Todo mundo erra. É da natureza humana sermos falhos. E me parece óbvio que ninguém erra intencionalmente. O errado mesmo é quando o que era uma eventual fatalidade é fruto de descaso. Todo mundo erra. Até mesmo os médicos. Porque, antes de tudo, são humanos. Mas infelizmente nem mesmo eles sabem disso.
Conversando com a fisioterapeuta do Caio me choco ao saber que as estatísticas apontam que mais de 90% dos casos de paralisia infantil ou neonatal têm origem no erro médico. Dá pra visualizar que a cada 100 crianças, mais de 90 são absolutamente sadias e normais até se defrontar com a imperícia de um profissional médico? Deste universo, menos de 10 têm seqüelas neurológicas decorrentes de doença, acidente ou má formação. São vítimas de um erro praticamente irreparável: o pecado da soberba.
Pela minha vivência com o Caio, em dois universos bem distintos - um hospital público (mas de grande referência nacional, inclusive com uma UTI Neonatal certificada em nível sul americano) e um plano de saúde privado, convivi em ambos com dois tipos bem distintos de médicos: profissionais maravilhosos, dedicados, que se envolvem com o paciente e sua família e lhe decifram o universo (ou tentam, juntos) de prognósticos e terapias; e um grupo de médicos que se acham superiores, que trazem em si o conceito cavernoso de que o título de “doutor” lhes confere uma aura quase divina, desacreditando em tudo o mais ao seu redor e deixando bem claro ao que está sendo atendido de que eles, os médicos, são onipotentes e oniscientes e que o paciente só está à sua frente porque não é normal, porque tem uma doença.
Acredito piamente que o erro médico é fruto maior e direto desta arrogância. Desta auto-estima inflada. Desta prepotência que, na grande maioria das vezes, desacredita em Deus. E aí, também entra um mérito que brilhantemente me alertou a maravilhosa neurologista do Caio, quando falávamos do já “famoso” neurocirurgião que me disse que não deveria esperar nada do meu filho, porque era um caso sem perspectiva nenhuma de melhora – acreditar em Deus é algo extremamente pessoal, mas ao lançar uma frase desta força, o médico está desacreditando em sua própria profissão e nos recursos disponíveis.
Eu e o Caio tivemos a infelicidade de passar pelas mãos de médicos que não quiseram me ouvir, que não deram atenção ao meu histórico gestacional e aos manuais de conduta. E isto ocasionou sua paralisia cerebral. Mas também tivemos a benção de encontrar profissionais excepcionais, com os quais compartilho a evolução do Caio e meu grande aprendizado, como mãe e pessoa.
Eu erro. Em casa, no trabalho, em minhas relações, em meus julgamentos. Por descuido talvez, por ansiedade muitas vezes, mas nunca por prepotência. Sei da minha nata condição de imperfeita. Se 90% dos nossos médicos pudessem se ver assim, humanos antes de doutores, com a humildade de se saberem aprendizes constantes do dia-a-dia, lidando com amor com o instrumento maior de suas profissões – que é a vida do próximo, estou certa de que os níveis de erro médico poderiam ser inversos ao que acontece hoje. Porque seriam ocasionados por seres humanos e não por pretensos donos da verdade.
10 comentários:
Dinha, falou tudo mais uma vez! E o pior é que os casos de erros médicos são mais comuns a cada dia. O que será que está acontecendo? Será que acham que podem brincar de Deus? Meu marido odeia médicos, diz que se for a uma consulta, com certeza, vão achar algma coisa. É piada, claro, mas o motivos são esses casos absurdos. Beijos pra vc e pros meninos.
Pois é Dinha, todo mundo erra, mas aqueles em cujas mãos estão as vidas humanas, as nossas vidas, deveriam ter responsabilidade redobrada. Bjs mil e sorte na empreitada
Oi querida, tô contigo e não abro. Eu tenho não tenho medo de doenças, eu tenho medo de médicos!!!Bjs
Dinha eu concordo muito com isso, que muitos erros são fruto da arrogância. E isso é triste, tanto poderia ser evitado se algumas pessoas olhassem mais pra dentro de si e vissem o que realmente são, humanas, e não semi-deuses...Beijos.
Dinha, concordo plenamente contigo, sem tirar uma vírgula. Ultimamente tenho andado super desacreditada dos médicos.sempre tão frios, tão desumanos...Deveriam ter tentado outra profissão, já que não possuem humanidade.
Beijos!
É Dinha, errar é mesmo humano, mas esse "tipo" de erro para mim não é nada humano, me revolta uma pessoa que lida com a vida humana errar apenas por orgulho. Sinto muito medo dessa situação e só me resta rezar muito para nunca me deparar com esse tipo de gente e claro para vc e sua família linda nunca mais passarem por isso. Beijos
Sim, Dinha. Errar é absolutamente humano, tanto quanto não reconhecer o erro é absolutamente desumano. Um beijo, minha querida.
Dinha, eu não tenho certeza se já te contei um pedaço da minha história de quando eu era um bebê e peguei uma infecção hospitalar.
Mas, na época um médico falou para minha mãe que se eu sobrevivesse ficaria tetraplégica e nunca faria nada sozinha e outro disse que não pegaria meu caso porque eu iria morrer mesmo e minha mãe ainda o colocaria na justiça. Tenho a impressão que eles estavam errados.
Dinha...eu sou irmã de uma G.O Ginecologista Obstreta, que nunca quis ser minha médica porque os médicos não devem assistir à própria familia...
Embora que o meu caso seja diferente e eu não posso de chapa acusar ninguém, foram cometidos erros, como seja optar por parto natural e vindo de um bebé que era de risco e tinha circulares à volta do pescoço, tenho a certeza que foi péssima opção. Julgo que a PC nada teve a ver com isso, mas o facto real é que ele nasceu sem respirar e não havia razão para isso !!! O Hospital era particular, mas a médica disse-me no fim de tudo que tinha pensado que eu faria um parto bem rápido e que se enganou...também não me consolou nem um bocadinho...
Felizmente a minha irmã tem que eu saiba uma atitude bem humilde e sempre foi muito cautelosa. Qdo trabalhava no público era chamada à administração por fazer demasiadas cesarianas. Na verdade ela sempre me disse que nunca gostou de arriscar e de jogar pelo seguro. E o estado que pagasse. O facto é que apesar disso subiu rapidamente a directora pelas diversas vezes que "confrontou colegas e impediu desgraças"...ganhou fama. Hoje está no privado e continua muito humilde e humana...tenho orgulho nela.
No meu caso ela só teve um erro que coincidiu com o meu (mas nunca me influenciou)...Foi muito OPTIMISTA...mas sabes que mais ? Ainda bem. Estou feliz do meu filho estar connosco...é muito dificil. Mas a minha vida dificil é hoje muito maravilhosa. Lindo era ele poder recuperar em grande escala e eu aliar este aprendizado a um certo alivio....o tempo dirá ! Beijinhos amigos
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