terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A bicicleta do Yuri

O Yuri desde sempre teve paixão por bicicletas. A última que ele teve foi em 2006, daquelas pequenas (acho que aro 14) com rodinhas auxiliares para se equilibrar. Numa de nossas primeiras tentativas de usá-la sem as tais rodinhas, ele voou para o chão e teve um ferimento bem feio no rosto. Foi o que bastou para que ele trocasse a bici pelo roller e pelo patinete. Ele só voltou a pegar a bicicleta no final de novembro de 2007, ele já bem maior que ela, se sentia pronto a se aventurar de novo. Posso dizer que numa de minhas intuições maternas, escolhi naquele momento seu presente de Natal: uma bici nova, maior.

Compramos uma bicicleta bem bacana, aro 20, com marcha e de aço cromado, colorida com azul e branco como meu gremista tanto gosta. A minha surpresa foi que ele amou, pegou a dita cuja e saiu pedalando por aí. O espanto: a tal bici "grande" não tem rodinhas auxiliares! Por onde meu filho aprendeu a andar de bicicleta sem rodinhas que não vi?

A bicicleta passou a ser um símbolo dúbio para mim. Símbolo do crescimento do meu filho, que tanto me orgulha. Símbolo dele desbravando caminhos da longa e feliz vida que ele há de ter. Mas é, ao mesmo tempo, símbolo do meu receio: por onde tenho andado enquanto meu filho cresce?

Na praia, no final do ano passado, ele já me alertava: "Em 2008 vou fazer 8 anos". Como assim? Para mim foi ontem que esse lindo bebê chegou! Vejo assustada a barrinha no topo do blog: 7 anos, 8 meses, 1 semana e 5 dias... O tempo anda correndo e tenho medo se ele me será favorável. Desse jeito, quando eu abrir os olhos novamente terei um pré-adolescente em casa. Depois um rapaz e mais tarde um homem, que sairá de casa para conquistar seu próprio território.

Será que estou aproveitando tudo o que posso dessa infância que já me parece demasiada curta? Será que estou deixando meu amor e minha verdade impressos em cada momento, para que eles sustentem com respeito nossa relação, independente do passar dos anos? Torço para que nossas brincadeiras, viagens, canções, leituras e, até mesmo, nossas brigas, fiquem guardadas num cantinho de recordações especiais. Desejo imensamente que meu filho sempre possa afirmar seguramente: Sou feliz! Sou amado! Rezo para que ele me guarde no porta-jóias do seu coração. Ao lado de sua boa companheira, a bicicleta.


Ainda ontem ele tinha este tamanhinho...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

5 coisas para 2008

Minha doce amiga Marlene me convocou para mais um Meme. Como ainda estamos no clima de Ano Novo e metas para o ano e, principalmente porque tenho essas metas, adorei. Olhem como funciona:

"Fazer uma lista com cinco objetivos pessoais pro ano de 2008.
Só que esse meme precisa ser verificado no início do ano que vem...
então precisam ser coisas palpáveis, verificáveis e coisas que dependam do seu esforço pessoal.
Coisas abstratas estão fora: tipo: ser feliz, ser mais paciente... é muito lindo,
mas não dá pra verificar corretamente se foi cumprido."

Os meus 5 objetivos para 2008 são:

1. Emagrecer 15 kg (ok, eu precisaria perder bem mais, mas se ficar numa média de pouco mais de 1kg a menos por mês já é um bom começo);
2. Iniciar uma poupança (e quem me conhece sabe o quanto isto é difícil);
3. Ir pra São Paulo, passar nem que sejam apenas 48hs com algumas das melhores amigas do mundo!; 4. Comprar minha casa (mas se eu não conseguir comprá-la, comprar um terreno);
5. Iniciar fonoterapia e hidroterapia - pelo menos - com o Caio.

Agora teria que repassar essa tarefa para mais cinco amigas, mas deixo livre pra quem estiver a fim.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O melhor filho do mundo

Tenho um amigo que diz que todas as mães têm a mania de achar o seu filho mais bonito e mais inteligente que todas as crianças do mundo. Como ele ainda não tem filhos, de nada adiantou eu lhe falar sobre o amor totalmente tendencioso de pais e mães. Mas deixa pra lá.

Eu considero o Yuri muito inteligente. Não é um "gênio-super-dotado", mas tem uma certa precocidade em relação às crianças de sua idade. E esta minha opinião já foi reforçada por pediatras e professoras. Ele tem uma incrível capacidade de assimilar, relacionar e interpretar os fatos que acho fantástica.

