segunda-feira, 16 de abril de 2007

Mulher, essa eterna culpada

Vou confessar: eu condenei Suzana Vieira e Ana Maria Braga por seus recentes casamentos. Quando a primeira levou chifre em rede nacional, eu endossei: “Bem feito! O que ela esperava de um marido 29 anos mais jovem?!”. E quando Ana Maria anunciou seu novo casamento, lá fui eu de novo. Aplaudi a declaração da Hebe Camargo, dizendo que não tem nada a ver “garoto casar com véinha”.

Dia desses, uma amiga comentou em seu blog que ela não gostava de divulgar que é “a esposa do dono” para não ser pré-julgada. No mesmo dia, li uma entrevista com a atriz Flávia Alessandra na qual ela comentava que trabalhou muito pra provar que ela tinha talento, não era apenas “a mulher do diretor” (no caso, Marcos Paulo, diretor global e ex-marido em questão).

Aí, parei pra pensar. Por que são as mulheres que precisam sempre se justificar? Por que não os homens? Ao invés de perguntar por que Suzana e Ana Maria escolheram garotões, vamos questionar por que os garotões escolheram as mulheres maduras. Em vez de cobrar Flávia Alessandra por ter sido casada com um diretor, vamos ver por que o diretor só casa com atrizes...

Enfim, estes são exemplos simplistas mas que me fizeram refletir o quanto de cobrança a sociedade impõe às mulheres. Se as coisas (qualquer uma, no trabalho, em casa, na vida pública ou privada) dão errado, a culpa é da mulher. Se dão certo, de quem é o mérito? Normalmente dos homens, a mulher no máximo divide os louros (o velho e machista ditado: “Por trás de um grande homem, sempre tem uma grande mulher”).

E as exigências se acumulam. É aquela velha história de que, tendo filhos, precisamos ser excelentes funcionárias para provar que a maternidade não atrapalha a carreira. Trabalhando fora, precisamos ser mães e esposas exemplares. E lindas. E bem-humoradas. E sempre prestativas, conciliadoras, afáveis, generosas.

Ao homem, cabe o quê? Porque nas últimas décadas, tarefas, tanto domésticas quanto profissionais têm sido divididas igualmente entre homens e mulheres. Dia desses, pesquisando para uma concorrência aqui na agência, li uma pesquisa que indicava que o Brasil é o terceiro país do mundo em mulheres empreendedoras. As empresárias (dos mais diversos portes, contando aí consultoras de marcas de cosméticos, por exemplo) são maioria crescente em relação aos homens. Interessante. E ainda assim, diante de tanta competência feminina, a mulher segue sendo crucificada pelas mazelas mundiais, condenada por suas opiniões pessoais (como euzinha mesmo fiz com Suzana e Ana). Hoje, peço desculpas públicas a ambas. Mea culpa.

A mim, basta que meu homem me ame e compartilhe comigo a função de criar e solidificar nossa família. E que não me venha com cobranças mil. Culpada? Sim, a mulher é. De dar a cara a tapa, de assumir suas escolhas, de ousar em seus caminhos, de tentar abraçar o mundo inteiro pra que ele dê certo. Apesar dos preconceitos e das culpas.

9 comentários:

Anônimo disse...

Dinha, concordo com vc. A gente tem que parar de julgar as outras mulheres e também parar de se justificar. E cabe a nós, mães de homesn, fazer com que eles sejam menos machistas. Bjs querida

Anônimo disse...

Dinha, também não julgo e muito menos condeno elas não... afinal, "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", né?
Eu sempre falo que no meu lugar eu não faria isso, mas no lugar delas eu não sei....
bjs querida!!

Anônimo disse...

Dinha,
Você disse tudo.Beijos, também tô roxa de saudades.O encontro ontem foi ótimo apesar de faltar muita gente boa.
Eta mineirada desanimada sô!

Anônimo disse...

Pois é Dinha, sempre me pego pensando nisso e acho tudo muito injusto. Me sinto culpada se não desempenho todos esses papéis muito bem, mãe, dona-de-casa, profissional, esposa, amante... mas não é nada justo me sentir assim. Afinal pq mesmo que eu tenho a obrigação de ser perfeita em tudo isso?
Concordo c/ tudo que vc disse.
Beijos,

Anônimo disse...

Dinha, eu também dou a mão à palmatória, viu? Tive um certo preconceito ao saber desses casórios relâmpago. Mas após refletir lendo seu texto, concluo que estamos criticando a nós, mulheres, né?
Beijos!

Anônimo disse...

É isso aí Dinha!!!
Vc disse tudo!
A gente tem q se desdobrar o tempo todo pra provar q mesmo sendo mãe, a gente pode ser boa profissional, pode ser boa esposa, pode andar toda arrumada...mesmo em dias q a gente não quer nem passar batom, só lamber a cria!
Estou simplificando meu comentário pq está muito tarde, mas seu post vai além...
Chega de tanta cobrança da sociedade, das outras mulheres(se bem q eu tb olho meio torto esses 2 casamentos), e principalmente de nós mesmas.Bjo

Anônimo disse...

Dinha,

Nós mulheres conquistamos muitas coisas mas ainda temos uma longa jornada pela frente. É preciso lutar contra a mentalidade que muda a passos lentos.

Estamos com saudades de você lá no LV.

Beijos,

Christina Frenzel disse...

Dinha, belo texto! ADOREI!!!

Nossa, dá vontade de copiar e mandar para um moooonte de gente!

Parabéns, Beijos

Anônimo disse...

Vc é genial, mulher. Abriu minha cabeça!!
Muitas saudades de vc!!
Beijos