terça-feira, 16 de abril de 2013

Quase um mês depois...

E lá vou eu de novo tentar justificar. Minha ausência por aqui se deve a um único motivo: falta de vontade. Estou monotemática e, consciente disto, sei que é um tédio ler sempre o mesmo mimimi. Mas parece que as coisas começam a tomar alguns rumos novos.

Ir à escola do Caio diariamente e ficar confinada lá, das 13h às 17h, está sugando minhas energias. Estou fazendo algo contra o que acredito, pois sei que minha presença com ele na escola, em sala não é produtiva nem saudável. Adio uma oportunidade de trabalho que surgiu e tenho que fazer meus bicos - docinhos e formatação de TCCs na madrugada, ficando como pouquíssimas horas de sono, 2, 3 por noite. Ainda não vi meu filho ser estimulado nem desafiado e sinto medo de que ele perca o interesse e tenha também prejuízos do ponto de vista pedagógico - opinião essa, ao que tudo indica, compartilhada por alguns na escola; desprezada por vários.

Ainda não temos elevador, ainda sigo subindo e descendo ele e sua cadeira de rodas diariamente ao segundo andar. Promessas houveram, mas ninguém da SME apareceu para ver a situação de perto. Mas, na linha do "a gente não devia, mas se acostuma", vou levando. Desde ontem mudaram a sistemática das aulas e agora ele vai ficar quase que integralmente com uma professora que acredito mais preparada para estar com ele. Oremos.

Domingo, a TV apresentou uma reportagem que me tocou diretamente. Falava de dois meninos inicialmente desenganados por médicos. Sem chances. Sem vida.

Claudio Dusik tem 36 anos, amiotrofia espinhal muscular degenerativa e é psicólogo com pós-graduação na UFRGS. Marco Aurélio Condez, tem 26, paralisado cerebral, jornalista formado pela Universidade São Judas, em SP. Histórias lindas, comoventes, reais, de luta, determinação e superação. Chorei muito ao assistir, pois me deu a certeza de que tudo o que sonho para Caio, o que luto para que lhe seja oportunizado não é delírio, é possível sim!

O caso específico de Marco Aurélio provocou minha bipolaridade. O pai o acompanhou diariamente, por quatro anos, no curso de jornalismo. Lindo exemplo de dedicação. Me faz ver que sim, enquanto precisar, vou acompanhar o Caio, vou ajudá-lo nas tarefas, vou lhe fazer presente na escola regular. Ao mesmo tempo fico ainda mais deprê: precisarei abrir mão de toda a minha vida até a sonhada faculdade do Ito? Nem vou me justificar em qual é a prioridade da minha vida. São meus filhos. E sendo bem franca, nos últimos quase 8 anos, até mesmo o primogênito Yuri ficou em segundo plano. Mas não é assim que tem que ser.

Caio precisa de uma monitora que o estimule, o desafie a produzir. Eu sei da capacidade dele. As ex-profes da EMEI Vó Corina também. Não é a mãe do Caio dizendo isso, profissionais de educação já atestaram isto. Ainda assim, reitero: não é meu papel estar lá. É o espaço dele, é a rotina dele. Eu não tenho, não devo influenciar, me fazer presente o tempo inteiro. Ele só vai desenvolver uma autonomia real quando puder fazer qualquer coisa sem a mãe, ainda que com ajuda de terceiros - e aí serão terceiros escolhidos por afetividade ou por necessidade, mas ele aceitará isso com naturalidade.

E ainda que o IBGE me diga que minha esperança de vida é de 77,7 anos (ou seja, conforme previ ano passado, ao entrar nos 40 anos, mal cheguei à metade do caminho), EU também preciso dos meus espaços, da minha individualidade. Vivencio na prática aquele clichê verdadeiríssimo de que quanto mais sou uma mulher feliz, uma pessoa realizada, melhor mãe me torno para meus filhos.

Na questão prática colocada acima, o pai de Marco Aurélio era aposentado. Eu ainda preciso ganhar a vida e, depois sim, conquistar uma aposentadoria, preferencialmente, não de salário mínimo...





De resto, o de sempre. O que tem sido feito desde 2005. Acreditar. Lutar. Cansar. Descansar. Viver. Amar. Agradecer. Sei que existem pessoas que estão prontas para aprender com Caio. São elas que vão lucrar. 

Um comentário:

Anônimo disse...

em primeiro lugar parabenizo sua dedicação com eu filho, estrutura familiar é tudo, ainda mais na vida de uma criança especial.
Eu queria lhe perguntar, se existem atividades inclusivas na turma em que seu filho (lindo) está matriculado.
E se poderias me descrever algumas dessas atividades. É que irei trabalhar como monitora de uma menina com diagnóstico semelhante, e queria algumas dicas.
Desde já agradeço, e mais uma vez parabéns !