Era 2014 quando me apresentaram o Rafael. Não era,
decididamente, um dos melhores dias pra eu conhecer alguém. Eu estava bem
triste, tinha chorado bastante neste dia. Então, me apresentaram o Rafa. E o
que ele me disse foi: Guarde essas lágrimas, menina. Ele me assegurou que os
dias ruins iam passar, que eu ainda ia chorar muito, mas por motivos muito mais
merecedores das minhas lágrimas. E não é que aquele praticamente garoto tinha
razão? De lá pra cá, me encontrei muitas vezes com ele.
E é incrível como ele
sempre tinha algo certeiro pra me falar. Principalmente sobre perseverança,
amor próprio e fé. De um jeito bem dele, descolado, mas com as palavras
chegando direto no meu coração. Ele me falava que eu devia aprender a surfar de
acordo com a maré. E que haveriam momentos em que eu só precisaria ficar
sentada na minha prancha, olhando o movimento das ondas. Que eu poderia
mergulhar de cabeça quando eu sentisse vontade. E se as coisas dessem errado,
que eu soubesse que não é um vida ruim, apenas dias difíceis. Que passam. Ele
me puxou muito as orelhas também. “Porra, Cláudia, pára de fazer merda”. “Mas
também não desiste do amor, das pessoas. Em algum lugar, tem alguém te
procurando também. E um dia, vocês vão dançar juntinhos, de pés descalços numa
grama verdinha de felicidade”.
Mesmo sendo um guri mais novo que eu, ele me
ensinou muito. Sobre como é bacana estar conectado nas
redes sociais, mas como devemos cuidar das pessoas de nossas vidas. Porque as
despedidas vêm quando menos esperamos e machucam. É essa roda gigante que é a
própria vida, que a faz tão fascinante. Nós dois gostamos de bichos, temos
lembranças lindas de nossos avós, adoramos uma balada, mas seguimos acreditando
num amor pra sempre. O Rafa se tornou um cara tão especial, que eu apresentei
ele pra mais gente. E não tem que não gostasse. Impossível! E sabem o mais
incrível disso tudo? Nós nunca nos vimos. Em 2015, o Rafa saiu lá de Goiânia e
aportou aqui em solo gaúcho. Mas a minha vida andava tão complicada, que eu não
consegui ir encontrá-lo. Sei que ele entendeu. Hoje, sim, hoje, ele vem pra cá
de novo! Vence os mais de 2 mil quilômetros que nos separam e vai estar aqui do
meu ladinho. Mas, sabe, Rafa... Eu não vou poder ir de novo. Fiquei triste.
Precisei fazer uma escolha. E, por favor, não te sinta preterido. Eu não vou ir
te ver hoje por tudo que aprendi contigo. Justamente hoje eu tenho um
compromisso com os meus sonhos, com meu propósito de vida. E foi através das
tuas palavras, dos teus textos, que eu aprendi a resgatar a minha força de
lutar por eles, de acreditar que é possível eu realizá-los. Obrigada por isso,
obrigada por teus livros, por teu carinho conosco, teus leitores, que mesmo sem
tu conhecer pessoalmente, tu fazes que nos sintamos especiais, únicos. Tanto
que costumas terminar teus textos com a expressão “um abraço do amigo, Rafael”. Tenho um
livro teu com esse registro. Tu és um baita amigão, quero que saibas disso.
Tu
Precisava Escrever (e como somos gratos porque o fizeste). Eu preciso semear os
Meus Frutos. Hoje a gente não vai se encontrar. Mas eu tenho certeza absoluta
que a gente ainda se esbarra por aí.
Um abraço,
da amiga Cláudia