sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Omissão, que fácil que é

Então que eu, que me julgo super antenada em algumas questões, vejo também o quão ingênua posso ser. Caio matriculado no jardim, educação infantil, ensino regular, começou as aulas 6 (SEIS) meses após sua inscrição porque eu sou brasileira e não desisto nunca, achei que agora tudo seriam flores.

Ha-ha-ha!
Só o que me resta.

Pessoal que me acompanha por aqui e pelo facebook tá vendo a peleia. Já são mais de 30 dias desde o meu pedido à Secretaria de Educação, amparado em parecer pedagógico de suas professora e monitora mais laudos de pediatra, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional que o acompanham, solicitando sua permanência por mais um ano na educação infantil.

Primeiro, o departamento de educação infantil, leu, pensou e chegou à conclusão que não era de sua alçada este assunto, passou para o CEIA - Centro de Educação Inclusiva e Acessibilidade. Este, por sua vez, como subdepartamento da Secretaria, leu a solicitação, achou (disse mas não escreveu) o pedido coerente mas afirmou que não tinha autonomia para uma decisão deste porte. O pedido foi encaminhado então à direção do departamento de inclusão. Que ficou com a papelada por mais de 10 dias, leu e deu um parecer: quem tem que decidir é o departamento de educação infantil!

Como assim? Estamos andando em círculos!

Na verdade, todo este episódio lamentavelmente me confronta com aquela verdade que já sabemos, nua e crua: a inclusão inexiste para algumas pessoas. Não é necessária, é trabalhosa, dispendiosa.

Todos sabem dos medos que tive no início do Caio na escola. E todos também viram como fomos felizes! Que serviço lindo, que inclusão de verdade sua escola faz. Passados 6 meses de convívio escolar, Caio é amado, aceito por colegas, professores, funcionários. É popular. Tem apresentado sinais claros de desenvolvimento cognitivo, motor e social. É um feliz estudante!

Eu não imaginei que sua inserção no grupo escolar fosse tão fácil. E é triste ver que os entraves burrocráticos, de funcionários públicos que fazem jus a má fama da categoria, estão tentando impedi-lo de seguir seu caminho. Querem que ele vá a todo pano para a primeira série do ensino fundamental. Ou, não tendo condições para, que vá logo para uma escola especial. Argumentam que se permitirem que ele fique agora, aos 6 anos, ainda aos 9 ou 10 estaremos desejando ele na educação infantil! Façam-me o favor! Parecem que torcem para que ele não seja apto ao ensino regular. Não querem lhe dar o tempo necessário para ele mostrar suas capacidades, desenvolver melhor suas potencialidades. A escola especial, que o rejeitou ano passado, entende que a paralisia cerebral não é necessariamente uma condição de incapacidade mental. Os gestores do nosso ensino regular estão com uma tremenda resistência em investir, em apostar, em pagar pra ver.

E o que mais me aborrece é que ninguém quer ser o pai da criança. Ninguém quer dizer SIM ou NÃO ao Caio e nosso pedido. É um jogo de empurra-empurra. Uma triste omissão de seus papéis na sociedade e no sistema educacional do município.

Já tive várias conversas pessoais com nosso prefeito porque eu previa que alguma dificuldade poderia atravessar nosso caminho. Ele já sabe muito bem quem é o Caio, sua história e como tem sido ativa sua participação na escola. Mas de nada adianta ele apoiar a inclusão em sua totalidade, se seus departamentos e secretarias subordinadas não seguem a mesma cartilha. Se preciso for, muito em breve, ele me reencontrará pessoalmente para tratar deste tema.

O lado positivo é que a própria escola comprou a briga junto comigo. Solicitaram à diretora que, na sua programação de vagas 2012 fizesse duas listas de Jardim: uma com o nome do Caio, outra sem. Ou seja, não resolveram nada. Ela se negou. Disse que a vaga é dele até alguém assumir oficialmente e com justificativa posição contrária. Eu agora estipulei um prazo. Dizem que dia 22 a diretora do departamento infantil retorna de férias. Anotem: dia 25 estarei na frente dela cobrando uma posição. Porque estão querendo nos matar no cansaço outra vez, tal e qual ano passado, quando o inscrevi em dezembro para que somente em maio ele fosse chamado. Não vai acontecer de novo. Além de escaldada, essa luta é fichinha diante de tantas outras que já travamos. E das que sei que ainda teremos pela frente. Mas se tem uma coisa que nunca vai acontecer, é meu filho deixar de ter a mesma oportunidade de crescimento das demais pessoas pela omissão de uns. Ah, isso não! Porque se omitir é muito fácil. "Não fui eu". Quero ver é ir a luta e dar a cara à tapa. Isso sim é para os fortes. E é o que eu e Caio somos.


Um comentário:

Cleide Lira disse...

Muito bem Dinha, não desista, insista, persista. Nós sabemos das capacidades de nossos filhos. Se o mundo se recusa a ver, os "educadores" também, os "burrocratas", idem, isso não irá nos derrubar. Somos mais fortes, nossa luta é digna, é séria. Sabes o quanto te admiro e te apoio. Estou na torcida para que o Caio logo logo consiga sua vaga na mesma escola, é necessário, nós bem sabemos.