Eu ainda me importo com a opinião de algumas pessoas. E neste final de semana, uma pessoa de minhas relações me disse que lê o Meus Frutos. Mas que não gosta da maneira como eu escrevo das hospitalizações do Caio – esta recente e a neonatal. Disse que eu praticamente indico uma permanência na UTI para nos tornarmos melhores, como quem indica uma viagem à Disney.
Bem, eu não vejo deste modo. Este espaço, antes de mais nada, é MEU espaço TERAPÊUTICO. Sempre foi assim comigo, desde os meus 5 anos, quando aprendi a escrever. Através da escrita, exorcizo alguns fantasmas. Ou elaboro melhor algumas vivências. E aqui, exponho, sem nenhuma tentativa de influenciar quem quer que seja, as minhas crenças muito particulares.
Obviamente que não recomendo uma estadia hospitalar como condição sine qua non para evoluirmos. Aliás, no meu coração materno e mole, nenhuma criança deste mundo deveria passar por um hospital não fosse unicamente para nascer. Mas a realidade, infelizmente, não é tão cor-de-rosa. E se EU acredito que nenhum de nós estamos neste mundo somente a passeio, mas com algum propósito, o melhor que posso fazer é tentar aprender.
Até hoje me dói não ter podido levar o Caio pra casa 2 ou 3 dias após seu nascimento. Não tê-lo amamentado. Não termos vivido tantas coisas absolutamente rotineiras para mãe e bebê. Muitas vezes ainda me chateio muito pela tabela de remédios que ele precisa usar – sempre 3 ou 4, com dosagens, horários diferentes, receitas controladas.
Me ressinto que ele tenha passe livre no transporte público por ser um portador de deficiência. Depois desse episódio mais recente me apavoro com a idéia de que ele volte a vomitar (e isso, por mais saudável que ele se mantenha, vai acontecer, porque afinal “faz parte”). Ainda estamos numa fase de transição da medicação com a qual ele recebeu alta do hospital, mas que não pode fazer uso por período prolongado, e o novo anticonvulsivante, absolutamente experimental. E me desespera a possibilidade de algum dia ter que vê-lo convulsionar novamente. Mas são riscos que corremos.
Agora, o que eu não posso é ficar me atormentado por episódios que já aconteceram e sobre os quais nem eu nem ele tivemos nenhum controle. Chorar eternamente o leite derramado não vai me trazer nada mais além de dor e amargura. E definitivamente, não é isto que almejo para nossas vidas.
O que consigo ver claramente é que, como todo mundo, nossa vida é feita de algumas pequenas certezas, uma quantidade razoável de sonhos e expectativas e um imenso lote de imprevistos e incertezas. E a gente vai levando. Um dia mais feliz e confiante. Noutro mais apreensivo. Não quero perder meu tempo pensando se é justo ou não que passemos tanto tempo com o coração na mão. Se merecemos, por algum motivo, eu e ele, as internações hospitalares. Como costumo dizer, eu não posso mudar o que vivemos. Posso, talvez, transformar o que está por vir. E ainda quero o melhor pra gente. Acho, isto sim, que merecemos!
Temos sempre a mania de achar a grama do vizinho mais verde do que a nossa. Estar com um filho numa Unidade de Tratamento Intensivo nos fazer ver bem que, na maioria das vezes, não é assim. O sofrimento ao lado pode ser maior. E por mais que saber disso não alivia a nossa dor, é uma forma de redimensionar todos os nossos valores.
Chorar pelo que realmente toca, pedir o que realmente importa, sofrer pelo que realmente é válido, torcer pelo que é justo, amar incondicionalmente. Teremos momentos de frescurinha, pitis, futilidade? Claro, também faz parte da natureza humana. Mas sabendo que o que conta, o que faz a diferença é a essência do que trazemos no coração. E que ela saiba se manter humilde, para aprender um pouquinho mais a cada dia. Como eu e Caio temos tentado.
10 comentários:
As pessoas querem que a gente pense como elas, que sempre passemos a idéia de sermos fortes o tempo todo, que não cabe a gente, um dia de fraqueza... Acho que o que a pessoa lhe falou, foi de mto mal gosto, nem a conheço, talvez o modo como ela falou, pra mim soou grosso demais...
Gosto de passar sempre aqui, pra me sentir segura, um lugar onde vejo que o mundo é real, que vc e o Caio, são guerreiros, e que a luta sempre continua, pra nós todas!
