sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

A fé que me move

Sei que provavelmente estou sendo repetitiva. Mas eu gostaria, às vezes, de falar dessas coisas todos os dias, com todas as pessoas, na esperança de que talvez pudéssemos construir um mundo diferente.

Eu leio tudo o que me cai nas mãos com as palavras “cérebro” e/ou “neurônios” e seus derivados. Por isso, comecei a ler um novo
blog, que a princípio gostei muito. Ali temos depoimentos de pais e profissionais envolvidos com pessoas com paralisia cerebral, além de depoimentos de pessoas que convivem harmonicamente com a P.C. E eu li um depoimento que, num primeiro momento, parecia ter tudo a ver comigo. Uma mãe fala de suas angústias, alegrias e frustrações. E ela faz um desabafo, onde me enxerguei em várias situações. Como quando ela diz que às vezes pensa em não freqüentar certos lugares (principalmente eventos de família) porque não quer receber os olhares curiosos e as perguntas sobre prognósticos que nem ela tem as respostas; ou quando diz que se irrita com as pessoas que confundem a “moleza” muscular do seu filhinho com um bebê cansado e sonolento; ou mais ainda, o quanto a possibilidade da cadeira de rodas a deprime.

Mas relendo outras vezes seu emocionante depoimento, deixei de ser eu. Ela diz que nem ela e nem o bebê são abençoados, seriam se ele não tivesse limitações físicas. Que ela não quer ser guerreira, nem santa, nem mártir. Queria ser uma mãe comum e passar desapercebida com seu filho, entre as milhões de mães e filhos que existem mundo afora.

Entendo. Aceito. Mas discordo.

Eu também me fragilizo em determinados momentos na minha luta junto ao Caio. Choro. Tenho raiva. Me sinto vítima. Tenho medo. Mas nunca deixei de vê-lo como uma benção grandiosa que, dia-a-dia, me torna uma pessoa melhor, mais humana, mais sensível a causas verdadeiramente importantes. Eu queria que ele não tivesse nenhuma deficiência motora? Lógico. Mas como tão bem diz a
Letícia, eu o aceito como ele é hoje. O que não significa que esta situação não possa mudar amanhã.

É essa certeza que me faz seguir adiante. A minha fé de que ele vai sentar, vai caminhar, vai falar. Sonho com isso, acredito piamente. Tenho medo de que seja utópico. Também me questiono, na manhã gelada ou chuvosa de inverno, se vale à pena acordá-lo para a fisioterapia. Mas seguimos em frente.

Essa semana ainda, ele chorou bastante durante uma sessão de alongamento muscular. Dói mesmo, me garantiu a fisioterapeuta. Mas é necessário. Dói ainda mais em mim, por quê ele precisa passar por isso? Não sei, não tenho as respostas. Mas sei que vamos passar, como tantas outras que já passamos. Houve um dia em sua vidinha que as chances dele sobreviver foram menores que 0,001%. E o guerreiro está aí, cada dia mais lindo e sapeca. Se hoje as chances dele vir a caminhar são de 90%, isso significa 1.000.000% pra mim. Porque existe no meu peito um sentimento que tento passar todo o minuto a meus filhos, à minha família, a meus amigos. Existe uma FÉ que nos move em direção a um futuro que acredito lindo. A mesma fé que há de mover as pernas, o tronco, os braços e guiar a alma do meu abençoado filho.

Amém.

21 comentários:

Anônimo disse...

Dinha: saiba que sou sua fã incondicional e acho que são posturas como as suas que vão nos fazer a não ter esses olhares curiosos ou fazerem essas perguntas impertinentes. Parabéns pela mãe que você é! Tenho certeza que as respostas do Caio são decorrentes do afeto e da confiança que vcs depositam nele!

Anônimo disse...

Dinha,

Minha admiração por você só aumenta a cada post seu aqui, no LV e também pelas palavras lindas no email que você me enviou.

