sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Bodas de Aço

Foi ao anoitecer, em setembro de 1996, que eu disse sim.
Sim, eu aceito.
Sim, eu te escolhi e me alegra ser tua eleita também.
Sim, quero ficar ao teu lado todos os dias de minha vida.
Sim, quero gerar filhos teus e construir uma linda família.
Sim, acredito que vamos ser muito felizes.
Sim, eu te amo.




Hoje, 11 anos de casamento. Ao celebrar nossas Bodas de Aço estou feliz. Depois de tempestades que nos vergaram, o amor segue assim, fortalecido.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Tempo roubado

Têm muitas coisas que me dóem na minha história e do Caio. Agora mesmo, com a decisão que tomei, precisamos reviver muitas coisas do passado. Há poucos dias fiquei sabendo de um erro absurdo que cometeram conosco, no meu período de internação - eu estava com infecção diagnosticada, atestada como gravíssima para mim e para o bebê. Mas o antibiótico só chegou mais de 48hs depois. Ok, sei que escolhi "fuçar" neste passado, ciente que seria realmente doloroso. Mas o resultado a que espero chegar hão de compensar as lágrimas que são derramadas novamente.

Agora, vez ou outra, um pensamento me toma conta. Existe uma coisa, em toda a nossa trajetória que ninguém nunca vai conseguir nos devolver, ressarcir, compensar. O tempo.

Toda vez que penso em como as coisas aconteceram, penso no tempo que jamais teremos de volta. Ainda que meu Caio se recupere como acredito e os exames médicos indicam, nada vai nos devolver o que deixou de ser vivido.

Ontem, eu olhva um encarte de jornal com presentes para o Dia das Crianças. Meu filho não pode andar num triciclo. Provavelmente, quando ele adquirir controle do tronco, já estará grande para caber num. É apenas um exemplo simplista, mas existem coisas que não vivemos, que não descobrimos e que não aproveitamos. E que nunca acontecerão. É uma sensação que dói...

Fui roubada do primeiro banho no meu filho, da amamentação, das visitas na maternidade. Fomos roubados das descobertas dos primeiros meses que só começaram a acontecer após o primeiro ano. Somos roubados de compartilhar experiências com minhas amigas com filhos até menores que o Caio porque simplesmente existem coisas que ele ainda não consegue fazer. Somos roubados das fotos no balanço da pracinha, do primeiro uniforme do maternal. De uma vida realmente inclusiva, porque a sociedade como um todo não está preparada para aceitar e receber meu filho. Às vezes, somos roubados na nossa coragem e na nossa esperança, desacreditados na nossa insistência.

O tempo. Às vezes, torço pra que ele passe super rápido e logo o amanhã que tanto almejo descortine para nós. Sim, como me alerta com freqüência minha querida amiga Grilinha, eu sei que preciso ser paciente. Mas também torço para que tenhamos, eu e o Caio, muito tempo pela frente para viver tudo como eu egoistamente acho que a gente merece. E ainda que eu saiba que ninguém vai nos devolver o tempo que nos foi roubado.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Meus frutos

Nos meus 35 anos de vida, acho que já aprendi alguma coisa sobre semear e plantar.
Ando com vontade de colher, sabem?

● Quero colher os frutos do meu esforço. Me sentir realizada com o que tenho e ao mesmo tempo motivada a buscar mais. Merecer mais. Sonhar mais, lutar sempre.

● Quero colher os frutos do meu amor. Ver meus filhos desabrochando para a vida, Yuri mais seguro, educado e paciente, Caio mais forte e interativo. Ver minha família fortalecida neste amor e na união.

● Quero colher os frutos do meu trabalho. Ter mais tranqüilidade, segurança, motivação, reconhecimento.

● Quero colher os frutos da minha fé. Entender cada dia mais que Deus tem desígnios para mim e que eu estou pronta a cumpri-los, com confiança e serenidade.

● Quero colher os frutos do meu amadurecimento, para que eu saiba seguir plantando e esperar o tempo certo de poder colher e saborear todos os doces frutos que hão de me estar reservados.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Chico Xavier

Ele era um sábio. Um ser humano melhor que eu e que muitos outros que conheço. Uma alma generosa. E deixa lições que sempre me fortalecem. Na sua trajetória e nas suas doces palavras.

