos dadas por muitos e lindos horizontes.
Amém.