Neste final de semana, um programa em rede nacional exibiu a
história de Raphael dos Santos, um menino de 12 anos diagnosticado com
paralisia cerebral ainda bebê. Por 10 anos a mãe de Raphael ouviu dos médicos
que seu filho jamais andaria. Durante 10 anos, ela sonhou e lutou pelo
contrário. E a recompensa veio. Entre as tantas tentativas de terapias de
reabilitação e atividades que proporcionassem também lazer e socialização para
o filho, a mãe optou por aulas de surfe. E do mar, em oito meses, Raphael saiu
andando para os braços de sua obstinada e amorosa mãe.
Recebi dezenas de mensagens assim que a matéria foi ao ar.
Muitos amigos dizendo relacioná-la imediatamente com minha luta por Caio. Quase
todos me afirmando: acreditamos no teu sonho, vemos Caio andar também!
Caio vai fazer 9 anos e não são poucas as vezes em que tenho
medo dele estar ficando “velho” e fora do tempo em que possa vir a andar.
Certamente a história de Raphael reacendeu todas as minhas mais teimosas
esperanças. Sim, eu não escondo de ninguém: sonho em ver Caio andando. É em
busca deste objetivo que luto tanto, que pesquiso, que tento lhe proporcionar
as mais diversas terapias de reabilitação. Uma hora, um dia, acredito, ele vai
conseguir.
Se é difícil de acontecer? Claro que sei que é, afinal são quase 9
anos batalhando por nossa meta! A grande maioria dos profissionais me
confronta: tu sabes que a paralisia de Caio é grave, que é praticamente
impossível ele vir a andar, não é? Sim, eu sei. Mas não abro mão do meu sonho
de vê-lo de pé. É este sonho que me move. Há 9 anos. E pelo tempo que preciso
for.
Não acho que cultivar a esperança seja ruim. Como alcançar
objetivos sem planejar, sem traçar etapas e metas, sem trabalho? Não sei, acredito
que aí sim, é impossível. Mas tenho algo em comum com Fabiana, a mãe de
Raphael: eu sonho, mas batalho todos os dias para realizá-lo. Para 2014, Caio
seguirá na equoterapia, no Cuevas Medek Exercise e voltará à hidroterapia (esta
decisão tomei em conjunto com uma fisioterapeuta dele cerca de um mês antes da
história de Raphael vir à público). É uma rotina puxada, por vezes exaustiva.
Mas busco sempre fazer as atividades que dão prazer a ele, acho que assim os
resultados vêm de forma mais plena.
Em janeiro mesmo, fizemos o CME de forma mais intensa – 2X
na semana, ao invés de uma. Os resultados foram ótimos. Caio teve um
amadurecimento motor cronológico bem grande. Seguimos querendo mais. Ele começa
a sentar alguns segundos sozinho. Sonho em vê-lo sentando completamente sem
apoio ainda este ano. Sonho em vê-lo de pé. Sonho, sonho, sonho...
Meu desejo é que os atendimentos, especialmente para
crianças com deficiência, sejam cada vez mais humanizados. Que sejam respeitados
os limites da ciência, da medicina, mas que sejam ainda mais respeitadas as
fronteiras inexistentes dos sonhos humanos, especialmente o sonho alimentado nos
corações das mães. Porque eles não têm prazo de validade. A gente sonha, e luta
e ama SEMPRE!