terça-feira, 10 de março de 2009

Quem disse que seria fácil?

Eu sou muito franca quando o assunto é o que sinto em relação ao Caio. Falo de minhas expectativas, dos meus medos, sem pudores. Porque preciso desabafar. Porque preciso assumir meus sentimentos para mim mesma. Porque acho que posso ajudar alguém, ao “confessar” que o Caio pode ser especial, mas que eu sou uma mãe e uma pessoa absolutamente normal, comum... com todas as imperfeições que me fazem parte.

Eu quis muito ir pra Ingleses este ano, quando, por incrível que pareça, sobrou um din-din extra. Porque amo Florianópolis. Porque a primeira viagem que eu e Sandro fizemos oficialmente como namorados foi pra lá. Porque foi lá que curti parte da gravidez do Yuri. Porque sempre fui feliz cada vez que pisei lá.

Nossa última ida a Ingleses foi no verão de 2006. Foi pra lavar a alma depois de um 2005, ano da chegada do Caio, com tantos sobressaltos e tanta luta. E Caio curtiu muito, nos enchendo o coração de alegria e esperança. Ele tinha 10 meses. E por incrível que pareça eu ainda não sabia que ele tinha paralisia cerebral.

Nossa temporada 2009 foi uma delícia, mais uma vez. Floripa é sempre uma delícia. Mas, preciso confessar, eu sofri mais desta vez.

Em 2006 eu levei um bebê para a praia. Um bebê que ainda não sentava sozinho, mas para o qual estávamos longe de imaginar o diagnóstico que viríamos a saber depois. Um bebê “atrasadinho” por assim dizer, mas que não chamava atenção para nada além de sua fofurice.

Este ano, a história foi outra. Dessa vez eu viajei com um filho deficiente. Caio logo foi identificado com uma criança “com problema”, “doentinho”, pelos outros hóspedes da pousada que ficamos. No centrinho, onde passávamos as noites a saborear as delícias da Ilha, Caio sempre era alvo de olhares curiosos. E preciso confessar que esses olhares sempre me doem demais. Sei que este é um problema tão somente meu, muito particular. Mas nem por isso menos dolorido.

Na primeira vez, levei um bebê que tomava uma medicação por dia e podia comer “qualquer coisa”. Dessa vez, levei um menino que usa 9 diferentes medicações diárias. Alguém que temos imensa dificuldade de levar para comer fora, para nos acompanhar nas guloseimas, por conta de sua dieta bastante restritiva.

Em alguns momentos fiquei muito chateada.
A vida até que poderia nos ser mais fácil.
Mas ao admirar detalhadamente o mar de Ingleses e a profundidade do olhar feliz do meu filho, pude lembrar mais uma vez daquilo que realmente vale a pena, do que jamais fará eu desistir.

Gosto de Ingleses.
Lá me sinto mais pertinho de Deus.
E pude mais uma vez agradecer a Ele todas as oportunidades que nos são presenteadas.

Não, não é nada fácil.
Por vezes, derramamos lágrimas bem doloridas.
Mas quando a gente tem oportunidade de sorrir, como fizemos em nossas mini-férias, podemos relembrar o valor real de cada coisa, de cada momento.
E aí redescubro que não é fácil.
Mas é extremamente recompensador.


Caíto, meu bebê, em Ingleses 2006

Caíto, meu rapazinho, em Ingleses 2009

2 comentários:

Ani Cires disse...

Olá Dinha!

É mesmo muito difícil lidar com os olhares e comentários alheios. Se te conforta, vc não é a única que sofre com isto. Confesso que já sofri mto mais. Hoje consigo distinguir um olhar curioso e desinformado de um "maldoso".

O q mais me incomoda é q tenham pena. Isso é terrível! Parece q é difícil as pessoas aceitarem felicidade, amor e harmonia numa família fora do padrão q consideram "normal". Pq ter uma criança especial tem q ser considerado um fardo? Pq uma criança especial dá mais trabalho do q qq outra? Pq uma criança deficiente e sua família não podem ser felizes? Pq isso incomoda. Pra mim, essa pessoa q olha ou faz um comentário infeliz (tipo "tadinho") deve reclamar mto da vida sem motivo, e qdo vê alguém feliz numa situação q ela considera difícil se sente a pessoa mais ingrata do mundo. E é mais fácil ela ter pena do outro do q mudar a sua própria atitude.

Tenho boas histórias sobre esse assunto. Qdo tiver uma oportunidade te conto alguma.

Força na peruca! rs... Precisando tamos ai.

Grandes bjos pra vcs.

Ani

Alessandra disse...

Dinha amiga, facil certamente não é, sabemos da sua dificuldade e compartilhamos das suas apreensões.
Mas é muito, muito recompesador, seus filhos são maravilhosos !
Bjs
Ale