Da minha infância trago lembranças bem difíceis. Mas, todo
ano, a Páscoa me traz as mais ternas e significativas memórias. Já vivíamos em
casas e famílias separadas, eu e meu irmão, 4 anos mais novo. Mas na Páscoa –
como na verdade em todos os finais de semana – eu vinha de Porto Alegre a
Canoas, ficar com eles. Nossa Páscoa era feita de poucas e simples guloseimas:
alguns mandolates, algumas balinhas do armazém, algum raro chocolate, nunca de
boa marca, pois minha mãe não tinha condições de comprar. Não tínhamos sequer
cestos. Mas não era importante. Todo sábado de Aleluia, nossa diversão era
improvisar nossos ninhos. Normalmente tampas de caixas de sapato com papéis
rasgados com nossas infantis mãozinhas, para acolher o que o Coelho nos
trouxesse. Sempre às colocávamos embaixo da pequena mesa da cozinha. E íamos
dormir esperançosos.
O domingo sempre era de alegria. Pois o Coelho vinha. As
guloseimas se espalhavam em nossos ninhos tão humildes. E passávamos o restante
da Páscoa trocando os doces – “prova esse, mana, é gostoso!” - e nos deliciando. Tenho a mais profunda
saudade e gratidão por essas lembranças.
Normalmente nas datas mais significativas do calendário,
como a Páscoa, o Natal, o Ano Novo, nós usamos de todas as atuais ferramentas
da tecnologia disponível para desejar o bem ao nosso próximo, para emanar
energias de amor, de fraternidade, de esperança. Porque, eu acredito, somos
essencialmente bons. Desejamos o bem uns aos outros.
Essas lembranças com
meu irmão também me remeteram ao quanto podemos ser gratos e tocados por momentos
de absoluta simplicidade. Me lembrou da capacidade que temos de ser feliz mesmo
em situações tão adversas – e naqueles anos, nossa realidade era bastante
árdua. Mas sabe? Nosso foco era justamente ser feliz, independente da
situação. Não tinha ninho, a gente fazia. Não tinha chocolate, saboreávamos as
balas! Não tinha fartura? Aí depende do ponto de vista. Amor e esperança, tinha pra dar e
vender.
Prontos para começar uma nova semana, vamos levar essa vibe com a
gente? De desejar o bem, de manifestar o nosso melhor? Mais do que isso: vamos
ser felizes com a simplicidade, gratos ao que temos agora? O que é simples
hoje, pode se tornar parte de suas melhores lembranças amanhã. Vai por mim.
Linda semana a vocês.
Um beijo,
Cláudia
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