
Nos últimos seis anos este é um dia especialmente dolorido pra mim. Sempre comento que o ataque às Torres Gêmeas me remete à perda do meu irmão, que faleceu abruptamente quatro dias depois do atentado terrorista em Nova Iorque. Porque, como costumo dizer, meu mundo também desabou naquele setembro de 2001.
Já se foram seis anos. E acho que estou evoluindo. Ainda sinto saudades do meu amado Jon. Isso nunca vai passar. Mas está deixando de ser uma saudade triste para ser uma doce saudade de tudo o que compartilhamos em 25 anos juntos. Sempre “converso” com ele, pedindo perdão pela minha fraqueza de, algumas vezes, não aceitar o caminho que nos estava traçado. Não quero que minha dor o prenda em algum lugar. Hoje tento pensar mais no amor e no que ele nos trouxe de bom e menos no que não vivemos. Tivemos o tempo que nos estava destinado e acredito que fizemos o melhor uso dele. Dava pra ter sido diferente? Talvez, mas aí seria outra missão e não a nossa.
Deixando de olhar apenas para o próprio umbigo, me volto pra metrópole americana e para os significados do terror. O que me preocupa? Que a origem de tudo está na intolerância, na intransigência, na não-aceitação das diferenças – sejam elas raciais, religiosas, políticas. Me assusto porque não vejo que mudamos depois do World Trade Center. Reconstruir o que desabou é um árduo trabalho coletivo, da sociedade mundial. Buscando punir responsavelmente os culpados mas principalmente criando alicerces para as gerações futuras. Que elas possam se espelhar em exemplos de fraternidade, democracia, tolerância. Para que a história não se repita jamais.
Quero que meu amor saiba libertar meu querido irmão. Quero que o amor de todos nós, pela vida, pelo próximo, por nós mesmos, possa reconstruir muito mais que o cenário do horror. Que possa transformar os horizontes futuros.