quinta-feira, 24 de março de 2011

Informação: a melhor arma contra o preconceito

Caio vai fazer 6 anos daqui a pouco. E são pelo menos cinco anos que eu tenho consciência da sua condição e no mínimo quatro tentando fazer algumas pessoas de nosso convívio entenderem que paralisia cerebral não é doença, não tem cura e não é um cérebro paralisado.

E isso não significa que essas pessoas “falham” conosco. É assim mesmo porque, históricamente, doenças e deficiências vêm envoltas em nebulosas nuvens de preconceito. Preconceito esse que, eu vou aprendendo com o Caio, é fruto mais da falta de informação do que da maldade das pessoas. Elas têm medo. Não entendem como é, como funciona. E não sabem como podem ajudar, ou como não atrapalhar.

Durante um bom tempo, por exemplo, eu tinha mágoa porque vários familiares não pegavam o Caio no colo (quando ele era pequeno, claro) e eu lia esse comportamento como preconceito. Até que um dia, desabafei com uma prima. E ela me disse que talvez não fosse assim. Que ela mesma tinha muita vontade de pegá-lo. Mas como ele é “molinho”, ela tinha medo de machucá-lo, de desagradá-lo, de não saber deixá-lo na melhor posição. E assim, na franqueza e no diálogo, o meu preconceito com a atitude das pessoas foi embora. Porque eu tive uma informação sobre o sentimento delas que me fez entendê-las melhor.

Assim, eu acredito que quando falamos de deficiência sem dedos, estamos abrindo um canal que só tem a beneficiar toda a sociedade. Quando eu explico que o Caio entende tudo a seu redor, embora seu corpo não consiga responder rápida ou adequadamente ao que é convencionado socialmente, eu permito que as outras pessoas se aproximem dele sem medos. E aí ele mesmo responde mais efusivamente!

São estas questões que acho importantes que falemos todos os dias, em todas as oportunidades. Porque a deficiência não precisa ser escura, escondida, triste. A deficiência, assim como alguns transtornos, é uma condição de ser. Diferente da grande maioria, mas não necessariamente ruim ou sofrida.

Por isso, fiquei muito feliz do Dia Mundial da Conscientização do Autismo estar sendo amplamente divulgado. Eu fiquei sabendo através das minhas queridas Karla e Luiza, que além de me presentearem com uma valiosa amizade, estão sempre por dentro de tudo o que é bacana. E, de repente, li no jornal da minha cidade, aqui vai ter uma série de eventos! E no Facebook tá bombando o concurso de fotografias para celebrar o dia (eu estou participando, corre que ainda dá tempo!). Yuri quis saber o porquê das fotos, expliquei e ele agora sabe um pouco mais sobre o que é autismo!

É dia 02 de abril, agora.
Uma forma de celebrar, de dizer que você está dentro, que abraça o não preconceito é vestir azul, iluminar sua casa de azul.... Azul... a cor oficial do autismo. Viram? Não é escuro, nem triste. É a cor da serenidade, da paz.
Porque quando a gente tem informação, não sobra espaço para o preconceito. Só para o bem.


(Ensaio fotográfico de Yuri e Caio, de mãos dadas pela conscientização do autismo e o não preconceito!)

4 comentários:

Letícia disse...

Dinha!
Sou mais uma leitora daquelas que sempre lê e nunca comenta. Você SEMPRE me emociona. Não sei se vocês já se "conhecem", mas hoje recomendei teu blog pro Jairo Marques, jornalista da folha e blogueiro do Assim Como Você http://assimcomovoce.folha.blog.uol.com.br/.
Entra lá pra ver como ele encara a(s) deficiência(s) de uma maneira muito leve. ;)
Beijos!

Karla Coelho disse...

Aprendi a conviver com olhares diferenciados, julgamentos errôneos e palavras fortes que as pessoas falam sem nem pensar...

Muitas das vezes eu fiquei triste, em outros inúmeros momentos eu tive vontade de palestrar sobre o autismo mas na maioria deles eu tive que me calar... e acho que essa foi a melhor escolha.


Tinha dias que um passeio ao shopping ou uma simples compra no supermercado era motivo de tristeza e stress. Teve um dia que uma mulher saiu correndo do Lu como se ele tivesse uma doença contagiosa, outro dia eu e Luiza com Lu na rua, passeando de velocípede e Lu em crise e as pessoas passavam e olhavam pra gente como se tivéssemos espancado ele de tanto que ele gritava e chorava e em muitos momentos escutávamos frases como: faça ele parar de pular, de gritar... vcs não dão educação pra ele não?

Lu foi um menino agressivo, escravo de TOC e tinha muitas crises. Ele batia e mordia na gente, batia a cabeça na parede,se auto agredia, era muito agitado, quebrava as coisas, rasgava revistas e jornais, etc... e como ele não falava, era difícil saber o que o chateava. Uma época difícil... hoje ele está cada dia melhor e evoluindo sempre e isso tudo graças a INFORMAÇÃO.

É por isso que queremos a cada dia mais escrever, passar o conhecimento pra frente e ajudar o maior numero de autistas possível. E contar com esse espaço do seu blog nos deixa feliz pois quem sabe as pessoas lendo sobre PC, autismo, down, etc, elas se informam mais e ao invés de gastar energia pensando em bobeira ou criticando, elas passam a vibrar positivo e a perguntar no que elas podem ser útil. A união faz a força... uma frase comum, conhecida por todos mas que é a mais pura verdade.

Somos todos irmãos e nosso Pai vai ficar orgulhosos de saber que juntos, podemos vencer os obstáculos do dia a dia.

Obrigada, mais uma vez, por tudo que vc tem feito por nós!

Beijos!

Luiza Coelho disse...

Preconceito como o próprio nome diz é um pré conceito ou seja, um conceito que criamos sem conhecer direito aquilo que estamos julgando... Então por isso a informação é tão importante... ela clareia os pensamentos, ela traz uma nova visão e faz com que enxerguemos de outras formas,e o entendimento traz a aceitação, traz a valorização, traz o amor! Por isso a campanha light it up blue (vamos acender uma luz azul) é tão bonita... ela traduz o quão é bonito o trabalho de conscientização, o quão é importante! Amei o texto pois você colocou os dois lados da moeda e informou bem como devemos nos comportar... devemos, as duas partes sentar, conversar, trocar experiencias e resolver! Caio e Yuri são luzes em nossas vidas... e eles estão aqui pois você os deu a luz... obrigada por ser essa mãe luz, essa amiga luz... obrigada por nos ajudar tanto nesse trabalho!!! Amei as fotos... tbm... com modelos como esse, rs! Meninos lindos por dentro e por fora! :) Amamos você!

Anônimo disse...

super jóia!
vc está super certa!
val