Hoje, Caio encerrou um importante
ciclo. Após 1 ano e 9 meses, deixamos a equoterapia.
Imagino o quanto essa notícia
possa provocar espanto em todos os nossos amigos, em todos que acompanham nossa
luta, torcem por nós. Durante meses, eu tentei um padrinho para este
tratamento, tão necessário mas inacessível ao nosso orçamento familiar.
Conseguimos. Caio fez equoterapia apadrinhado por 5 meses. Depois, o padrinho
precisou se retirar. E por outros 6 meses, lutei, pedi ajuda, fiz rifa,
vakinhas, ganhamos nossa Feijoada Amiga, fomos matéria de jornal e TV. E
o novo padrinho veio, cheio de amor no coração para nos apoiar.
E é por amor e gratidão ao IMENSO
apoio que recebemos para realizar este sonho, que venho compartilhar este novo
momento.
Não foi uma decisão fácil. Acredito
que nunca é, quando se trata de escolher o melhor para nossos filhos. Ainda
mais quando ele vem como Caio, tão cheio de necessidades. E saber que MINHAS
escolhas poderão ser determinantes mais do que à felicidade DELE, à sua
qualidade de vida. Mas ao longo destes 21 meses em que Caio praticou
equoterapia, ele mudou. Evoluiu, claro. Cresceu – física e cognitivamente. E suas
necessidades, como as de qualquer criança, também mudaram.
Ele tem apresentado respostas
positivas na escola que superam (mais uma vez) todos os prognósticos médicos
recebidos. Que contrariam a probabilidade para uma criança com a neuropatia dele.
Caio reconhece letras, formas, se esforça apontando-as para fazer entender suas
vontades de realização. Então, conversando com a orientadora, concluímos que
ele precisa de um bom estímulo psicopedagógico porque suas janelas neurológicas
nesta área estão a mil! Não podemos desperdiçar esta oportunidade dele crescer
ainda mais! Todos sabem o quanto desejo, o quanto sonho, o quanto me esforço
para vê-lo caminhar. Mas acredito que ele se fazer entender, ele poder se
comunicar melhor, ele se realizar na escola como uma criança comum, podem lhe
trazer grande felicidade – e, também, facilidades vida afora.
Então tive que optar. Porque não
é segredo pra ninguém que, acima de tratamentos e reabilitações, eu respeito a
infância do meu filho. E ele já tem uma agenda bem cheia. Não quero mesmo ele
ocupado 7 dias na semana. Ele precisa brincar. Ver TV. Fazer nada.
Fisicamente, ele está bem amparado, atualmente pelo Cuevas Medek Exercise (CME), 2X na semana mais a hidroterapia na ACADEF, uma vez na semana. Então, optei por nos desligarmos da equoterapia, que é o lugar mais distante, de difícil acesso para nós. Ainda que não paguemos – por conta do apadrinhamento – e seja um excelente tratamento, é também o mais custoso de manter.
Eu seguirei lutando pela equoterapia mais
acessível. Para mais centros qualificados espalhados em cada cidade do país. Para
mais empresas apadrinharem. Caio conseguiu por um tempo. Mas eu não consigo
esquecer do número: 300 crianças na fila de espera pela chance de reabilitação.
Quero mesmo é o SUS dando conta dessas crianças!
Reitero: Escolhas nem sempre são fáceis. Pelo contrário,
algumas vezes são doloridas. Deixar o Cavalo Amigo é uma destas. Mas é preciso.
Saímos com o coração repleto de gratidão. Saímos com vontade de um dia, em
melhores condições, voltar. Saímos com a certeza de que CADA
um desta equipe foi, em algum momento, nosso amigo de verdade. Cada um -
Sandro, Silvia, Marcelo, Ítalo, Paula, Cris, Edna, Alex, Chaiane, Ester - entrou em nossos corações para sempre. E
esperamos ter deixado um pouquinho da gente, impresso no de vocês.
Eu não sou uma pessoa de dizer Adeus. Ensino meus
filhos pelo mesmo caminho. A vida é cíclica. Muito fácil voltar a reencontrar
pessoas. Ainda mais quando o bem é objetivo e conduta em comum. Então, fica o
nosso até logo!
Até logo, amigo e terapeuta Tonhão!
P.S Impossível não deixar um agradecimento especial
a TODOS que nos apoiaram ao longo deste tempo. Cada um. Cada ajuda. Cada
palavra de força. Cada vídeo ou post compartilhado. Mas peço licença para
agradecer com um carinho diferenciado a Cris Camargo, Túlio e T2 Horses, Dimi
& Lu, Sid D’Jesus e equipe do Diário de Canoas, familia Kern, família
Pinzon, Elisângela Veiga e equipe da TV Record, Letícia Dias, Solange Assis e
Cursinho Biosfera. Muito obrigada. Com nosso mais profundo amor!