terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Se todos fossem iguais à você...

Houve um tempo em que tudo o que queríamos, eu e o Sandro, é que o Caio fosse igual às outras crianças. Hoje sei que as outras crianças podem ser muitas.

Primeiro, gostaríamos que ele não tivesse ficado tanto tempo internado na UTI, que tivesse fotos de recém-nascido “normais” como a de qualquer bebê, que não tivesse cicatrizes de cirurgia em seu corpo, que não tivesse um dreno junto ao cérebro. Depois, queríamos que ele sentasse, brincasse com suas mãos. Mais recentemente queríamos que ele estivesse falando bastante e correndo pela casa. Mas ele não é assim, e ainda assim (ou exatamente por ser assim) ele é muito amado, é o filho querido que Deus nos designou.

Na última visita à neurologista, enquanto o Caio estava dentro do consultório, minha mãe aguardava do lado de fora. E chegou um casal com uma filha de 3 anos, com paralisia cerebral grave, sem reações a estímulos externos, que não consegue sentar e com uma escoliose acentuadíssima. Minha mãe ficou conversando com eles. Quando o Caio saiu do consultório, mandando beijos e dizendo “nenê”, a mãe da menina levou as mãos ao rosto e disse “Ah, mas ele é muito evoluído. Ele interage, ele quer conversar, ele estica o pescoço. Ah, se a minha Brenda pudesse ser como ele...”.

Aquilo ficou martelando na minha cabeça. “Se ela pudesse ser como ele”.

Foi preciso mais de um ano para que certos sentimentos e expectativas fossem amadurecidos em nossos corações. Hoje, apesar de cultivarmos algumas pequenas certezas e muitas esperanças, sabemos que o Caio é como ele é, assim como eu sou como sou, e cada ser humano simplesmente é, com suas individualidades, imperfeições e qualidades. Fico triste pela mãe da Brenda, mas não a critico, sei que não é fácil. Rezo diariamente por elas para que saibam encontrar a luz em cada situação espinhosa. Que elas possam se descobrir mutuamente e ultrapassar as barreiras impostas pelas deficiências. E que aí sim, possam almejar exatamente o mesmo que eu. O caminho não foi florido, mas depois de tantas lições ganhas, hoje não quero que meu filho seja igual, nem melhor, nem pior do que ninguém. Quero apenas que ele seja feliz. E agradeço à Deus todos os dias a oportunidade que temos de tentar.

11 comentários:

Anônimo disse...

Oi querida Dinha...Seu post me deixou emocionada. Realmente temos mania de comparação, mas no fundo o que sempre queremos é que os filhotes sejam muito felizes, independete como são, pois os amamos acima de tudo.
Um beijo enorme

Lenne

Christina Frenzel disse...

Dinha, porque a gente é assim, né? Sempre querendo ser igual aos outros (Seja lá quem eles forem) e demorando para dar valor àquilo que está do nosso lado...
Eu AMO seus posts, viu?

Beijos

Grilinha disse...

Como eu te entendo... Não posso estar mais de acordo, minha querida...sinto da mesma forma ser mãe do meu JP. Quero o melhor para ele, desse melhor, em primeirissimo lugar está o ser feliz...um beijo

Isabella disse...

Dinha, querida, cada vez mais tenho certeza de que você é que foi escolhida para ser mãe de uma criança tão especial como o Caio. Um beijo grande!

Anônimo disse...

Dinha, existe muito esta massificação de padrões, todos querem ser iguais e as mães querem filhos iguais aos outros. Eu pessoalmente só aceito essa massificação se for pra todas as mães serem iguais à você. E todas as crianças tão felizes quanto o Caio e o Yuri (e a Mariana, graças a Deus!).
beijos.

Anônimo disse...

Dinha, faço das palavras da Greice as minhas. Se todas as mães fossem como vc que lutam pela felicidade dos filhos, derrubam barreiras e acreditam sempre na capacidade deles. Você é uma mãe especial, por isso seus meninos são assim!
Super beijão

Anônimo disse...

Dinha, faço das palavras da Greice as minhas. Se todas as mães fossem como vc que lutam pela felicidade dos filhos, derrubam barreiras e acreditam sempre na capacidade deles. Você é uma mãe especial, por isso seus meninos são assim!
Super beijão

Anônimo disse...

É isso mesmo. Do jeito que ele é, só precisa ser feliz.

Anônimo disse...

Ah, minha querida amiga... Tu és mágica na tua sensibilidade. Deus de conserve assim...
Beijos.
(tem umas coisinha novas no blog...)

Anônimo disse...

Dinha, seu post como sempre me emocionando e me fazendo refletir... Temos realmente que agradecer a Deus todos os dias pela dádiva de estarmos vivos, afim de vermos nossos filhos crescerem,independentemente de como eles sejam.
Beijos! Obrigada por me fazer pensar!

Alessandra disse...

Dinha,
Adorei seu post ! Eu tenho certeza que o Caio será muito feliz, como ele já é hoje, com todo o amor que o cerca !
Beijos em vc e nos principes !!