"Tenhamos paciência. O tempo nos dirá mais tarde o que o momento não pode nem deve elucidar".

"Tem fé, acredita num dia melhor, numa hora melhor, e põe-te a viver sem medo".

Assim seja, amado mestre!

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Quem sou eu?

Definição: Uma mulher em busca de uma maturidade condizente com a idade, da realização profissional (e de reavaliação da carreira seguida até então). Uma mãe dedicada e apaixonada pela vida em família. Uma amiga pra todas as horas. Uma pessoa com fé.

Qualidades: Fiel, honesta (as vezes até demais), amorosa, parceira, boa cozinheira.

Defeitos: Sou ansiosa, um pouquinho ciumenta (mas tento controlar), geniosa, com momentos de egoísmo. Tenho a péssima mania de sofrer por antecipação. Choro por tudo – de alegria, de dor, de medo, de raiva.

O que posso melhorar: Estou me trabalhando para diminuir a ansiedade, que acho que é o defeito que gera outros tantos.

O que me tira do sério: Inveja, falsidade, “jeitinho brasileiro” e falta de consideração.

Maior alegria: Meus filhos. Todos os dias, até mesmo quando estou sem paciência e brigo com eles. Porque é o amor mais completo que se pode sentir.

Maior tristeza: São duas, na verdade. Não ter mais meu irmão ao meu lado. O erro médico grotesco que cometeram comigo e com o Caio.

Família: Um assunto conflitante pra mim. Porque existem familiares e “familiares”. Tenho grandes amigos na família e outros ainda melhores fora dela. O meu núcleo familiar (eu, marido e filhos) são o que mais importante há e tento construir uma história bacana pra gente – acho que estamos conseguindo.

Amigos:
Meu esteio em todos os momentos. Minha alegria compartilhada. Sou completamente dependente dos meus melhores amigos e amigas.

Trabalho: Atualmente, em crise. Penso em mudar de ramo, mas preciso de segurança pra isso. Penso em trabalhar por conta no que gosto, mas neste momento não posso abrir mão da estabilidade financeira que meu atual emprego proporciona. Sonho em fazer mestrado e dar aula.

Sonho de consumo: A casa própria. Um carro utilitário pra encher de tralhas e viajar muuuuito com a família.

Objetivo de vida: Chorar menos e sorrir mais. Ver o Caio sem seqüelas (ou que as que permaneçam não interfiram em sua qualidade de vida). Deixar como herança pros meus filhos conceitos que os façam homens de bem. Saber que eles são felizes. Ser feliz também.

Frases: “Deus não escolhe os capacitados. Ele capacita os escolhidos.”; “Um dia de cada vez”; “Deus faz tudo a Seu tempo”; “Tudo posso Naquele que me fortalece”; “Tudo vale à pena se a alma não é pequena”; “A fé tudo pode, o amor sempre vence”.

Sempre gosto destes questionários porque é uma excelente forma de autoreflexão.
Este recebi da Carol. Agora, devo passar para mais cinco pessoas. Adoraria ler as respostas da Babi, da Angélica, da Chris, da Claudia Medeiros e da Rê.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Os caminhos da vida

Dia desses me dei conta de que costumo usar a expressão “longo caminho” para tarefas ou jornadas que julgo difíceis e/ou sofridas.
Mas que falta de senso, não?
Afinal, quanto mais longa a estrada, maior a nossa chance de encontrar flores!

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Reconstrução


Nos últimos seis anos este é um dia especialmente dolorido pra mim. Sempre comento que o ataque às Torres Gêmeas me remete à perda do meu irmão, que faleceu abruptamente quatro dias depois do atentado terrorista em Nova Iorque. Porque, como costumo dizer, meu mundo também desabou naquele setembro de 2001.

Já se foram seis anos. E acho que estou evoluindo. Ainda sinto saudades do meu amado Jon. Isso nunca vai passar. Mas está deixando de ser uma saudade triste para ser uma doce saudade de tudo o que compartilhamos em 25 anos juntos. Sempre “converso” com ele, pedindo perdão pela minha fraqueza de, algumas vezes, não aceitar o caminho que nos estava traçado. Não quero que minha dor o prenda em algum lugar. Hoje tento pensar mais no amor e no que ele nos trouxe de bom e menos no que não vivemos. Tivemos o tempo que nos estava destinado e acredito que fizemos o melhor uso dele. Dava pra ter sido diferente? Talvez, mas aí seria outra missão e não a nossa.

Deixando de olhar apenas para o próprio umbigo, me volto pra metrópole americana e para os significados do terror. O que me preocupa? Que a origem de tudo está na intolerância, na intransigência, na não-aceitação das diferenças – sejam elas raciais, religiosas, políticas. Me assusto porque não vejo que mudamos depois do World Trade Center. Reconstruir o que desabou é um árduo trabalho coletivo, da sociedade mundial. Buscando punir responsavelmente os culpados mas principalmente criando alicerces para as gerações futuras. Que elas possam se espelhar em exemplos de fraternidade, democracia, tolerância. Para que a história não se repita jamais.

Quero que meu amor saiba libertar meu querido irmão. Quero que o amor de todos nós, pela vida, pelo próximo, por nós mesmos, possa reconstruir muito mais que o cenário do horror. Que possa transformar os horizontes futuros.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Frase do dia (e pra vida)

"Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura." Fernando Pessoa

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Desafio dos 7

Gosto desses "questionários" (putz, acabei de revelar minha idade com esta colocação... hehehe).
E também acho bacana que me conheçam melhor e eu possa fazer uma reflexão. Então, seguem 7 coisas sobre mim:

1. Meu nome: Cláudia Rejane Lacerda de Almeida. Minha mãe combinou previamente com meu pai que eu me chamaria Janaína ou Tatiana, ele bateria o martelo. Enquanto estávamos na maternidade, ele foi a cartório e me registrou como consta acima. Adoro Cláudia, mas detesto Rejane e achei a combinação péssima. Só assino o Lacerda, da minha mãe. Para os que me conheceram até uns 15 anos e para algumas primas do meu marido, sou a Cacau. Para os que me conheceram a partir do segundo grau (putz, reforcei minha idade de novo!) sou a Dinha, diminutivo de Claudinha.

2. Minhas origens: Nasci numa família pobre. Mãe faxineira (diarista), pai cobrador de ônibus. Na minha primeira infância, carne e leite eram luxos no máximo semanais. Passamos muita necessidade por conta do meu pai que era alcólatra, batia muito na minha mãe e gastava todos os seus ganhos com o vício. Aos 5 anos fui adotada por uma família de classe alta, mas sempre mantive o contato com minha mãe e meu único irmão. Meu pai nos abandonou naquela época e eu só voltei a vê-lo 25 anos depois, no enterro do meu mano. Guardo muita mágoa dele por isso.
O sofrimento que tive na infância, conhecer a pobreza e a riqueza, me tornaram uma boa pessoa - acho. Luto para que meus filhos não vivenciem o que eu passei, mas saibam dar o devido valor às coisas. E sei na carne que o importante é o que se é e não o que se tem.

3. Minha formação: Aprendi a ler e escrever sozinha, ainda aos 5 anos, brincando com gibis. Um ano depois, quando entrei na escola, tive minha poesia "Minha professora não tem sucessora" eleita pela Direção para uma homenagem ao Dia do Professor. Ali, decidi o que queria fazer na vida - escrever. Fiz faculdade de Comunicação, da UFRGS, Publicidade e Propaganda. Sou redatora numa agência, mas acho que deveria mesmo é ter feito jornalismo. Fui a primeira pessoa da minha família a ter um diploma universitário e me orgulho disso. Não porque me ache melhor do que alguém, mas porque depois de mim vieram outras e outras Lacerdas - as mulheres de minha família são fantásticas - a se graduarem. Sonho em escrever um livro e já decidi que não deixo esta vida antes de concluir este propósito.

4. Minhas manias: Sou extremamente organizada, crítica e detesto quando as coisas saem diferente do planejado. Não saio de casa sem arrumar a cama e lavar a louça. Adoro comer pipoca. Odeio acordar cedo. Rôo unhas quando fico nervosa. Sou chorona. Adoro seriados de TV, especialmente os policiais. Adoro comprar livros e DVDs e gostaria de ter mais dinheiro pra isso. Gosto de ouvir música, desde que não seja muito alta. Gosto de dançar, embora não saiba. Tenho um pouco de claustrofobia.

5. Meus medos: Tenho medo de morrer e de deixar meus filhos desamparados. Espero que minha trajetória por aqui só termine quando eles forem adultos. Tenho medo da velhice porque não quero que meus sonhos envelheçam. Tenho medo de perder pessoas queridas. A morte do meu irmão foi a maior dor que já passei nesta vida. Tenho medo de pessoas embriagadas, de dirigir e de quase tudo que é tipo de inseto.

6. Minha família: Sempre sonhei em ter minha própria família. Até teve uma época na adolescência que pensei em não casar nem ter filhos, mas irônicamente, fui a primeira entre minhas amigas a fazê-lo. Beijei muito na adolescência, mas namorados "efetivos" tive raros. O Sandro foi um deles e ficou até hoje, 15 anos depois. Amo ele "apesar de" e não "por causa de" e assim acredito que vamos envelhecer juntos. Meus filhos são meu tudo. É por eles que vivo, sonho, trabalho, respiro. Por eles, engulo sapos e viro uma leoa. Se me pedissem para defini-los numa única palavra, não seria amor, mas plenitude. Porque através deles vivo os mais completos e intensos sentimentos e experiências de vida.

7. Minha fé: Já freqüentei igreja luterana, mormón e centro espírita; embora não pratique nenhuma religião específica. Leio a Bíblia. Aprendi nos últimos anos que Deus é meu grande amigo e tenho longas conversas com Ele. Falo Dele o tempo todo. Ouvi dia desses uma entrevista em que diziam "Quem tem Deus no coração, tem religião". Acho que é isto. Todos devemos perceber e saber que é verdadeiro, se não a entidade, o poder transformador que existe dentro de nós, quando amamos e acreditamos.

E agora, para seguir a brincadeira, devo passar o desafio adiante. Acho que todas as minhas amigas já fizeram, mas adoraria saber mais sobre a Grilinha (vocês deveriam conhecer esta mãe e mulher maravilhosa), a Fernanda de POA e quem mais se inspirar.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Filho perfeito

Foi tomada de emoção que assisti à reportagem do Jornal Nacional que noticiava o aniversário de três anos de um menino que nasceu com pouco menos de 10% de sobreviver. Ronaldinho ganhou uma linda festa de aniversário, com decoração, bolo, brinquedos, música. Sua festa aconteceu no hospital. De onde ele nunca saiu.

A equipe médica realmente celebra este menino com deficiências genéticas que comprometem os aparelhos respiratório e digestivo. Foram mais de 30 paradas respiratórias. Ronaldinho contradisse todos os possíveis prognósticos. O que fez a diferença?

“A mãe”, responde a médica chefe da equipe multidisciplinar que acompanha o menino. “Ela nunca desistiu dele e nós resolvemos apostar com ela”.

Vilma, a mãe, fala com emoção, mas serenidade, do filho. “Tive uma fé inteligente”, ela diz. “Nunca deixei de acreditar, mas sabendo de todo o quadro envolvido”. Os médicos se surpreenderam porque nunca haviam visto uma mãe daquelas, que não via nem tratava o filho como doente, por mais que seu quadro fosse gravíssimo. Para ela, ele era o filho perfeito. Porque era amado, podia sentir este amor e era feliz.

Choro. Agradeço à Vilma. Ela conseguiu expressar o que sempre pensei. O que quero dizer quando me nego a rotular meu Caio de deficiente. Ele também é meu filho perfeito. Porque tem amor e alegria. Porque é a vida abençoada que Deus colocou em meus braços. E eu também acreditei, embora não tenha tido a mesma sorte da Vilma de muitos aliados médicos nesta luta. Mas tudo bem, o meu amor de mãe e o amor misericordioso de Deus se mostraram soberanos. O bebê frágil venceu. Hoje, sigo acreditando e já posso dizer que meu guerreiro conta com um pequeno exército, de médicos e amigos que também acreditam. Vamos chegar lá.

Vilma e Ronaldinho, mais de 1100 dias de internação, confirmam que estou certa. O pequeno Ronaldo muito em breve vai realizar o que era considerado impossível. Vai para casa, viver junto aos pais e aos demais irmãos. Vai ter uma vida perfeita. Exatamente como ele, filho perfeito da corajosa Vilma. Exatamente como meu sorridente filho.