segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Depressão

Há pouco mais de um ano minha vida entrou no olho de um furacão.
Às vezes, parece que saí dele... Em outras, me vejo girando velozmente sem ter a mínima ideia de onde vou parar.
As coisas pareciam ter entrado nos eixos, embora os eixos que eu conhecia e pelos quais me guiava, definitivamente, tenham mudado de lugar.
Nos últimos meses eu só tive uma certeza: a de que nada é para sempre. Nem a tempestade. Muito menos a calmaria.

A primeira vez que me dei conta que eu podia ter depressão foi no final de 2006. Eu sentia uma infelicidade por tudo. Chorava copiosamente. Queria dormir o dia inteiro. E, embora não o fizesse, varava as noites em larga insônia. Mas, como tudo na minha vida, eu me culpava. Me culpava por estrar deprimida. Me sentia fraca de caráter por isso. Será que a vida não podia sair um pouquinho do seu eixo que eu já tinha vontade de desistir de tudo? Na época encontrei um médico maravilhoso que me explicou muito sobre a depressão. Principalmente que ela é uma doença. Não tem nada a ver com caráter. Mas que tem tratamento. E tê-lo ao alcance era uma benção.

Comecei a tomar remédios e fazer terapia.
E por um par de anos, foi meu esteio.

Eu às vezes acho que eu sou a minha maior sabotadora. Porque parei de fazer terapia e comecei a fazer terapia reencarnacionista. Abre parênteses: não estou criticando nenhuma das duas opções. Mas eu queria algo mais "natural". Sim, eu era cheia de preconceitos. Eu não queria ser "louca". Eu não queria me "chapar" - e eu tomava uma dose bem levinha - com antidepressivos e ansiolíticos. Eu queria enfrentar o meu mundo, as minhas dores particulares de cara limpa.

Acho que não deu muito certo.
Especialmente ao longo de 2010 fui me perdendo de mim mesma.
E hoje, confesso, me vejo frustrada e infeliz a maior parte do tempo.
Mas eu ainda me questiono e me culpo.

Me pergunto porque sou assim... depressiva...
Eu acho, acho mesmo que tenho garra, que sou valente.
Então, por que me entrego ao mimimi, à auto-piedade?
Porque sim, hoje, depois de muita terapia, eu assumo: ainda acho que o mundo me deve. Que eu merecia que a vida me fosse melhor, mais fácil, mais florida.

E, por favor, não venham fazer relação dos meus sentimentos com a deficiência do meu filho. Isso é parte integrante da minha concepção frente a tudo que minha vida se transformou ao longo dos meus 39 anos. E, sem sombra de ser demagoga, Caio me trouxe muito mais perspectiva. Às vezes acho que, se não fosse por ele, eu já tinha desistido de tudo mesmo.

Recentemente me vi no fundo do poço por uns dias.
Vontade zero pra vida.
Mas aí eu junto cada pedacinho que acho que ainda tenho de coisas boas e volto outra vez. Mas não queria que fosse assim. Acho que só o bate-papo da terapia não tem adiantado. Acho que vou precisar voltar pra minha tarja preta.

Eu estou em desalinho.
Acho que cresci muito. Mas ainda tem um tantão pela frente me esperando.
E eu quero dar conta.

3 comentários:

Cleide Lira disse...

Ótimo Dinha, vc consegue colocar com sabedoria e inteligência seus sentimentos. Parabéns amiga, maravilha.

Amábile disse...

amiga sem neuras o remedinho tá ai pra te ajudar, afinal teu cérebro precisa dessas substancias pra te ajudar a seguir em frente

bj

Keylla Amelotti disse...

É, Dinha, entendo cada palavra, cada linha do que você disse. Cada linha.