sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A primeira vez, outra vez

Então que Caio, como milhões de crianças no Brasil nesta época do ano, voltou às aulas. E o que achei que EU ia tirar de letra, que seria fichinha, não foi. Mas ele, mais uma vez, deu show e me deixou mais uma lição.
 
Fiquei com medo dele estranhar. Com medo dele ter “esquecido” da rotina, dos horários fixos, das atividades ordenadas. Quem sabe, até mesmo, estranhar os novos colegas, visto que da turminha do Jardim A, somente mais três permaneceram com ele.
 
Mas eis que chegou o dia (na verdade as aulas reiniciaram na segunda-feira, porém ele só pôde ir ontem). E o sorrisão na ida já dava a dica. Ele chegou e parece que não tinham se passado 45 dias. Sorriu no portão. Brigou com a tia Joana e mostrou a língua pra ela. Se desmanchou com os carinhos da coleguinha Fernanda. E bateu as pernas alegremente ao entrar em sua sala, agora o lindo Jardim B.



Eu, a mãe superprotetora, confesso: passei a tarde apreensiva. E se ele chorasse? E se quisesse vir embora? O telefone aqui de casa tocou duas vezes. E em ambas, eu pensei, é da escola. Não era. Para mim, foi como se fosse a primeira vez dele na escola, outra vez.
Cheguei para buscá-lo minutos antes da abertura dos portões.
 
E o que vi foi um menino muito, mas muito feliz.
Que fez tudo igualzinho ano passado. Me chamou de mamã quando me viu, sorriu e começou a distribuir beijos de tchau. A professora e a monitora me relatam que ele passou a tarde super bem, como se realmente não tivesse havido todo este intervalo de férias. Comentaram que todas as crianças estão difíceis de lidar, “desregradas” com a rotina escolar e que isso é normal. Mas Caio não. Ele passou a tarde sorrindo e tentando conversar. Olhando todos os detalhes de cada ambiente, reconhecendo-os e ficando ainda mais alegre e interativo, segundo me contaram. E foi com este sorriso largo, de orelha a orelha como classifiquei, que ele voltou para casa.

Penso que às vezes subestimo meu filho.
Achei que ele não teria esta “memória”. Que talvez não fosse capaz de criar vínculos tão fortes com pessoas ou ambientes que não lhes fossem familiares. E aí descubro que, igual qualquer criança, Caio passa a ter mais de um ambiente familiar. Um que não é a casa, que não é a terapia. Um ambiente onde ele tem amigos, professoras, aulas, brincadeiras, regras. Onde ele tem sua vidinha própria, completamente independente de mim.

Não sei dizer se o que sinto hoje, ao recomeçar ou começar esta nova etapa, é emoção, é felicidade ou é gratidão. Ao lembrar de tantos relatos tristes e decepcionantes sobre a inclusão na educação, eu vejo que ela é possível. Relembro o que eu já tinha descoberto ano passado, nesta mesma abençoada escola: ela, a inclusão, existe mesmo!

E já vou me preparando, o primeiro dia foi só uma amostra.
Caio vai para a escola e quem tem um mundo de coisas novas a aprender sou eu.

Nenhum comentário: