sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Os olhos dos outros

Durante alguns anos, posso dizer (talvez uns dois, três, não me lembro ao certo), a partir do momento em que Caio começou a "exibir" sua deficiência por estar crescendo e não andar, não ter o desenvolvimento igual ao das crianças de sua idade, eu me incomodava com o olhar dos outros sobre ele. Primeiro eu sofria... não queria que olhassem diferente para o meu filho. Depois, eu passei a me incomodar, me revoltar com os olhares que me pareciam injustos e preconceituosos com uma simples criança. E aí vi que este incômodo nada mais era do que o mesmo sofrimento ainda, escondido de mim mesma...

Hoje muito raramente eu me incomodo. Aprendi que estes olhares sempre existirão. Alguns conseguiremos transmutar com nossa presença, com nossa teimosia em fazer parte, com nossa alegria de viver tudo o que nos é permitido (e insistir no que, às vezes, nos é negado). Outros, sempre estarão ali. O que eu tenho aprendido, ao longo dos últimos tempos, é que os olhares mais significativos ao meu filho e à sua trajetória são os dos que acreditam nele. Os olhares que lhe lançam admiração, os que valorizam suas conquistas, os que acreditam em suas potencialidades. Os olhares de quem vê nele o que ele é: uma linda criança. 

E são estes olhares que também me importam. Porque normalmente são eles os avalizadores de que estou no caminho certo. São estes olhares que comprovam que o que eu vejo de progressos não é apenas o que meu coração de mãe quer enxergar. É real! Agorinha mesmo, na escola, as professoras estão encantadas com o desenvolvimento que Caio tem apresentado. É amplo, geral, me afirmam: é cognitivo, motor, perceptivo, emocional, social... 

Ele começa a reconhecer as letras e pinta as de seu nome, bem como as retira de uma caixa com todo o alfabeto misturado. Mexe cada vez com mais destreza no computador, ergue a mão para falar, tenta vocalizar ao máximo. Tem o pescoço mais firme, fixa mais o olhar nas pessoas. 

Trabalhinho pintado por Caio. Achei curioso ele ter pintado o T e o U também, uma vez que o chamamos costumeiramente de Caíto. E achei bem curioso CAIO ter sido pintado de uma cor e o TU de outra.
O nome abaixo, aí sim, foi escrito com a ajuda de um colega.
Me culpo quando quero mais do que já conquistamos, pois tenho medo de exigir demais dele. Sei que ele já foi além do que um dia foi esperado dele. Mas penso que, talvez, ele ainda não tenha ido até onde ELE mesmo quer chegar. Então definitivamente, não tem como não almejar mais. Porque só vai adiante quem não desiste. E eu sei, eu olho para os olhos do meu filho e sei que não dá pra desistir nunca!