Com este post fica claro porque alguns crianças superam todas as expectativas dos médicos. Tenho pena das mães que desistem no meio da caminhada porque prognósticos ruins são para aqueles que se entregam. Mães como você que persistem na luta tem filhos que superam todos os limites: os 0,001% de chances de sobrevivência, estão entre os 90% que conseguem andar e outras limitações dadas por inúmeros percentuais por especialistas

Beijos carinhosos

Anônimo disse...

Oi Dinha,
Tô aqui no trabalho...cheia de lágrimas nos olhos.... Pela delicadeza, emoção, amor, carinho e humanidade com que vc se manifesta! Vc faz com que eu pare e coloque meus problemas do tamanho real que eles têm. Aos pequenos, pouca energia e preocupação, aos que precisam, toda a nossa dedicação.
Me emociono muito com você, te admiro demais!

Rose disse...

Dinha querida, fico emocionada cada vez que venho no seu blog! Vocé é a mãe mais guerreira que eu conheço, e a mais especial também. Já te disse isso, mas eu te admiro de todo o meu coração. Você é muito especial e seu filho é muito feliz e abençoado de ter uma mãe como você, pois a pessoa que o incentiva e a maior responsável pelas vitórias dele é você, que faz milagres com o seu amor de MÃE. Beijos.

Anônimo disse...

Oiê! Não preciso dizer que eu estive, estou e estarei sempre, sempre, sempre do seu lado, né?! E a gente acredita no Caio, então ele vai continuar crescendo lindo, forte e cheio de saúde, porque sabemos que ele é capaz!
Beijos amiga

Christina Frenzel disse...

Oi, Dinha!
Nossa, me emocionei demais com este post, você é minha heroína! Eu queria ter 10% da sua fé, sabia? Você é 10, querida!
Muitos beijos para você e sua linda família

Anônimo disse...

Dinha, voce sabe porque tem criancas que nascem cheia de dificuldades e sobrevivem, e se superam, e outras com tao menos problemas que param e nao se desenvolvem? Porque alguns tem maes como voce (as do 1o caso) e outras tem maes que nao aceitam os filhos (as do 2o caso).
Beijo, nao te elogio mais...rs... soh digo que te amo de verdade.

Anônimo disse...

Dinha, todos os exemplos de superação que o Caio têm dado até hoje, são a prova viva do seu carinho, da sua dedicação, da sua paciência e do seu amor! Infelizmente, nem todas as pessoas são providas destes sentimentos tão nobres que vc têm de sobra, por isso, vc é tão especial e o Caio espelha a pessoa que vc é. Beijos.

Anônimo disse...

Dinha, todos os exemplos de superação que o Caio têm dado até hoje, são a prova viva do seu carinho, da sua dedicação, da sua paciência e do seu amor! Infelizmente, nem todas as pessoas são providas destes sentimentos tão nobres que vc têm de sobra, por isso, vc é tão especial e o Caio espelha a pessoa que vc é. Beijos.

Anônimo disse...

Dinha, todos os exemplos de superação que o Caio têm dado até hoje, são a prova viva do seu carinho, da sua dedicação, da sua paciência e do seu amor! Infelizmente, nem todas as pessoas são providas destes sentimentos tão nobres que vc têm de sobra, por isso, vc é tão especial e o Caio espelha a pessoa que vc é. Beijos.

Anônimo disse...

É isso mesmo. As pessoas são como são. :D Seu Caio é lindinho, assim do jeito que nasceu e enche a tua vida de amor. Nada mais confortador que a fé.

Anônimo disse...

Oi
me chamo Luciana, cheguei ate aki pesquisando sobre meningite, pois meu filinho Rafael acabou de ter alta do hospital!
Gloria a deus esta salvo!!!!
Estou ainda muito assustada com tudo que aconteceu...
queria poder conversar um pouco
meu email e lubh2000@uol.com.br
parabens pelos filhos lindos e pela FÈ

Anônimo disse...