Desde metade do ano passado, numa época em que não havia nenhum DVD novo em sua coleção, o Yuri resolveu fuçar nos meus. E descobriu Forrest Gump, o Contador de Histórias. Um belo dia, chego em casa, tá lá o guri super atento assistindo ao filme que tem mais 2 horas de duração e várias sutilezas sobre a história americana. Ao término do filme pediu para ver mais uma vez. E semana passada, quando voltamos da praia, ele assistiu o vídeo duas vezes no sábado e duas vezes no domingo. Lá pelas tantas não resisti e perguntei: "Mas o que este filme tem de tão especial? Por que tu não cansas de vê-lo?".

Estão prontas para a resposta?

"Mãe, esse é o melhor filme de todos os tempos. Eu gosto muito de ver, porque toda vez que eu olho de novo eu percebo mais coisas. O Forrest sofria muito preconceito, desde que ele era criança. As pessoas achavam que ele não era inteligente, mas ele era, só não igual aos outros. As pessoas tinham medo de ser 'amigo' dele. Mas quem prestou atenção nele de verdade aprendeu a amar ele. E ele foi feliz. ACHO QUE COM NOSSO CAIO TAMBÉM É ASSIM".

Preciso dizer que não sabia se chorava ou desmaiava?

Uma vez, minha amada amiga Márcia POA, me disse (respondendo ao meu medo que o Caio tivesse uma inteligência limitada) que o importante é o uso que ele fará da inteligência que tiver.

No brilhante boletim do meu Yuri, com notas que lhe renderam média anual 9,7 na primeira série, o que mais me encheu de orgulho foi o parecer descritivo: "É um menino sensível, afetuoso e solidário, sempre pronto a colaborar com professores e colegas". Fico imensamente feliz que meu primogênito seja inteligente. Mas fico ainda mais realizada ao perceber que ele tem um grande coração, que certamente conduzirá esta inteligência de modo a torná-lo um homem de bem.

E deixem eu reforçar para o meu amigo: sim, meu filho é dos mais inteligentes. E, ao lado do mano Caio, é o melhor filho do mundo!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Ainda bem que terminou

Sabe aqueles dias em que dá vontade de gritar?
"Pára o mundo, que eu quero descer!"
Pois é, hoje foi um deles.
Ainda bem que está chegando ao fim muito melhor do que começou.
Ele é Pai, não é padrasto.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Uma esperança que nunca morre

Passei o final de ano depressiva, como acontece com muitas pessoas nesta época. Eu, que sempre gostei de festas e que sempre fui do time dos que renovam a esperança no novo ano que está para nascer. Dessa vez eu estava cansada, quase esgotada.

Em meio à troca de presentes de Natal, de uma certa satisfação de estar com as finanças mais equilibradas e poder comprar uns presentes bacaninhas pras crianças e pro marido, fiquei triste. O que mais desejo nesta vida não pode ser comprado. Não está à venda, não pode ser financiado. Receberei um dia se Ele achar que somos merecedores. E aí quis cair em descrédito - comigo e com Ele mesmo.

Depois, às vésperas do dia 31 me vi mais uma vez transferindo para o Ano Novo a esperança de grandes melhoras. Pela segunda vez torço para que este que se inicia seja sim o ano em que o Caio vai ficar mais firme, vai andar, vai falar, vai ser mais feliz. Mas não encontrava forças para acreditar nos meus desejos. E desacreditar ou talvez ter que confrontar uma realidade que insiste em se mostrar distante (ou incerta, o que é pior ainda) do que sempre almejei pra nós é doloroso demais.

Mas o bom disto tudo é que minha esperança é prima-irmã da mitológica Fênix. Às vezes tá aos caquinhos, tão moída pelas dificuldades do dia-a-dia que parece impossível recompô-la. E aí surge uma microscópica fagulha e pronto! A fogueira está acesa de novo, aquecendo meu coração.

Hoje o Caio consultou com o otorrino, na revisão trimestral de rotina. E o Dr. Eduardo se "despediu" da gente. Disse que com 8 meses sem nenhuma crise de otite, suportando praia e piscina numa boa e com o tônus muscular cada vez segurando melhor o pescoço, o Caio teve alta clínica. Pode vir a ter alguma crise de otite, mas considerando as origens delas e as melhoras dele, é muito improvável.

