terça-feira, 13 de março de 2012

Montanha Russa

Terça, quarta, quinta e sexta da semana passada eu estava nervosa, triste, preocupada.
Sábado estava cansada.
Domingo e ontem eu estava feliz e confiante.
Hoje eu estou nervosa, triste, preocupada.

Que mulher é essa de humor tão oscilante? Louca? Bipolar?
E aí eu te pergunto: que mãe seria diferente?

Meu filho nasceu e quando eu deveria estar comemorando, recebendo mimos e parabéns, os médicos foram enfáticos: ele vai morrer em poucos dias! E eu me acabei de medo e tristeza. E Caio contrariou todas as estatísticas e sobreviveu. E eu fiquei exultante de tanta felicidade! E pelos dois primeiros meses de vida, foi assim.... Ele melhorava, piorava, melhorava, piorava. Veio a meningite, a hidrocefalia, a cirurgia. Vencemos! Viemos para casa!

Aos 7 meses, a ameaça de um novo problema grave, de uma nova cirurgia. E mais uma vez eu chorei de medo. E Deus foi misericordioso e tudo não passou de um susto. E eu derramei lágrimas de gratidão e alegria.

Quando eu começo a entender melhor o universo chamado "paralisia cerebral", aos 3 anos Caio tem hepatite e vai pra UTI. Os médicos dizem: é grave, difícil salvá-lo. E eu quero morrer junto, me acabo. E mais uma vez, a internação mínima prevista para 15 dias se transforma em 8 e Caio volta são e salvo pra casa. E eu não consigo explicar o tamanho da minha felicidade!

Mas a partir deste episódio, surge outro fantasma: as convulsões. Que eu entrava em pânico a cada uma. Que eu achava que ia perder meu filho. Até entender que tá, é crônico, dá, medica, passa. E começo a ter uma certa tranquilidade. De repente, por um ano inteiro, esse fantasma fica longe. E eu que tanto acredito em Deus, acredito também no milagre da cura. Porém, ele não veio.




Ao longo destes últimos 14 meses, Caio tem tido convulsões com uma frequência espantosa. Quase uma a cada 45 dias. Se eu quero ver a metade cheia do copo, são convulsões mais "brandas" em que às vezes não é necessária a remoção nem suporte de oxigênio. Mas nem por isso doem menos no meu coração de mãe.

E em busca de respostas e, principalmente, de qualidade de vida "ao meu tudinho" como o chamo, hoje conseguimos uma nova avaliação neurológica. E fizemos um eletroencefalograma de urgência. E o resultado nos deixou apreensivos. A médica diz que o traçado cerebral do Caio está um caos. Que uma séria avaliação tem de ser feita, inclusive exames mais modernos e específicos sobre a funcionalidade da válvula. Que muito provavelmente teremos que mudar toda a terapêutica. E me diz que o ideal é interná-lo, para que ele possa fazer os exames com mais conforto e rapidez, contando com o acompanhamento dos devidos profissionais em tempo real.

Internação. Outro fantasma que tanto me assombra.
Sim, eu morri um pouco quando ela disse essa palavra. Chorei, tive medo. Ainda estou com. Revivi tudo o que já passamos. E não sei se fico com ainda mais medo ou se me encorajo de perceber que daremos conta.
Não há de ser agora... Mas tenho medo.
Quero ter fé. Mas em momentos assim ela me parece absurda.
Queria entender o por quê desta montanha russa emocional nestes 7 anos.
Sei que cresci. Mais do que amar, admiro meu filho, pela alma grandiosa que ele é. Já me disseram uma vez e nunca esqueci que o caminho que leva à Deus é "estreito e apertado". Ainda assim, às vezes eu me pergunto: precisa ser tanto?
Quero ser forte, mas não sou.
Quero ser otimista, mas nem sempre consigo.
Quero ser feliz com meu filho... e muitas vezes sou!
Só que tem horas que esta montanha russa cansa.
Como agora, por exemplo.

4 comentários:

Keylla Amelotti disse...

É, Dinha, já te disse isso em outra ocasião, e torno a repetir: Tudo bem ficar cansada, reclamar da vida, reclamar da sorte; de modo nenhum você estará sendo ingrata ou fraca, só vai "desabafar" pra continuar o caminho, que é longo, é difícil, mas você e Caio têm sim sabido seguir muito bem. Eu, vendo tudo de fora, te digo que há de ser positivo vocês terem descoberto isso agora, lembra que há algum tempo atrás você queria entender o porquê dessas convulsões? Então, vamos respirar fundo e encarar mais essa. Vamos descobrir o que está acontecendo, vamos, mais uma fez, fazer o que for preciso pro Caio ter mais qualidade de vida, mais saúde, e continuar crescendo e se desenvolvendo, como ele já vem fazendo. E vamos seguir com fé, que ela não é absurda; você bem sabe que há anos atrás ela parecia ainda mais absurda... E não é que o menino se superou e continua se superando a cada dia? É isso. É difícil mesmo, nem consigo imaginar o quanto, mas também sei que, em situações difíceis, só nós sabemos de verdade mensurar o quanto é difícil e o quanto vale a pena. Vamos seguindo, com fé sim, com esperança sim, que apesar de tudo tudo que aconteceu, até hoje você ainda não teve motivo pra desacreditar da força do Caio, não é?

Barbara disse...

Tudo há de passar. O Caio já provou o qto é forte e graças à Deus, agora é pra um conforto pra ele e não doença, força, fé e coragem...

Bárbara Guarei

Anônimo disse...

Dinha,minha querida,te entendo perfeitamente,a rotina do hospital é péssima,principalmente pra vc,que não tem boas recordações,mas ó,boto fé de que é o melhor para o Caio.
Fique bem,na medida do possível,sinta meu carinho e admiração,nessas horas seria preciso o teletransportemestaria aí,segurando suas mãos.
bjos

Moniquinha

A MAGIA DA FADINHA ENSINANDO AS LETRINHAS disse...

Amada !!!Existe um Deus que tudo pode e desacreditar não é defeito,desesperançar muitas vezes nos fortalece...sua historia é linda cheia de emoção..seu exemplo dismiuçado aqui em seus desabafos,serve para muitos (mim) como um exemplo a ser seguido..não vangloriando seu sofrimento mas acreditando na vitória ...a unica certa vitória que é a Promessa de Deus..."...na tua Palavra coloquei a minha esperança!" Salmo 119.81.
Creia você ira vencer ,e saiba que não esta só..seu filho é seu "tudinho" e vocês são o "tudinho"de Deus...fique em paz.
Grande abraço.