segunda-feira, 23 de abril de 2012

Novas aventuras

Eu queria fazer há um tempão.
Mas tinha medo de ser muito trabalhoso.
Usei o aniversário do marido, dia 21, como pretexto e fiz 3 receitas. Foi sucesso!
E gamei em fazê-los.
No aníver dos meninos, vai ter mais.
E quem quiser, já tô aceitando encomendas!
;-)




Massa de chocolate com recheio e cobertura de doce de leite

Massa de chocolate, recheio de chocolate, cobertura de chantilly e gotas de choco

Massa "formigueiro" com recheio e cobertura de chocolate



quarta-feira, 18 de abril de 2012

Os olhos azuis de Caíto

Sou uma pessoa que detesta se envolver em polêmicas. Até porque acho que a grande maioria é inútil. Não se muda o pensamento de uma pessoa da noite para o dia e nem tenho esta pretensão. Neste sentido, acho as redes sociais bárbaras para trocar informações, ideias e, daí, quem sabe, aprender e resolver mudar de opinião. Mas acho que elas nos levam, principalmente, a refletir. E é o que faço neste momento...

Uma mãe que acho fantástica, criou uma logomarca que acho linda. Representa ela e o filho cadeirante. Ela tem um blog, que virou um livro. Agora, a marca virou uma tatuagem pessoal. E uma camiseta a ser comercializada. Meu primeiro instinto foi adquirir uma. Mas, de repente, travei.

Por favor, nenhuma relação com a luta pessoal desta mulher que é inspiradora, digna de todo respeito e admiração.  Mas euzinha aqui penso que a luta maior de todas nós, mães de crianças com deficiência (seja ela qual for) é pela igualdade. Igualdade de oportunidades, de acesso, de diversão, de escolaridade. Igualdade de reconhecimento.

Sempre digo que o Caio, por ser cadeirante, tem uma deficiência que salta aos olhos. Quando ele era mais novo, menor, e ainda ia no colo ou em carrinho de bebê, alguns não percebiam sua condição. Hoje, não temos como "escondê-la" - e nem, de longe, esta intenção. Mas me incomoda que as pessoas vejam antes de tudo a deficiência. Quero que as pessoas vejam a criança, primeiro, e isto é o mais difícil. Evito me beneficiar de filas preferenciais, por exemplo, a não ser que o Caio realmente não esteja bem disposto. Porque ser cadeirante é sua condição, o limita, o impossibilita até de algumas atividades, mas não lhe inferioriza. E, para a grande maioria da sociedade, é assim que a cadeira de rodas é vista: como uma prisão, um fardo.

A cadeira de rodas, já escrevi bastante sobre isso, libertou o Caio. Lhe oportuniza uma convivência social mais confortável e digna do que qualquer colo.

Eu posso estar errada, claro. Mas eu não sou uma mãe especial por ter o Caio. Posso me tornar uma mãe especial ao Caio E ao Yuri pela convivência que tento construir com eles. Posso me tornar especial, aos seus olhos e corações, pelas lembranças de que mim eles levarão ao longo de sua vida adulta. Mas não sou especial por ter um filho deficiente*. Não sou especial pelas lutas que travo por ele. Também travo lutas pelo Yuri, porém elas têm menor visibilidade. O que não quer dizer que sejam mais fáceis. 

Tudo o que faço por ambos os meus filhos, para mim, é algo quase instintivo, natural, porque sou simplesmente mãe. Que existem as boas e as más, acredito. Que maternidade é vocação, também creio. Mas há papéis e funções que são inerentes à maternidade, independente da condição do filho. 

Expus o tema no grupo de pais que participo na ACADEF. Citaram o exemplo do menino que tem lindos olhos azuis e que todos só falam na beleza da cor dos seus olhos. A ponto dele se incomodar e já fechar os olhos toda vez que é apresentado a alguém "novo". E ele diz à sua mãe: "Eu não sou só os olhos, sou uma pessoa inteira!". Acho que é isso. A cadeira de rodas do Caio salta aos olhos, inevitável. Mas ele não é só a cadeira. Ou nem é ela. Ela é um acessório a serviço dele. Ele é uma criança! Que brinca, sorri e merece ter seus direitos de criança plenamente respeitados - e que eles se sobreponham aos direitos dos portadores de deficiência, por exemplo, pois são ainda mais amplos. Os direitos das crianças são os direitos de TODAS as crianças - Yuri e Caio. Os direitos dos portadores de deficiência é direito do Caio, não do Yuri. Se tornam, portanto, excludentes. Que engraçado, não?

A psicóloga do grupo acha que salientar a cadeira é como ressaltar o pior lado. Eu não sei se concordo. Mas acho que as pessoas poderiam ver com mais atenção os verdadeiros "olhos azuis" do Caio. Que no caso dele são o sorriso, a alegria, a própria infância.