Faço as pazes com Deus. Choro e agradeço. Peço perdão por minha impaciência. Volto a aceitar com amor esta missão gratificante de ter o Caio em minha vida.

Pode ser que ainda não seja em 2008 os tãos sonhados passos do meu filho. Mas ele já venceu muito e segue vencendo. É um vencedor desde que nasceu. E assim será sempre. Vou vê-lo andar, vou escutar suas frases, vou amá-lo cada dia mais. E principalmente vou seguir recebendo lições infinitas sobre tudo, com meu pequeno guerreiro.

Tenho medos, sim. Mas a esperança, esta teimosa que vive em meu peito, não morre nunquinha.
Ainda bem.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O que tenho de mais valioso




O lucro

Apesar da tristeza e da revolta pelo recente acontecido, vamos às boas notícias: em meio a todo o pavor do assalto, o Sandro ainda conseguiu negociar com os ladrões pra deixarem o chip da máquina digital e assim mantivemos as fotos das crianças que tiramos nos primeiros 5 dias. Então, uma amostra do que ficou de nossas férias e da família linda que somos - e isso ninguém nos tira!


O mar logo ali nos esperando

Muito verde ao redor pra gente passear
Caíto sempre alegre
Manos lindos pegando um bronze

Praia e joguinho de cartas: tudo a ver - e Caio participou firme e forte

Fifão relaxando na rede
Hora do banho é folia na certa!

Papai Noel trouxe o DVD do Cocoricó Clipes 2 - preciso dizer que Caíto amou?

Dois dos três homens que mais amo na vida

Caíto curtindo desenho no "falecido" bebê conforto (e querendo saltar fora dele!)

Até com chuva dava pra curtir


segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Perdi a virgindade

Foi numa madrugada, nos ultimos dias de 2007. Eu, brasileira, 35 anos, casada, dois filhos, deixei de ser virgem: fui assaltada. Eu, que me incluía numa minoria que jamais tinha passado por esta violência. Três marginais mascarados invadiram nossa casa na praia. Durante três intermináveis horas nos apavoraram sob a mira de revólveres, ironizando nossa melhor condição financeira, que eles eram pobres coitados que precisavam roubar e que nós éramos riquinhos em férias.

Roubaram-nos tudo: roupas, dinheiro, jóias - minha aliança de casamento, a corrente de ouro com meus dois meninos em pigente, um relógio recém ganho do marido de Natal - celulares, máquina digital (adeus fotinhos constantes aqui no blog). Roubaram inclusive o perfuminho do Yuri, um repelente manipulado do Caio. Levaram shampoos, bebidas, bombons das crianças, TV, DVD, microondas e até o carro da minha cunhada. Mas roubaram algo muito mais valioso: nossa dignidade, nossa tranqüilidade. E isto não se recupera assim tão fácil.
As crianças, sob a proteção de seus anjos da guarda, não acordaram e os bandidos não mexeram com elas.
Olharam o bebê conforto do Caio, que usamos como cadeira pra ele assistir TV ou apenas ficar sentadinho. Pedi pra não levaremm que o menino precisava muito dele. Ao que um dos ladrões debochou: "deficiente sou eu dona, que não tiro férias". Que nojo!
Meu marido, que é cardíaco, perdeu a consciência. E eu pensei que o tinha perdido. Foi pelo estado dele que os ladrões resolveram ir embora, não sem antes nos amarrar.

E é assim que me sinto desde aquela madrugada: amarrada, impotente, invadida.

Mas sabem o que mais me deixa com raiva? O fato de precisar agradecer à Deus porque estamos vivos, que ninguém se machucou. Concordo, estamos bem, unidos, prontos pra batalhar pra conquistar tudo outra vez. Mas vai demorar, afinal a vida não é fácil assim não. E não aceito que entrem desse modo em nossas vidas, que nos humilhem, que nos tomem o que lutamos para ter. Não aceito que apontem uma arma para minha cabeça e me encham de medo. Acima de tudo, não aceito que seja assim mesmo e que agora eu faça parte de uma grande estatística nacional.

Não sou mais virgem. E devo dizer que doeu e ainda dói muito. Não sou mais uma adolescente sonhando em viver um romance cheio de emoções. Sou uma brasileira acuada, descrente na justiça dos homens, cheia de revolta e indignação. E sofro mais ainda ao me perguntar: quantos mais ainda? Até quando?