Existe uma figurinha, daqueles Memes do Facebook em que o
personagem Chapolin Colorado diz assim: Eu estou tão feliz. E a vida responde: Pois
não seja por isso... Foi assim que me senti nos últimos dias. Como se tivessem
puxado o tapete por onde, cheia de sorrisos, eu desfilava. Por alguns
instantes, vejo quão árduo é mudar nossos padrões de comportamento. Lá estava
eu mais uma vez me sentindo sacaneada. Quase com peninha de mim. Quase vítima
outra vez.
Mas se tem algo que aprendi (ou estou tentando muito
aprender) nessa minha passagem por esta vida, é que não sou vítima de nada. Sou
estrela de minha própria história. Se ela me vem cheia de emoções – altos e
baixos, sorrisos e lágrimas, dor e alegria -, meu protagonismo só me permite
vivê-las. Então, bora lá!
Caio vai fazer uma cirurgia no próximo dia 15, agora. Uma
gastrostomia. Vai colocar uma sonda ligada diretamente ao estômago para receber
complementos nutricionais, pois seu refluxo severo lhe colocou num peso-limite
à manutenção de sua qualidade de vida. Quem nos acompanha há mais tempo, vai
lembrar toda a nossa peregrinação por gastropediatras e nutricionistas desde o
seu primeiro ano de vida. Provavelmente vai recordar dos testes de intolerância
alimentar, os inúmeros exames, os mil especialistas consultados. Tudo que me
diziam, eu seguia. Dá ovo cru. Coloca azeite na comida. Maltodextrina. Faz
simpatia. Promessa. Entra na justiça e pede o Fortini.
Pois nada disso surtiu o efeito desejado. E num primeiro
momento, a sensação que me veio foi a de derrota. Fracassei. Não consegui. Fugi
por pelo menos 5 anos deste procedimento, que me parece tão invasivo e
agressivo. Mas só quem tem convivido conosco – em especial neste último ano -
para saber que nada pode ser mais doloroso do que tudo o que Caio tem passado
por conta do refluxo. Este semestre quase não conseguiu ir à escola, com crises
praticamente semanais. Crises em que ele grita até a exaustão, se contorcendo e
suando frio de dor. E está cada vez mais fraco. Eu também cheguei ao meu
limite. Basta. Não quero mais ver isso. Cedi aos médicos. Vamos operar.
Como grande parte das escolhas que já tive que tomar por meu
filho, esta foi uma decisão sofrida, dolorosa. Além do medo natural de qualquer
procedimento cirúrgico, acho que o que pesa mais é um novo período de luto.
Pois se eu penso e publico e quero sentir que antes de ser um deficiente, ele é
tão somente uma criança, cada intercorrência dessas vem gritando na minha cara:
ele NÃO é normal, ele NÃO é como a maioria das crianças, ele é DEFICIENTE sim e
isso marca e decide vários rumos de sua vida! A cada nova realidade imposta por
seu desenvolvimento – enquanto deficiente físico, eu preciso matar mais uma vez
o meu filho. Aquele menino perfeito, saudável, idealizado por todas as mães. E
que mesmo 10 anos depois dele chegar com a paralisia cerebral impressa em seu
RG, eu ainda idealizo, ainda sonho, ainda queria tanto que fosse.
Porque todas as lutas dos pais de crianças com deficiência por
fisioterapias, tratamentos, inclusão, me desculpem, nada mais é do que nosso
esforço diário de aproximá-los do padrão de normalidade de desenvolvimento. Em
nome da qualidade de vida, do amor, da esperança... em nome deles... em nome do
que nossos corações almejam.
É em nome disso tudo. Desta qualidade de vida que tanto lhe
desejo, do amor gigante que lhe tenho, da esperança em lhe ver com menos dor e
mais sorrisos ainda... em nome do que meu coração aguenta ver e viver, que
cedi.
Caio vai ser operado. E a verdade é que eu estou mor-ren-do
de medo. Do que vem pela frente. De novos e desconhecidos caminhos. De não
saber lidar. Um dia foi assim com a DVP, que os médicos colocaram junto a seu
cérebro quando ele era um toquinho de gente com 52 dias de vida. Que pânico,
quantos medos de como seria a vida com aquele caninho que saía do seu
ventrículo cerebral e ia até o peritônio. Que não podia bater. Que se tinha
medo de pressionar até no banho. Que não podia fazer febre alta. Nunca
aconteceu nada de errado. E hoje, Caio não precisa mais dela. Assim também foi
a tristeza e a negação com a primeira cadeira de rodas. Hoje, ela é nossa
amiga, nossa aliada. Então, neste momento, tudo o que peço ao Universo é que me
abençoe com luz, discernimento e força. Já aceitei a cirurgia. Que ela seja
realmente o melhor por meu pequeno grande guerreiro. Que eu continue fazendo
jus para estar ao lado dele, segurando sua mão miúda o tempo todo. Que nós dois
saibamos trilhar essa estrada nova. E que possamos fazer isso da melhor maneira
possível. Com leveza, entrega e amor.
Para nossos amigos, fica aquele pedidinho básico. Vibes,
preces, ondinhas, reiki, velas... o que for. Boas energias emanadas ao meu
menino no próximo dia 15. Porque quando a vida me surpreendeu com mais um filho
taurino, que teoricamente seria canceriano, eu pensei: bah, lá vem mais um
teimoso para o mundo! E ele está aí, teimando lindamente em driblar os desafios
da vida. Eu torço e quero acreditar, do fundo do meu coração, que a gente ainda
vai dar a tréplica naquele Meme... “Eu estou tão feliz”... “Não seja por isso”...
“Não seja mesmo, dá pra ficar ainda mais feliz...”. E que fiquemos. Que assim
seja!
2 comentários:
Estaremos neste dia concentrados mandando muito amor e energia positiva para Caio, p vc, p Yuri. Amamos vcs! Muito! Leticia Dias.
Olá fLOR, SOU MÃE DO RYAN PC TETRA ESPASTICO, LINDO ESPERTO SORRIDENTE DEDICADO, FALANTE, EXAGERADO MIMADO, MEU ANJO, MEU MUNDO AZUL... VAI OPERAR DIA 18 PARA CORRECAO DO REFLUXO DE NVO... NA ULTIMA ELE DESENVOLVEU UMA HERNIA DE HIATO E AGORA VAI CORRIGIR, OLHA ELE FEZ A DO REFLUXO EM AGOSTO E TEM 1 ANO QUE N VEJO MEU FILHOTE VOMITAR FOI OTIMO P ELE, EH OUTRA CRIANÇA... NÃO USA GASTRO , DEGLUTI BEM AGORA... DEPOIS Q FEZ A PRIMEIRA CIRURGIA, PASSAMOS POR ALTOS E BAIXOS E DESDE MARÇO ELE VEM COMENDO MARAVILHOSAMENTE BEM... CARNE MACARRAO ARROZ BOLOS CHOCOLATES E TUDO ESTOU MUITO FELIZ... E AO MESMO TEMPO COM MUITO MEDO DA CIRURGIA DO DIA 18/06 TO REZANDO P QUE TUDO DE CERTO, OPIOR EH TER Q OPERAR ELE ESTANDO TAO BEM... VAI DAR TUDO CERTO P NOSSOS BEBES
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