* Um longo tempo atrás eu escrevia diferente. De que não entendia as mulheres que não aceitavam o rótulo de "mãe especial". Acho que tudo depende do contexto. Esta sou eu, como mesmo me apresento pra vocês. Ou como tão bem disse Raul, "eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo".

sábado, 14 de abril de 2012

A dor - e a força - de cada um

Os últimos dias foram tomados de uma avalanche - nas redes sociais, imprensa, nas ruas - de opiniões sobre o julgamento do STF do direito à interrupção da gravidez de bebês anencéfalos. Realmente, é um tema controverso. Mas o que me espanta - como sempre (então por que ainda espanta mesmo?) - é a guerra que o assunto se transforma. Cada um querendo expôr a sua verdade, a sua justificativa como a certa, a única e absoluta. Principalmente os que agem em nome do que justificam como "defesa da vida" e princípios religiosos.

Então, ainda que tardiamente, já que o STF já decidiu, gostaria também de me manifestar. E, como todos, eu também acho que tenho propriedade para falar no assunto.

E o que quero dizer é que a decisão de conceder à mulher o direito de interromper uma gestação deste tipo é soberana porque respeita a liberdade! Liberdade essa com a qual eu tenho o direito de decidir os rumos que minha vida vai tomar. Ou como alguns preceitos religiosos explicam é o direito ao livre arbítrio. Sempre digo que o Deus que acredito é mais tolerante do que os homens. Não condena com pedras, com agressão. Acredito sim, que todas as nossas ações geram consequências. Ainda assim, eu tenho o direito de escolher qual caminho trilhar. Tenho o direito de escolher quais dores tenho coragem e força para suportar e onde - aqui, nesta encarnação, ou mais tarde, em outro plano, como resposta a essas mesmas escolhas.

Meu Caio não nasceu com deficiência, não teve má formação, nada que pudesse prever uma deficiência. Sua paralisia cerebral veio do parto e de tudo que transcorreu durante ele e após ele. E eu lembro bem do semblante "funéreo" dos médicos à medida que iam me informando a evolução: sepse, meningite, lesões cerebrais, sequelas graves, hidrocefalia... Ainda assim, por pior que eles me desenhassem o quadro, eu reafirmava que o queria vivo, não interessando em quais condições. Já escrevi sobre isso. Firmei um contrato com Deus mais de uma vez, pela vida do meu filho! E digo, sem medo de errar, não houve um só minuto ao longo destes quase 7 anos de muita luta, mas de muito amor, em que eu ache que tenha feito a escolha errada.

E me choco, porque já escutei muito. Escuto ainda, como agora, em sua recente internação no Santo Antônio, de outra mãe, que ela teve um filho "como" o meu, mas que "Deus, graças, o levou". Acho que é fácil e superficial as pessoas acharem que podem medir meu sofrimento, meus problemas por ser mãe de um menino deficiente. Mas sempre reforço, que ninguém, só eu mesma, pode saber que alegria que é, que gratificante que é, que inspirador que é. Faço todos os tratamentos recomendados, sonho sim com melhorias, com avanços e reabilitação. Mas como fruto de uma estrada, como saldo da nossa história.

Mas para um bebê com anencefalia não há chance de história, de estrada, de futuro. A gestação de um bebê que sabe-se vai morrer logo em seguida, em minutos talvez, é desumana. Não creio num Deus que obrigue uma filha Sua a passar por isso. Ele traz a experiência. O que fazer com ela, de que modo lidar com isso, é direito de cada uma escolher como. Eu não saberia lidar com uma dor do tamanho da de Alessandra ou de Severina. Juro. Acho que enlouqueceria. E não as julgo. Assim como não julgo e admiro as que decidem levar a gestação até o final, movidas por amor, fé, o que seja. O que não pode é que ela seja uma imposição, ou fruto de medo da religião ou da opinião pública.

Nada é mais pessoal do que o sentimento de cada um, especialmente de cada mãe. Me parece sim, que qualquer opção que seja, é uma escolha de dor, como foi dito. Então, a escolha é até onde acolher e enfrentar esta dor. Alguns divulgaram a história da menina Vitória, como um exemplo de anencéfala. Há controvérsias e eu não sou ninguém para dizer que é ou não é. Ainda assim, admiro seus pais. Mas eu não teria a mesma coragem, admito. Que Deus vai me julgar por isso, eu sei. Mas acredito que Ele vai me julgar por uma vida inteira. Que, justo, vai usar uma balança. A votação do STF só reforça o livre arbítrio e, a meu ver, é um avanço rumo à igualdade de condições. Porque quem quiser fazer a interrupção da gestação e tem condições financeiras, vai continuar fazendo. Quem não quiser, por suas crenças ou o que for, também não será obrigado a fazê-la. Mas outras Alessandras e Severinas poderão viver sua dor com mais dignidade, com mais respeito.