Acho que se hoje alguém me perguntasse qual o meu referencial de coragem, de esperança e fé, eu diria que são Vc e a Pati. Por razões diferentes, cada uma com seu jeito, ambas cheias de garra, força e amor pelos filhos. Com certeza, minha querida, Papai do Céu não poderia ter dado mãe melhor para o Caio.
Cheiro!

Anônimo disse...

Comecei a buscar informações sobre o assunto depois que uma criança com PC (tipo distônica) entrou na minha vida. Aprendi que cada caso é um caso, mas se houver possibilidade de que a criança venha a caminhar ela VAI caminhar. A criança a que me refiro, há um ano e meio atrás não caminhava. Hoje, aos 6 anos, já caminha com apoio. Também já articula palavras. Sei como o progresso é lento, mas com persistência e estímulo os resultados são alcançados.

Fabiana Ruas disse...

Dinha, me pergunto como eu posso ficar brava com a Pietra quando ela não quer calçar o chinelo ou escovar os dentes... Vc é um exemplo a ser seguido. Não só por mães que lidam com problemas parecidos com os do Caio, mas principalmente por mães como eu, que volta e meia reclama da vida sem ter o menor motivo.

Beijos, querida!
Fa.

Anônimo disse...

Dinha,acredito que a maior benção na vida do Caio , é ter uma mãe como você.Sem dúvida , já é meio caminho , para ele chegar cada dia mais longe.Tenho aprendido com você que fé e esperança são coisas que só acontecem quando agimos para alcançar nossos objetivos.Beijos e continue a nos ensinar sempre.

Isabella disse...

Dinha, somente uma mulher abençoada como você poderia receber um filho tão abençoado com o Caio. Um grande beijo, minha querida!

Anônimo disse...

Dinha, vc e o Caio são demais, não tenho duvidas que a tua fé e a força de voces unidos na crença de que tudo se resolvera é o que com que o Caio siga se desenvolvendo , no ritmo dele, mas a cada dia com otimas surpresas. Superação, força, determinação e fé são palavras que vem a cabeça quando penso em vocês. Te admiro cada vez mais! E como sempre sigo tendo a mesma fé que você que o Caio vai conquistar tudo que de bom você penas pra ele!
Amem!
Que assim seja !
Bjs

LeticiaBTK disse...

Dinha, lindo e gratificante! Obrigada por me citar aí nas tuas linhas... penso como tu, sou pra frente!
Este fim de semana fui no Planeta Atlântida -ô muvuca! - e não por acaso ... tinha um cara se divertindo muito a minha frente, ele não tinha as duas pernas... Estava com duas próteses... Chamei a atenção de meus amigos e de meu marido... Todos eles ficaram 'procurando ' o cara... porque ele estava ali dançando e nem dava para operceber que ele era o 'sem pernas' como um amigo o chamou.
Ele estava de bermudas, não estava 'escondendo' usando calças não...
E também não estava em casa, deitado em uma casa, só assistindo ao Planeta, ele estava lá, dançando, bebendo, se divertindo...
Um super beijo.
Leticia

Grilinha disse...

Conheci o teu blog através do Da leticia e gostei do que por aqui vi. Voltarei com mais tempo para ler tudinho, pois penso que a vossa estória é muito bonita. Mais uma estória de amor de amor muito especial. Eu sou mamã de um menino muito lindo e especial e tb o adoro do jeito que ele é...
Voltarei a atravessar o oceano para vos visitar. Um beijo grande

Anônimo disse...

Dinha, parabéns pela caminhada junto ao Caio. Sou prima da Leticia, já estive no teu blog outras vezes. A esperança de vcs não pode acabar nunca! Vocês são abençoadas, e as crianças mais ainda! Tenho muita fé que vai dar tudo certo!
Um beijão,
Gabi