segunda-feira, 16 de julho de 2007

35 anos para ser feliz

Eu já a amei e já a odiei. Hoje, nem tanto o céu, nem tanto a terra, sei que ela (assim como todos nós) tem seus piores e melhores momentos. Este texto, que reencontrei nos meus arquivos, tem tudo a ver com o meu momento (lembra um pouco o post Devaneios, ali embaixo).
E, ao invés do peso da idade, me dá um certo alívio... Hehehe

Uma notinha instigante na Zero Hora de 30/09: foi realizado em Madri o Primeiro Congresso Internacional da Felicidade, e a conclusão dos congressistas foi que a felicidade só é alcançada depois dos 35 anos. Quem participou desse encontro? Psicólogos, sociólogos, artistas de circo? Não sei. Mas gostei do resultado.

A maioria das pessoas, quando são questionadas sobre o assunto, dizem: "Não existe felicidade, existem apenas momentos felizes". É o que eu pensava quando habitava a caverna dos 17 anos, para onde não voltaria nem puxada pelos cabelos. Era angústia, solidão, impasses e incertezas pra tudo quanto era lado, minimizados por um garden party de vez em quando, um campeonato de tênis, um feriadão em Garopaba. Os tais momentos felizes.

Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprender inglês, usar camisinha, dizer não às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e administrar dezenas de paixões fulminantes e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados, em locais onde sempre tem fila. É o apocalipse. Felicidade, onde está você? Aqui, na casa dos 30 e sua vizinhança.

Está certo que surgem umas ruguinhas, umas mechas brancas e a barriga salienta-se, mas é um preço justo para o que se ganha em troca. Pense bem: depois dos 30, você paga do próprio bolso o que come e o que veste. Vira-se no inglês, no francês, no italiano e no iídiche, e ai de quem rir do seu sotaque. Não tenta mais o suicídio quando um amor não dá certo, enjoou do cheiro da maconha, apaixonou-se por literatura, trocou sua mochila por uma Samsonite e não precisa da autorização de ninguém para assistir ao canal da Playboy. Talvez não tenha se tornado o bam-bam-bam que sonhou um dia, mas reconhece o rosto que vê no espelho, sabe de quem se trata e simpatiza com o cara.

Depois que cumprimos as missões impostas no berço — ter uma profissão, casar e procriar — passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. Somos os titulares de nossas decisões. A juventude faz bem para a pele, mas nunca salvou ninguém de ser careta. A maturidade, sim, permite uma certa loucura. Depois dos 35, conforme descobriram os participantes daquele congresso curioso, estamos mais aptos a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta.

(Martha Medeiros, Coluna Almas Gêmeas, Outubro de 1998)

3 comentários:

Anônimo disse...

Dinha querida, mais uma vez queria te desejar um feliz aniversário (atrasado) mas de coração. Um lindo "novo ano" pra vc e pra sua família. E amei o texto, apesar de não ter chegado nos 3.5 ainda, me sinto exatamente como esse trecho diz:

"Depois que cumprimos as missões impostas no berço — ter uma profissão, casar e procriar — passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. "

Cada dia mais me sinto segura pra envelhecer e ter certeza que cada ruguinha vale a pena. Amei mesmo o texto.
beijos, beijos beijos!!

Eva disse...

Dinha, minha flor. Meus parabéns estão aqui atrasados, mas por mera falha tecnológica que não permitiu deixar um recado para você antes.
Te admiro muito e desejo para você muitos momentos felizes de preferência um seguido do outro sem pausas, nem interrupções.
Um grande beijo.

Anônimo disse...

Dinha, que texto feliz, viu? Daqui a menos de um mês eu viro 3.7 e de vez em quando bate aquele friozinho de estar mais próxima da idade da loba! Auuuuuuuuuuuuuuuuu!

Beijos enormes e que o primeiro dia do seu ano novo tenha sido uma préviazinha do que está por vir!

;)