Não somos juízes uns dos outros. Somos irmãos de jornada. E essa, talvez, seja a lição mais importante de todo este episódio. Já dizia Caetano que "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é". Que nós façamos as nossas escolhas e respeitemos sempre a dos outros, sem julgar. É isso.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Páscoa da esperança

Como escrevi ontem, Páscoa pra mim é saudade.
Mas é também ela mesma... uma linda celebração de fé, vida e renovação.
Uma data para lembrarmos ainda mais o valor do nosso próximo. Se Deus nos deu Seu único filho para nos conceder a vida eterna... O quanto nós damos ao nosso próximo - em solidariedade, em atenção, em atitudes? 

A data do milagre da ressurreição. A prova de que quando Deus determina, nada é para sempre... nem a morte. Que a fé tudo pode.

Sempre acreditei em Deus e leio diariamente a Bíblia (nem que sejam apenas dois versículos) desde os meus 12 anos. Porém, por mais que eu acredite, também acho que Ele tem agido mais especialmente na minha vida e no meu coração ao longo dos últimos quase 7 anos.

Sim, falo de Caio, um anjo que me foi enviado.
Ao mesmo tempo, um mestre que veio para me fazer crescer, colocar à prova a minha mesma fé.
Falo de altos e baixos que às vezes descrevo aqui como "bipolaridade" mas que eu sei, acredito, é simplesmente a renovação da vida.

Todos temos esta oportunidade. De nascer de novo. De começar tudo de novo. De aprender de novo. Cada amanhecer é a renovação de nossas próprias vidas. E cada dia que levantamos da cama, podemos mudar tudo o que temos feito até então. E, se realmente quisermos, mudar nosso caminho para outro ainda melhor.

Eu convivo de perto com a doença e a saúde, o medo e a esperança, a tristeza e a gratidão. Todos os dias. E penso que todos os dias Deus renova Sua aposta em mim. Nos dá novas fichas para lutar. E o tempo tem nos mostrado o quanto tem valido à pena. O quanto temos sido abençoados, indo além dos limites que os homens nos deram. Porque Deus, sabemos, é aquele do impossível... E se Ele aposta em mim, quem sou eu para desistir? Me armo de esperança pelas batalhas que virão, porque sei que não estamos sós. Mesmo e principalmente quando os dias nos parecem mais difíceis.

Que possamos lembrar de todos os significados da Páscoa. E que possamos agradecer, amar, abençoar cada minuto deste milagre maior, chamado Vida!

Feliz Páscoa a todos!


"Tá mãe, entendi tudo direitinho. Mas ainda assim adorei
as gostosuras que o Coelho já levou no meu colégio... ;-)"

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Páscoa da saudade

A proximidade da Páscoa é, sem dúvida nenhuma, a época mais difícil do ano sem a presença física do meu irmão. Não é nosso aniversário (no mesmo dia), não é o dia da sua passagem, não é o Natal...

Acho que as lembranças mais felizes da minha infância vêem da celebração da Páscoa. Da tentativa da minha mãe de adoçar a vida tão pobre daquelas pequenas crianças já sem lar, já sem um pai presente. Mais tarde, a partir dos 5 anos, quando fui viver em Porto Alegre, foi também uma época de cestos muito recheados, coloridos e carregados de alegria - para mim e meu Jon.

Sempre me emociono quando lembro de nossa expectativa na noite de sábado aguardando o coelhinho... Dos nossos "cestos" confeccionados anualmente, com tampas de caixas de sapato, com folhas de revistas velhas, tesoura enferrujada e um tubo quase seco de cola Tenaz. Da nossa cumplicidade, um com o outro. Eu, quatro anos mais velha, alguns anos depois, mantendo a ilusão do coelho para com meu irmãozinho.

Lembro dessa época porque lembro como era fácil ser feliz juntinho dele. Como algumas balinhas e um ou outro chocolate baratinho nos adoçavam o domingo - dia que sempre nos encontramos, mesmo eu morando com outra família.


Jon era o caçula. Mas eu sinto ainda tanta falta dele, como o conselheiro que ele me seria vida a fora (e como foi até meus 29 anos). A doçura que seria como tio e que mal teve tempo de exercer com o Yuri, ainda que o tenha feito intensamente. O herói que seria para o Caio. E o dono dos melhores ouvidos e do abraço mais quente que eu poderia receber, que nenhum amigo por melhor que tenha sido jamais conseguiu suprir...

Acho lindo o significado da Páscoa. Acredito nele.
Mas ao mesmo tempo são dias de muita saudade, de muita solidão...
E se existe o amor eterno, Jon é o anjo a me provar isto.