sábado, 16 de agosto de 2014

Sonho ou meta?

Desde muito pequena, carrego comigo muitos sonhos. Ter filhos era um deles. Escrever um livro é outro, acalentado desde a mais tenra idade. É inerente ao ser humano. Mas, depois do nascimento de Caio, sonho, meta, objetivo, tornaram-se palavras com um peso e um significado diferentes, bem mais profundos.

Diagnosticada a paralisia cerebral de meu filho, eu estabeleci como meta que iria dedicar o melhor de mim e dos meus dias para lhe oportunizar todas as chances de reabilitação possíveis. E ainda que eu tenha plena consciência da extensão de sua paralisia, costumo dizer que sonho grande para ele. Sonho vê-lo andando. Sonho vê-lo cursando uma faculdade.

Coloquei as palavras meta e sonho, propositadamente, em seus contextos mais clássicos. Meta, consta no dicionário, é alvo. Algo que se deseja atingir. Objetivo. Já sonho está apresentado como: Aquilo com que se sonha. Fantasia ou ilusão. Desejo. Aspiração.

Ou seja: meta, objetivo, são racionais e plausíveis. Sonhos são sentimentalismos impossíveis. Será mesmo?

A meu ver, são praticamente sinônimos, quando a ambos dedicamos nossos esforços. Sim, estabeleci a meta de dedicar o melhor de mim para as atividades de reabilitação de Caio. E assim tem sido, com pesquisas, conversas com profissionais, outras mães. E vamos construindo nossa história de superação frente aos piores prognósticos médicos. Sim, sonho em vê-lo andando e cursando uma faculdade. E para tanto, dedico a estes sonhos, minha completa entrega e dedicação, levando Caio para suas atividades, por mais difícil que às vezes seja - e acreditem, na maioria das vezes é. Acho que se existe diferença, talvez esteja na paixão.

Posso ter uma meta na vida e ser completamente apaixonada pelos caminhos que talvez me conduzam até ela. Mas, sim, os sonhos são aqueles planos que tomam conta de nossa alma até mesmo quando dormimos. Sonhos são aqueles objetivos que muitas vezes renegam a realidade imposta em nome de um idealismo chamado "eu vou conseguir". A meta é planejada; o sonho é impulsivo. A meta é coerente. O sonho é visceral.

O romantismo do sonho reside de superar o tempo, a ansiedade, os planos e sobreviver unicamente da esperança de deixar de ser sonho e se tornar realidade. Ainda que ele seja arduamente trabalhado. Tal como uma meta.

Passados nove anos do diagnóstico da paralisia cerebral do Caio e seu imenso comprometimento, ouvindo pérolas como "a senhora não deve esperar NADA deste menino" ou "ele NUNCA vai ter NENHUM tipo de desenvolvimento". Alternando meus momentos de exaustão, medo e descrença com aqueles da mais forte confiança, perseverança e energia. 

A resposta começa a surgir. E eu digo: como é bom sonhar. Como é bom lutar por nossos sonhos. Como é maravilhoso entregar-se apaixonadamente a um objetivo de vida e fazer dele a inspiração de todos os nossos dias. 

Não importa o tamanho do sonho. Não há sonho pequeno ou demasiadamente grande.
Sonhos são sempre sonhos.
Sonhos nos levam mais longe do que a razão nos diz ser possível.
Sonhos nos elevam à nossa capacidade máxima de fé, coragem e realização.
Eu ouso dizer que só quem sonha vive a vida em sua verdadeira intensidade e propósito.
Tente. Vale muito à pena.








3 comentários:

Anônimo disse...

Boa tarde Dinha! Me chamo Diego e moro no Pará, há dois dias, por acaso, descobri e acompanho seu blog, a cada história me emocionou por ver o amor entre VC e seus filhos e entre os irmãos. Acredito que seu blog está, de alguma forma, ajudando muitas pessoas a descobrir o real sentido da vida; a parar de queixar-se mais e ver que o outro sobre mais e sorri. Vcs são um belo e inesquecível exemplo de que Deus, de uma certa maneira, envia seus anjos para cá, e nos transforma com exemplos, acredito que VC tem dois anjos em casa e que VC manifesta muitas lições dividas. Seja feliz, iluminada e sempre agraciada juntamente com seus filhos.

Dinha disse...

Muito obrigada pelo retorno tão carinhoso, Diego. Poder ajudar as pessoas, da forma mais simples que seja, compartilhando minhas experiências e sentimentos, é parte da missão dos Meus Frutos. Quando isso acontece, me sinto extremamente recompensada pela vida. Forte abraço!

cecisantiago disse...

Dinha, chorei de emoção ao ver seu rapazinho passando os pezinhos pelo degrau na caixa! Acompanho seu blog há muito tempo, talvez quase 9 anos e hoje te digo que passei a acreditar ainda mais no amor e na coragem! Sou testemunha "virtual"da sua dedicação e da sua crença que algo de melhor poderia sim trazer para seu filho amado! E o sorriso dele nas sessões, orgulhoso do próprio empenho? Que momento lindo vocês me proporcionaram hoje! Obrigada e PARABÉNS!!
Beijo de coração,
Cecília