Vc é uma mãezona, a quem devemos espelhar, batalhadora, lutadora! E o Caio, um exemplo de superação!
Bjks!
Amo passar aqui sempre pra ter noticias dos seus meninos! E não dê bola pra oposião!!!
É muito mais fácil ser-se forte, olhando de FORA.
Eu entendo. Entendo até cada palavra tua. Cada dia nosso é mais uma batalha, mas bem sei que devia aproveitar mais ainda...como se cada dia fosse o último. Passamos apenas por uma hospitalização (uma infecção qdo o JP tinha 1 ano) mas ainda me lembro bem demais que eu queria e quero o meu menino vivo e feliz, no estado que tiver que estar.
Porém qdo ele tme saúde eu e ele sentimos algo parecido: vontade de lutar ! Vontade de alcançar objectivos.
Se estamos saudáveis e desde que essa luta não nos deixe tristes e sofredores, só temos é de ir em frente.
Sigam o vosso caminho e aprende com tudo que a vida te ensinar, e não se sinta culpada por isso.
Um beijo
Dinha, que post maravilhoso!
Também acho que é muito mais fácil criticar e opinar quando se está vendo tudo pelo lado de fora, sem envolvimento algum.
Como dizia minha bisavó, "pimenta no c* dos outros é bobagem".
Estou feliz em saber que as coisas se acalmaram por aí.
Apesar dos perrengues e do sumiço, tenho pensado muito em você, enviado ondinhas multicores sempre que posso!
Beijos enormes em todos!!!
Dinha, como é fácil falar, não sabendo um pingo do que se passa na vida alheia. Acho que opniões de pessoas assim, não devem valer. O que é importante na tua vida, na do Caio, só vcs sabem. Eu adoro teu blog, sempre leio e me emociono muito, acho maravilhoso poder compartilhar das vivências de vcs através do blog.
Parabéns, e não deixe de escrever nunca. Sempre terão pessoas pra nos puxar pra baixo, mas pra nos levantar terão muitas mais.
Beijão
Dinha, como é fácil falar, não sabendo um pingo do que se passa na vida alheia. Acho que opniões de pessoas assim, não devem valer. O que é importante na tua vida, na do Caio, só vcs sabem. Eu adoro teu blog, sempre leio e me emociono muito, acho maravilhoso poder compartilhar das vivências de vcs através do blog.
Parabéns, e não deixe de escrever nunca. Sempre terão pessoas pra nos puxar pra baixo, mas pra nos levantar terão muitas mais.
Beijão
só gostaria de dizer que concordo 100% com você e com todas as meninas que comentaram aqui!!!
beijos,
Rê - torcendo sempre pelo Caio!
Dinha,
Como tu sempre disse aqui: lidar com o olhar do outro dói, por mais que a gente tente não se importar. As pessoas deveriam ter mais cuidado ao expor suas opiniões, pensar um pouco antes de falar sempre evita que se "atropele" alguém por falta de sensibilidade. Mas esta é mais uma luta que tu tens que enfrentar diariamente, a opinião dos outros. Atualmente, eu estou adotando a política do "Quem fala o que quer vai ouvir o que eu quero". Funciona que é uma maravilha, além de aliviar a alma. E se alguém achar ruim, manda colocarem na conta dos já muitos problemas que tu tens para cuidar.
Beijão.
Dinha, quer saber, querida? Esse espaço é seu e ponto final. Aqui você não tem que pensar em ninguém, a não ser em você mesma, para escrever o que você quiser. Te adoro, minha linda. Beijo grande.
eu sempre venho ao seu cantinho , ele serve pra mim inclusive como um empurram qdo sinto pena de mim , vejo que tem pessoas com problemas mais reais e que levm a vida sempre em frente e de maneira positiva. Quem te criticou não sabe, nem imagina o que é ter um filho numa UTI e fica dando pitacos em algo que não conhece.
Bj
eu que vivo com o meu filho no hospital sei bem o que voce diz. meu filho passou quase 2 meses quando nasceu pra vir para casa. tambem me ressinto de nao ter dado de mamar, de nao ter podido me preocupar apenas com roupinhas e arrotos e coisas 'normais' ...Infelizmente ha pessoas que fazem questao de se expressar sem pensar na sensibilidade alheia. bjos!!
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